1° capítulo

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Park Jisung


  Dezesseis anos, com uma ficha criminal, um pai filho da puta, uma mãe morta, envolvido com amizades erradas e roubando para sobreviver. Um adolescente fodido é a melhor forma de me definir agora, o pior é que eu não consigo me lembrar de uma época da minha vida que tenha sido melhor do que isso.

   Não tenho muitas lembranças da minha mãe, apesar de eu ter total consciência que ela não era um exemplo a se seguir, pelo que sei ela era uma prostituta e depois de ter seu primeiro filho - vulgo eu - ela entrou em depressão e começou a se drogar. O motivo da morte? Uma overdose, é claro. É típico de pessoas que escolhem ter uma vida como a dela, essas pessoas sempre morrem de uma forma ruim.

   Mas eu não escolhi viver assim, escolhi?  Eu já nasci na família errada, cresci sem uma mãe, e meu pai... bem, ele finge que eu não existo na maior parte do tempo. Meu pai tem um bom emprego, um bom salário e é um cara respeitado. Ele estava frustrado com o casamento, então decidiu contratar uma puta qualquer, esta que engravidou. É claro que um exame de DNA teve que ser feito para confirmar.

   O Sr. Park ficou desesperado, obviamente não assumiu o filho, não queria manchar seu nome. Depois da morte da minha mãe - aos meus sete anos - ele me mandou para um abrigo que com dezesseis anos as crianças devem arrumar outro local para viverem.

   Então depois de completar meus dezesseis ele me deu um apartamento minúsculo em um bairro afastado do centro da cidade, este que dizem ter um alto nível de criminalidade, mas não é totalmente verdade. O bairro tem alguns pontos de vendas de drogas, e alguns pontos de prostituição também, mas tirando isso e algumas brigas que costumam sair pelos mais variados motivos, até que é tranquilo viver aqui.

   Ele também me manda uma mesada que quase não é suficiente para manter as contas do apartamento e comprar comida. Foi por isso que comecei com os assaltos, no começo roubava apenas alguns alimentos e dinheiro, até ficar sem roupas que me servissem. Então, agora, depois de um pouco de prática e ser pego algumas vezes, eu peguei o jeito de roubar, minha consciência não pesa mais, e eu até mesmo vendo alguns objetos roubados. É um jeito fácil de ganhar dinheiro.

   Sei que é errado, e que mesmo que eu não tenha tido um bom exemplo pra seguir, eu poderia ser uma boa pessoa, estudar e trabalhar meio período. Mas, acontece que é bem mais fácil por a culpa no estilo de vida que tive até agora e fazer coisas erradas. 

   Eu estou no segundo ano do ensino médio, é março, as aulas já começaram, mas eu ainda não fui nenhum dia. E não pretendia aparecer na escola se não fosse por uma ligação do meu pai. Ele me ameaçou, porque como sou menor de idade se eu não frequentar a escola, os funcionários da mesma são obrigados a entrar em contato com o Conselho tutelar.

   Por ligação, ele me disse que eu devo estar presente em, pelo menos, três aulas por semana e que ficaria de olho em mim pra eu não pisar na bola e correr o risco de descobrirem que o gerente de uma importante empresa nacional tem um filho fora do casamento perfeito.

   Claro que eu pedi dinheiro para comprar os materiais, apesar de não estar nem um pouco preocupado com isso. Eu só gosto de tirar dinheiro dele sempre que possível. A ligação terminou depois de fazer ele dar certeza de que iria depositar um dinheiro a mais na mesma conta que ele deposita a mesada.

   Joguei o celular - que foi roubado por mim a pouco tempo - na mesa de centro da sala e deitei no sofá, olhando pro teto e lamentando ter que começar a ir para uma escola onde só tem adolescentes com vidas boas que se acham no direito de julgar qualquer um que seja diferente.

                                °×°    

   Acordei algumas horas depois, meio perdido por ter dormido sem perceber. Olhei no celular que marcava pouco mais de cinco da manhã. Me levantei com dores no corpo por ter passado a noite de qualquer jeito no sofá. Caminhei lentamente até o banheiro para tomar um banho. Depois de vestir uma roupa quente, por causa do frio que sempre faz pela manhã, eu peguei minha carteira que continha algumas notas e meu celular, coloquei tudo no bolso da blusa de moletom que usava e saí.

   O sol estava começando a aparecer, por ser muito cedo ainda não tinha ninguém andando pelas ruas. Andei quatro quarteirões até uma praça mal cuidada do bairro, me sentei em um banco mais afastado possível, fiquei lá de olhos fechados, sentindo o sol da manhã em meu rosto até começar a ouvir as pessoas começando as suas rotinas.

   Ainda sem abrir os olhos, pude ouvir crianças e adolescentes andando para o ponto de ônibus que ficava do outro lado da praça, provavelmente todos à caminho da escola. Ouvi vozes de homens adultos reclamando de estarem casados mas mesmo assim terem que ir trabalhar, também pude ouvir vozes femininas, não podendo identificar o que falavam. Continuei de olhos fechados ouvindo as pessoas e pássaros, até sentir a presença de alguém se aproximando.

    -Você é mesmo um desocupado. - abri os olhos lentamente para me acostumar com a claridade do sol, vi o garoto de cabelos bagunçados pretos se  aproximar e sentar ao meu lado.

   -Olha quem fala, você não tem que ir pra escola?  - pergunto olhando para ele e depois apontando com o queixo para a mochila em suas costas. 

  - Eu vou, ao contrário de você, eu quero ter um futuro. - Mark disse com um sorriso de lado.

  Nos tornamos amigos depois de eu me mudar para o prédio que fica meu apartamento. Ele mora no mesmo prédio com a mãe, que está doente e não tem condições para trabalhar. Então nossa amizade se formou por nossas condições financeiras ruins, Mark também está envolvido em roubos, nós as vezes roubamos juntos, entregamos os objetos roubados para Jeno, outro garoto do bairro, este que tem um sistema de vendas junto com o primo, Taeyong, eu não sei muitas coisas sobre eles, apenas pego o dinheiro pelos objetos com Jeno e divido com Mark.

   Diferente de mim, Mark tem esperanças em dar a volta por cima e ter uma vida melhor, ele estuda porque tem o sonho de ganhar uma bolsa em uma faculdade boa. Quer ser o orgulho de sua mãe, e futuramente ter condições para sustentar ela e à si mesmo.

   -Então deveria ir logo, eu também vou começar a ir, por causa do meu pai. - eu disse me levantando do banco - Vamos pegar o ônibus juntos.

  -Você vai pra escola assim? Sem levar nada? - ele me olhava segurando o riso. - Você não tem noção nenhuma mesmo né.

  -E daí? Não é como se eu fosse realmente estudar. - dito isso nós começamos a andar em silêncio até o ponto de ônibus.








Entao pra quem for ler isso aq... eh a primeira fic q eu escrevo, postando por livre e espontânea pressão

Tô com medinho

Eh isto

Nha

 

Garoto Problema - ChensungOnde histórias criam vida. Descubra agora