A população de Polo Norte entra em desespero quando estrelas do natal são roubadas na calada da noite, no que dois elfos azarados se vêem numa inquietante investigação pela misteriosa Floresta Áurea. Afinal, haverá uma conspiração enganando a todos...
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O chalé onde morava Rômulo Remi cheirava a biscoitos e manteiga. Sebastiana achava um pouco curioso aquilo, mas sequer questionava; via o lugar quase como um refúgio, na verdade. Era um dos poucos locais em Polo Norte onde a moçoila sentia que realmente estava em casa, consideradas todas as vezes que Noelo visitara o casebre quando ainda era criança. Fazia algum tempo, é claro, mas as memórias eram vívidas: o sofá cor de musgo ainda fazia o mesmo chiado asmático quando a duende se sentava nele, por exemplo, assim como a rena da família, Asno, continuava apresentando os sintomas do mesmo contínuo e ininterrupto resfriado.
― Eu acho que ele não gosta muito de frio ― comentou a moçoila, acariciando os pelos do animal, no que Asno botou pra fora outro espirro encatarrado.
― ATCHIM!
― Saúde, bonitão! ― Rômulo exclamou, usando um pano velho para limpar o catarro do bicho, que olhava o dono com entusiasmo.
― Ai, vocês são tão fofos... ― disse Noelo, juntando as duas mãos à bochecha, como que se preparasse para dormir, vendo o amigo revirar os olhos no lugar. ― Eu sempre quis ter uma rena. Deve ser tão legal sair voando por aí...
Fazendo carinho no bicho, Rômulo olhou para a amiga de soslaio, como que a medisse com os olhos.
― Você sabe que o Asno não voa, certo? ― sussurrou. ― Ele não gosta de ouvir os duendes falando sobre voar quando ele está perto... Não, Asno, a gente não tá falando sobre voar, amigo. Você ouviu errado.
De súbito achando o chão deveras interessante, Sebastiana desviou os olhos do amigo.
― Ah, é... Me desculpa a indelicadeza. Foi sem querer, Asno. É que eu estou com um monte de pressão nas costas por causa do emprego novo, sabem? Eu estou com medo de me demitirem...
Deixando Asno de lado, Rômulo se aproximou de Noelo, erguendo uma sobrancelha desentendida para a amiga, como que a indagando sobre o que acontecera.
― Ah, são essas crianças... ― respondeu a moçoila, soltando um suspiro impaciente. ― Crianças pessoas, ainda por cima. Era para eu tê-las levado de volta à sua dimensão correta ontem, mas elas simplesmente fugiram! Felizmente eu consegui enrolar os duendes da Intrépida Guarda, dizendo que a cidade estava muito movimentada por causa do que aconteceu na Floresta Áurea, daí as crianças terem sumido. Mas eu só consegui essa peripécia porque a maldita madame Saturnália não estava lá na hora. Se ela estivesse, tenho certeza que eu já não teria nem emprego, nem cabeça a esse ponto.
Engolindo em seco, Remi passou os dedos pelos cabelos esbranquiçados, coçando-os como se desdenhasse alguma coisa na cabeça.
― Falando nisso, aproveitando que, olha que legal, você está aqui... Eu meio que queria falar uma coisa importante com você.
Surpreendendo-se, Sebastiana ergueu o olhar na direção do outro, avaliando-o mais de perto, meio pensativa.
― Ah, é? Que engraçado... Eu também queria falar uma coisa importante...
Ele riu.
― Que coincidência! Hehe. Aposto que temos coisas muito importantes mesmo para falar um com o outro... Bom que você veio até aqui hoje.
Concordando, Noelo fez que sim, sem graça, porém achando graça, as orelhas pontudas formigando como se um bichinho andasse por cima delas.
― Bem... Então, fala você o que você quer falar... Eu falo o que eu quero depois.
Rômulo discordou.
― Não, não. Você é a visita e visitas têm prioridades nas coisas! Fala o que você tem a falar primeiro, que eu falo logo em seguida. Confia em mim, vai dar certo.
Ela não confiava.
― Eu ainda preferia que você fizesse primeiro.
― Pois eu digo o mesmo!
Foi quando Sebastiana teve uma ideia.
― Mas você não disse que a prioridade era minha?
E ele mordeu a isca.
― Eu lembro de ter dito isso sim.
― Então. Eu escolho quem fala primeiro. Quem fala é você.
Revirando os olhos e bufando com o nariz, Rômulo finalmente fez que sim.
― É que... Bem, como você disse, as coisas têm ficado um tanto alvoroçadas desde o que houve na Floresta Áurea. E, como eu trabalho no parque florestal, tenho acompanhado de perto a investigação da Intrépida Guarda... O suficiente pra perceber que o trabalho deles muito provavelmente não vá chegar a lugar algum.
Cruzando os braços, Sebastiana franziu as sobrancelhas.
― O que você quer dizer? ― indagou.
― Quero dizer que a Floresta Áurea precisa da ajuda de alguém disposto a investigar de verdade o que está acontecendo. Duas noites atrás, houve um roubo na floresta, Sebastiana. E o que o ladrão levou... é insubstituível. Tenho motivos para crer que o oficial que a Intrépida Guarda mandou não tem interesse em ir a fundo para resolver esse caso. Precisamos de ajuda, de alguém que tem experiência e que estudou Resoluções de Crimes Misteriosos. Precisamos de alguém que investigue as coisas de verdade. Precisamos de você.
Achando a proposta deveras interessante, Noelo não pôde conter um sorriso pretensioso na cara.
O que a moçoila ouvia era música, uma orquestra magistral encantando seus ouvidos, finalmente. Era por aquilo que ela estivera esperando.
―Que coincidência ― falou, entusiasmando-se. ― A coisa que eu queria falar comvocê era bem parecida com isso que você falou.
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