A população de Polo Norte entra em desespero quando estrelas do natal são roubadas na calada da noite, no que dois elfos azarados se vêem numa inquietante investigação pela misteriosa Floresta Áurea. Afinal, haverá uma conspiração enganando a todos...
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A Floresta Áurea era um colossal terreno que envolvia a cidade de Polo Norte como uma mãe abraçando o filho: para onde quer que alguém olhasse, fileiras infinitas de árvores iluminadas seguiam uma a outra em meio à brancura da neve. Era uma visão encantadora, aquela, notava Sebastiana.
Colocando as botas quentinhas contra a neve gelada do chão, a duende tinha a cabeça virada para o céu, admirando o cintilar atmosférico que as árvores de natal da floresta possuíam. Repletos de frutos coloridos e cromados, os pinheiros se erguiam até três ou quatro metros de altura, às vezes cinco ou sete, sempre encimados por uma única e luminosa estrela dourada. O aroma do lugar, é claro, cheirava a natal, como se todo o natal que existisse nos universos dali viesse.
― O duende que invadiu a floresta roubou quatro estrelas do natal, Sebastiana ― contava Rômulo, indignado, no que a moçoila só fazia que sim conforme os dois caminhavam mata adentro. ― Ele ou ela arrancou as estrelas do topo das árvores, tomando delas parte de sua magia. A Floresta está infeliz com tudo isso... Ela está irritada, impaciente. Temendo que algo horrível esteja para acontecer.
Seguindo o amigo por um caminho de pedras que iam se desprendendo da neve, Sebastiana olhou-o com curiosidade, algumas dúvidas pintando em sua mente uma imagem curiosa.
― Perdão por perguntar, mas qual o real valor dessas tais estrelas do natal? Quero dizer, o que levaria alguém a querer roubá-las?
Rômulo pareceu achar graça da pergunta, como se a resposta fosse tão evidente a ponto de nem haver razão para haver pergunta alguma. Só que aí Noelo respondeu a expressão dele com uma cara feia, no que ele pigarreou, desviando os olhos para as árvores e tentando disfarçar o rubor de suas bochechas.
― Bem... Elas são estrelas mágicas ― disse ele, enfim. ― São capazes de realizar um desejo de quem as detém, mas isso só ocorre em ocasiões estritamente especiais e calculadas. Arrancar a estrela de uma árvore de natal é um crime tão hediondo quanto... sei lá, quanto dizer que Papai Noel não existe.
Sebastiana sufocou uma exclamação colocando a mão contra a boca.
― Meu Nicolau! Eu não imaginava...
― Pois é. No sul os duendes não têm uma cultura tão bem demarcada a respeito da proteção às árvores de natal. Eu esqueço disso, às vezes. Moro aqui faz tanto tempo que já me acostumei.
A moçoila sorriu, empurrando o repentino desconforto que pairava na conversa para lá.
― Não tem problema. Eu ainda estou me acostumando ao jeitinho de Polo Norte. Os duendes daqui conseguem ser bem rudes quando querem, mas a cidade em si é um lugar formidável. Eu não acreditei quando eu vi o tamanho das fábricas de brinquedo!
Rômulo sorriu.
― É legal, não é? Espere só até chegar o dia das entregas. A cidade fica bastante movimentada, mas é bem divertido. Há um festival, bandas musicais e muita alegria natalina. E a cerimônia de partida do trenó é a cereja do bolo! Vale a pena pagar caro por ingressos de pista, de onde dá pra ver tudo bem de pertinho. O Asno não gosta muito, por outro lado... Ele sempre fica triste quando vê as outras renas voando. Mas ele tem seus próprios atributos, também: Asno consegue engolir qualquer coisa sem digeri-la ou mastigá-la. É um verdadeiro dom, na verdade. Eu já entrei no estômago dele, pra você ter noção. Foi uma situação meio melequenta, mas até foi divertido. Só que eu sei que ele trocaria isso para poder voar. Ser como as outras renas é tudo o que o Asno mais quer...
Compadecendo-se pela dor da rena alheia, Sebastiana acariciou com os dedos o ombro de Rômulo, movida pela certeza de que, de fato, nem tudo em Polo Norte era feliz natal. Ao toque da moçoila, contudo, mais as bochechas e orelhas do duende ruborizaram, no que Noelo sentiu o próprio rosto esquentar de súbito. Recolheu a mão imediatamente, portanto, bem sem graça. E então eles se entreolharam por um segundo, parando no meio do caminho, deixando o silêncio falar mais alto.
E aí desistiram.
E foram embora andando.
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