Absorver

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Pisquei com a claridade inesperada que se instalou no ambiente. Assim que meus olhos se acostumaram com a luz, me dei conta de que não estava em meu quarto, mas sim no de Will.

Como se fosse uma deixa, a porta se abriu revelando um William segurando uma bandeja de modo atrapalhado.

— Ah, você acordou — algo brilhou em seus olhos. — Estou impressionado, nunca tinha visto alguém dormir por dezoito horas seguidas.

Sentei-me rapidamente na cama.

— Que horas são, exatamente? — procurei um relógio pelo quarto, na esperança de que ele estivesse brincando comigo. — Não é possível alguém dormir tanto assim!

William riu e colocou a bandeja com  uma xícara de café e dois pães ao meu lado.

— São cinco da manhã, Amber — ele passou os dedos no cabelo, deixando-o um pouco bagunçado. — E não é impossível com a ajuda de um William.

O encarei com os olhos semi-cerrados tentando entender o que ele estava dizendo.

— Você estava muito cansada, não só fisicamente — falou se sentando ao meu lado e acariciando meu pulso, me surpreendi com seu gesto. — Então lhe ajudei a descansar, mas não era pra você ter dormido tanto assim.

Will levou minha mão até sua boca e depositou um leve beijo em minha palma, o gesto me causou cócegas. Senti meu rosto esquentar e desviei o olhar para a xícara de café.

— Pedi para Ana preparar esse café rápido para você, temos coisas para fazer — Will se levantou e caminhou até seu armário. — Temos que sair em trinta minutos. Tomei a liberdade de pegar algumas peças de roupa para você, elas estão no meu banheiro.

— E por que temos que sair em trinta minutos? — analisei meus pães, não seriam suficientes para cessar a enorme fome que eu estava sentindo, mordisquei a bochecha.

— Não se preocupe, tem mais no carro — William declarou segundos antes de tirar a camisa azul.

Desviei rapidamente o olhar e mordi um dos pães. — Eu vou te levar para um lugar e tenho certeza de que você vai gostar.

Só então me permiti observá-lo, ele estava de costas e escolhia que camiseta vestir. Músculos muito bem definidos percorriam toda a extensão de suas costas nuas, seus braços eram igualmente bem definidos, mas Will não era só músculos, ele tinha bem menos massa muscular do que aqueles garotos de filmes clichês que tanto amo.

Mesmo assim, era o suficiente para me arrancar suspiros. Voltei minha atenção para o pão, em alguns longos segundos já havia comido metade dele.

— E meu pai sabe que vamos sair? — indaguei curiosa, nunca havia me passado pela cabeça a ideia de sair dessa casa. Não agora, pelo menos.

William optou por uma camiseta branca que o deixava ainda mais atraente, fechando as portas de seu armário com delicadeza, ele prosseguiu.

— Ninguém sabe — caminhou até mim. — Ninguém sabe do seu paradeiro desde ontem, Amber.

Quase engasguei com o gole de café.

— Como assim, William? — busquei algo em seus olhos, encontrei um vago brilho de diversão.

— Pensei que seria divertido — declarou furtando a metade do último pão e colocando tudo na boca, esperei pacientemente ele terminar de mastigar. — Depois de tudo que eles fizeram com você, foi justo. Agora eles estão, no mínimo, preocupados com você.

Não é como seu eu não fosse fazer algo parecido se estivesse chateada. Engoli rapidamente o resto do pão e do café e me dirigi para seu banheiro.

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