Begin -- jjk+kth

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Taehyung estava mexendo em círculos suaves a sopa/papa de mandioquinha, cenoura, batata e abobrinha com um sorrisinho orgulhoso no rosto. Ele estava vivendo um sonho, um momento em que se dedicava cem por cento e dava tudo de si àquilo. Depois de tanto tentar engravidar, ainda que não fosse o momento perfeito, finalmente foi possível ter o seu bebê. O pequeno Sori tinha quase cinco meses e estava forte como um leão. As sopinhas eram feitas todos os dias com pequenas variações de ingredientes, e Taehyung estava integralmente cuidando do filho e do apartamento recém comprado por ele mesmo.

Jackson estava fazendo tudo aquilo que podia. Jackson era seu marido. Ele trabalhava das dez da noite às sete da manhã, e segundo as histórias que contava, aquele período sacrificante logo ia acabar e ele ia se tornar enfermeiro chefe. Assim, ele teria tempo para o seu bebê e para Taehyung, e aí eles dividiriam as obrigações da maneira correta, como um casal normal faria.

Tae não se importava de ter tudo nas costas. Ele fazia tudo pelo seu filho e só ficava triste por não ter o marido do seu lado boa parte do tempo - afinal, de dia Jackson precisava dormir, de tarde buscar Pietro na escolinha e de noite trabalhar.

Jackson teve um filho de outro "relacionamento" enquanto ele e o Wang estavam separados. O pequeno Pietro tinha mãe americana, e a mulher se mudou para Seul por alguma razão que não chegou aos ouvidos do Kim - mas era médica na mesma instituição que Jack. Ele também não se metia em nada que tivesse relação com ela, Jackson era seu marido e a vida dos dois é que era do seu interesse.

A vontade de ter um bebê era enorme, mas ele queria primeiro ter um homem ao seu lado. Taehyung perdeu a mãe para um câncer agressivo e lento, e o pai sempre foi alcoólatra. Era um homem de posses, sempre dando do bom e do melhor para o filho, mas não sabia nem quando Taehyung fazia aniversário. Ele parecia estar sempre bêbado. Não havia relação entre eles hoje, eles quase não se viam e não conversavam. Na época que morava com os pais, Tae fazia o jantar e seu pai aparecia para comer, depois ia dormir. Tae ia estudar e deixava comida pronta, e muitas vezes seu pai nem aparecia para comer. Tae acordava cedo para trabalhar e seu pai estava tomando cerveja e comendo pão velho, às vezes com manteiga, torrando todo o dinheiro com coisas supérfluas, sem poder tomar um café da manhã digno.

Ele não se importava com porra nenhuma. Nem com o filho. Quando Tae apanhava porque vestia rosa, usava brinco e pulseirinhas ou alisava o cabelo, não tinha ninguém para confortá-lo. Seu pai era machista - mas não homofóbico, por alguma razão, e nem para a sua sexualidade ele ligava. Ele nunca desdenhou de Tae por ser gay, mas também nunca disse que apoiava. Era indiferente.

Uma vez, Taehyung passou mal e não conseguia achar o pai, porque ele estava dormindo no bar do amigo, em outra cidade. Em outra ele se formou em pedagogia, mas o pai estava bêbado e dormiu no carro enquanto esperava Tae terminava de secar os cabelos para sair. No fim, o Kim preferiu ir de ônibus para a colação.

A carência era tão grande que Tae nunca estava sozinho, sempre namorando e querendo casar. E então ele encontrou Jackson, o homem que estudou no ensino médio, casou em Dezembro, engravidou em Abril (depois de muito tentar), e teve o pequeno Sori. 

Eles estavam começando a ser felizes. Ele estava.

Com a notícia de que Pietro ficaria todas as noites, porém, a vida de Taehyung se transformou em dores de cabeça longas, exaustão e fome. Ou a falta dela.

Pietro fazia de tudo para chamar a atenção do pai. Um simples ato de Jackson, como pegar Sori no colo e mimá-lo, causava uma agitação em Pietro de puro ciúme e inveja. E Tae tentava entender. Era só um garotinho de oito anos precisando do pai.

"Papai, deixa eu segurar o Sori?"

Jackson negava. Voz alta, no limite. Os horários o deixavam irritadiço e ele era um pouco rígido com o menino mais velho. Pietro nem entendia porque seu pai estava irritado com ele, mas de novo, não havia uma boa razão.