▸ Capítulo 14 - parte II

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Miguel foi recebido por eles com palmas e entusiasmo, e desde que Tae conheceu a criança, era a primeira vez que o via tão feliz - não que ele achasse Miguel triste, mas a primeira impressão não era boa. Mesmo com todos os indícios de que Jungkook o tratava com carinho - ou pelo menos assim parecia, não era sempre que o menino o chamava de pai, e seu desconforto era perceptível quando ele se forçava a dizer.

Taehyung achava que não era por vergonha, ou receio, ou qualquer sentimento que desmerecesse o Jeon, mas sim porque o menino devia entrar num estado de consciência em que se impedia de dizer.

O mesmo acontecia com Seo Joon. As duas crianças sabiam que Jungkook não era seu pai biológico, estava claro, e às vezes travavam. Em outras, era automático.

Quando o menino abraçou Jungkook, ele disse "Obrigado, pai".

~

Jimin estava um pouco calado. Ele havia dito mais cedo, durante a viagem de carro para o restaurante, que sua mãe mandou uma mensagem falando sobre o Soo, o bebê; falando que ele estava inquieto e que já fazia algum tempo. 

Yoongi cogitou ir para casa da sogra na mesma hora, mas Jimin assegurou que Sô estava bem, que sua mãe mandou alguns vídeos e que o comportamento dele estava bem parecido com o de sempre. Acabou que nenhum dos dois aproveitou a noite realmente. Vira e mexe Tae via Jimin pendurado no telefone, ou o segurando enquanto jantava. As pernas impacientes de Yoon subiam e desciam debaixo da mesa, e Tae suspirou audivelmente.

Isso o lembrava do tempo em que ele tinha Sori e que se preocupava tanto, mas tanto (com coisas que sequer estavam acontecendo), que sua noite terminava em dolorosas crises de gastrite. Quando Jackson estava no hospital, trabalhando de madrugada, e o Kim estava em casa sem dormir, sozinho com o bebê passando mal, ou quando Jackson ficava a noite toda mandando mensagens, preocupado que o bebê não estivesse bem, Taehyung morria de medo de algo acontecer com o seu bebê tão querido e amado, e morria de medo mais ainda de isso acontecer enquanto ele estivesse sozinho.

Por mais que ele tivesse os instintos de mãe e amasse ser uma, o pavor de perder o filho era muito grande.

Ele nunca teria como imaginar que justamente isso ia acontecer. Ele daria a alma para o diabo, só para voltar naquele dia e fazer tudo diferente.

Taehyung jamais podia dizer que Jackson não foi um bom pai para Sori. O Wang não tinha o melhor humor do mundo - porque dormia em horários sem pé e nem cabeça, e também era um pouco controlador sobre como Sori ia parecer na frente dos outros (as roupinhas, a chupeta, o choro...), mas ele dava muito duro pela casa, pelo bem estar da família, e isso era bom. Era ótimo. Ele era um homem muito trabalhador.

Mas eles não eram mais um casal direito. O controle de Jackson acabava se estendendo a tudo. Tudo precisava do aval dele. Se ele não aceitasse, eles combinavam de conversar de novo no futuro, mas o futuro nunca chegava e Tae acabava com o assunto enterrado. Muitas das vezes eram coisas que ele queria muito, e deixava debaixo do tapete por tempo indeterminado.



Quando chegaram no restaurante e foram redirecionados para o ambiente mais isolado, se aconchegaram na mesa longa para dez convidados. A mãe de Seo Joon estava presente desta vez, sentada do ladinho de Jungkook. Havia algo sobre o comportamento dela que dava a entender coisas. Ela parecia querer que os outros entendessem que ele era dela, mesmo que Jungkook sequer olhasse em sua direção. Quer dizer...

Ela sempre estava do lado dele, parecendo uma esposa comportada e mãe de família.

O cardápio no tablet estava todo personalizado. Começava com "Mesa reservada para Miguel" e terminava com os dados do restaurante e uma pequena propaganda. Tae imaginava que o cardápio também tinha sido reduzido, porque o restaurante parecia caro.

Begin -- jjk+kthOnde histórias criam vida. Descubra agora