O amarronzado da porta de madeira era encarado por um par de olhos negros e preocupados.
Enquanto tudo parecia amenizar quando este mesmo par de olhos, cruzava-se com o alheio, que o transmitia calma, já imaginando o que se passava na cabeça do outro.
- Desculpa ter te chamado assim, do nada. Minha mãe me fala muito de você, por favor não pense que eu sou um estranho.
- Minha mãe me fala muito sobre a sua mãe. - riu - Fique tranquilo, você não parece estranho pra mim, eu me sinto confortável, apenas... Nervoso.
- Minha presença faz seu coração acelerar? - brincou.
Sim.
Acabou de acontecer novamente. - Pensou.- Não.
- Eu tava brincando, relaxa, Mark.
- Eu sei. - sorriu minimamente, mesmo que fosse forçado.
- O que você quer fazer? - as pernas finas do mais novo o guiaram até um novo cômodo, até então, desconhecido por Mark, que apenas o seguia atento.
Observou Donghyuck retirar a sua jaqueta e despejar esta sobre o balcão da cozinha.
- Não faço a menor ideia, o que você costuma fazer?
- Não me leve a mal, mas eu não faço nada. Minhas férias são um verdadeiro poço de tédio.
- Entendo, as minhas são iguais, ou você acha que eu aceitaria sair com a amiga da minha mãe simplesmente por querer?
- Não ofenda minha mãe, ela é uma pessoa muito engraçada, tá ok?
- Sim, desculpe. - sorriu, mordendo o lábio inferior.
Sim, Mark gostaria de provocar o outro garoto.
Sempre soube sobre sua sexualidade, isso não era algo novo para si e de certa forma, pegou costume.Mas Donghyuck nem ao menos imaginou que aquele gesto poderia ser um tipo de provocação por partes daqueles delicados lábios.
O coreano, diferente de Mark, gostava apenas de garotas, e estava certo disso.- Vem, vamos para o meu quarto. - como resposta, obteve apenas um murmúrio baixinho.
O moreno estava surpreso, de todas as imagens que sua cabeça fantasiou sobre aquele quarto, aquela sem dúvidas não havia passado por sua cabeça.
Era tão simples!As paredes ressaltavam um tom claro de azul, junto de um papel de parede com nuvenzinhas delicadas, mais parecendo um quarto para um recém nascido.
Apenas se destacava ali o pôster do Michael Jackson colado sobre aquele céu em forma de muro, e o quadro com fotos de momentos da vida de Donghyuck.Observou atenciosamente os passos alheios, parando somente ao se jogar no grande puff que havia ali - que mais parecia ser um travesseiro gigante - e voltar a encará-lo.
- Pode sentar aqui também, tem espaço pra dois.
Quem antes era encarado com um olhar tranquilo, porém escuro, agora caminhava em direção a ele, por fim, sentando-se ao lado de seu dono.
- O que você gosta de fazer? - perguntou ao ruivo, como uma alternativa em busca de um assunto.
- Nada específico, mas eu sempre gostei de tudo que envolvesse música. Gosto de cantar, tocar instrumentos, compor músicas, essas coisas... E você, garoto?
- Ah, eu sempre gostei de assistir filmes. Não sei se isso é algo muito interessante de se fazer. - deu de ombros.
- Você pratica algum esporte? Você tem um belo corpo, presumo que pratique. - corou pelo comentário, mesmo que não houvesse maldade ou segundas intenções ali.
- Pratico.
O Lee mais novo apenas concordou com a cabeça, levantando-se do grande puff para pegar o pendrive que havia sobre sua escrivaninha, voltando a se sentar com o novo colega.
- Tome, vou te dar pra você ouvir e me dizer o que achou depois, certo?
- O que é isso? - pegou o pequeno objeto em suas mãos, analisando.
- Um pendrive.
- Sim, eu sei. - riu - Digo, o que tem nele?
- Descubra. - piscou para o mais velho, provocando uma risada mínima.
Faziam poucas horas que se conheciam, mas Mark poderia dizer que já entendeu que tipo de pessoa era Donghyuck.
Passaram o resto da noite conversando sobre as coisas mais aleatórias e divergentes possíveis.
A mãe de Mark levou a amiga de volta para a própria casa, aproveitando e buscando seu filho.- Tchau, Mark. Você é muito divertido. - Donghyuck sorriu docemente.
- Tchau, Hyuck. - retribuiu o sorriso e caminhou até o carro de sua mãe.
Já em sua casa, Mark decidiu que seria melhor tomar um banho para poder relaxar em sua cama devidamente.
De alguma forma, a imagem de Donghyuck não saía de sua cabeça, e ele sabia o porquê, mas não queria admitir.
Desde que aprendera as primeiras palavras de sua vida, o Lee insistia em afirmar que amor a primeira vista era algo impossível.
Não que aquilo tivesse acontecido consigo, foi algo sorrateiramente diferente, como uma paixão a primeira vista.Balançou a cabeça, tentando mandar todos aqueles pensamentos ingênuos ralo a baixo.
Não demorou o tanto que precisava para poder ter uma noite tranquila, então tomado pela insônia, decidiu que iria descobrir o que havia naquele pendrive.
Ligou seu computador e inseriu o pequeno dispositivo neste.Sorriu, ao descobrir o que era. Sorriu, ao ouvir a voz do pequeno ecoando por seus fones de ouvido.
E novamente, manifestou sua felicidade, expondo seus dentes em um largo sorriso.
Sabia que se enganou ao imaginar que aquela seria uma noite conturbada.A voz de Donghyuck em alguma música pop qualquer, estava ali, para acalmá-lo quando fosse preciso.
E ele, estava ali para desfrutar de cada verso e cada segundo daquela magnífica sonoridade.Após desligar o aparelho, deitou-se em sua cama, ainda sorrindo. Fechou seus olhos e ainda com aquela voz repercutindo em sua mente, dormiu tranquilamente pela primeira vez na semana.
VOCÊ ESTÁ LENDO
my singer → markhyuck
Romanceonde mark era fã apaixonado de bruno mars e ouviu haechan cantar uma de suas músicas.