Capitulo XXII

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*CAPÍTULO SEM REVISÃO*

Hitoshi point of view

Vamos brincar de Hyaku Monogatari, vai ser divertido, eles disseram. Não podia dizer que não estava me divertindo, era engraçado mesmo ver os outros se assustarem com bobagens, mas eu já estava ficando com dó do loiro ao meu lado. Ele pulava a cada nova história e já estava tremendo de tão assustado.

Não tinha tanta gente na sala reservada para os contos de terror, alguns alunos estavam cansados de mais do dia puxado para participar. As luzes estavam todas apagadas e a única iluminação provinha da vela que Jirou segurava em frente ao próprio rosto enquanto se empenhava em contar a história mais aterrorizante da noite. Denki soltou mais um gemidinho amedrontado com lágrimas se acumulando no canto de seus olhos.

Suspirei pesado e peguei-o pelo braço.

—Vem, vamos sair daqui. – Ele me encarou surpreso, mas me seguiu para fora. Continuei guiando-o até chegarmos à varanda.

—P-por que saiu da brincadeira?

—Já estava ficando chato lá. – Inventei, não precisava fazê-lo se sentir pior. Sentei-me na espreguiçadeira olhando outra vez para aquele céu estrelado. – Queria que você visse isso.

—Uau! O céu daqui é incrível! – Seus olhos brilharam, pontilhados pelas estrelas refletidas. Ele se sentou na cadeira do meu lado e ficamos algum tempo apenas observando o alto, até que resolvi encará-lo. Ele pareceu perceber meu olhar sob si, abaixando suas íris douradas, que se encontraram com as minhas índigo.

—Denki... você gosta de mim, não é?

—Mas é claro-

—Não assim, como amigo. Gostar de verdade. – Assisti-o corar intensamente e seu olhar se desviar, como se quisesse fugir, torcendo os próprios dedos e mexendo a perna, em claro sinal de ansiedade. Ele então suspirou pesado e voltou a me encarar.

—Sim, eu gosto de você. Satisfeito agora? – Ele cruzou os braços, irritado, mas o vermelho não abandonou seu rosto. – Não quis dizer nada pra não estragar a nossa amizade, mas parece que estava bem óbvio né? Não sei esconder muito bem as coisas. – Coçou a nuca, chateado. Não pude deixar de esboçar um sorriso enquanto ele tagarelava sem parar. – Se você quiser que eu me afaste, tudo bem, mas eu queria mesmo que pudéssemos continuar sendo amigos, sabe?

—Só amigos?

—Quê?

—Você é mesmo muito lerdo, seu cabeça de ameba. – Toquei suas mãos, meu olhar o mais sério possível. – Você não quer namorar comigo?

—Para de fazer piada, Hitoshi! – Puxou os dedos de volta, indignado e levantou-se.

—Não estou. Eu gosto de você, Denki, é sério. – Comecei, me levantando também. Queria que ele olhasse nos meus olhos e visse que eu estava falando a verdade. E ele pareceu em choque quando sua ficha caiu.

—S-sério?! Eu pensei que você fosse hetero! – O loiro riu, seu rosto ganhando um tom rosado novamente. – Fiquei com medo de que sentisse nojo, que quisesse que eu me afastasse se soubesse! E no fim você é gay também! – Seus olhos brilhavam e sua risada gostosa me fez derreter um pouquinho por dentro.

—Eu nunca teria nojo ou me afastaria de você, mesmo se eu não fosse gay. Mas e então, vai aceitar meu pedido ou não? Quer namorar comigo?

—Tão do nada assim? Você nem sabe se eu beijo bem! – Ele riu outra vez com o olhar afiado em minha direção, toda a timidez anterior indo embora.

—Podemos resolver esse problema agora mesmo. – Puxei-o para perto, sem esperar por uma resposta, colando nossos corpos. Eu não pude deixar de apreciar como nos encaixávamos perfeitamente, apesar da diferença de altura. Seus orbes dourados me encaravam cheios de expectativa, os lábios úmidos e levemente entreabertos, quase em um convite...

Não consegui resistir por nem meio segundo, deixando que meu corpo reagisse sozinho. Aproximei o rosto lentamente, sentindo nossos lábios roçarem um no outro. Tão macio. Tentei pressionar um pouco mais, seguindo meus instintos, afinal era minha primeira vez fazendo aquilo. Kaminari pareceu perceber e acabou tomando o controle da situação, fazendo meu coração saltar e todo o meu sangue esquentar. Definitivamente ele não beijava nada mal.

—Parece que alguém aqui não tem muita experiência. – Brincou, rindo da minha cara que começava a esquentar de vergonha. – Será que eu fui o seu primeiro

—Cale a boca, cabeça de ameba! – Afastei seu rosto com a mão e ele gargalhou, me abraçando.

—Não seja tímido, Hitoshi! – Kaminari apertou minha bochecha e parou de rir aos poucos, deitando sua cabeça em meu peito. Eu me senti tão confortável daquele jeito, como nunca pensei que me sentiria. Mesmo com meu coração batendo feito louco e borboletas revirando meu estômago. – Vou aceitar sua proposta, punkzinho.

—Bom mesmo, acho que você não arranjaria outro namorado beijando tão mal. - Brinquei e o loiro gargalhou alto.

—Como se você não tivesse gostado! – Nós rimos juntos e eu acabei dando mais um selinho nele antes de ouvirmos alguém se aproximando. Nos separamos rapidamente, não daria tempo de sair dali antes de sermos pegos, se fosse algum dos adultos estaríamos ferrados.

—Aizawa! Kaminari! Mas que falta de bom-senso para com seus colegas que estão tentando dormir! – Iida surgiu pela porta, com o óculos mal colocado e seu pijama azul-claro com carrinhos de corrida em azul marinho. Eu me segurei para não rir, mas não me aguentei depois de ver Denki explodir em rizadas, deixando o representante de sala ainda mais irritado. – Andem! Se não estão participando daquele evento pavoroso, então deixem de fazer barulho e voltem para o quarto!

Nós seguimos de volta para o quarto ainda rindo, com Iida ralhando em nosso encalço.

Bom, eu nem preciso dizer que os dias seguintes em nossa excursão de praia foram odiosos e maravilhosos, um total dilema. Ao contrário de mim, Denki adorava o mar, a areia, as conchas o sol escaldante e tudo o que envolvia praia, enquanto eu preferia ficar debaixo do guarda-sol ou no chalé, com o ventilador ligado bem na minha cara, mesmo assim, saí todas as manhãs para caminhar com o loiro e catar conchinhas. Fui todas as tardes para a praia, mesmo com o calor infernal, apenas para assisti-lo jogar vôlei, futsal, ou apenas inventar alguma competição sem sentido com Kirishima. Assim como ele me acompanhou em todos os passeios noturnos pela redondeza e aceitou fazer dupla comigo na prova de coragem – mesmo estando apavorado. E, óbvio, sempre que tínhamos alguma privacidade trocávamos beijos e carícias.

E eu precisava admitir, aquilo me deixava feliz. Há tempos eu não sorria tanto quanto aquele idiota loiro vinha me fazendo sorrir. E eu precisava aproveitar enquanto tinha sua presença constante, quando aquele passeio acabasse, Denki iria para a casa da mãe passar o restante das férias e eu ficaria esperando, ansioso pelo retorno das aulas. Coisa que normalmente eu nunca fazia.

Engraçado não é? Talvez isso seja o que chamam de amor. Eu realmente não sei, mas acho que posso viver com isso. Desde que fosse com aquele cabeça de ameba que eu chamo de namorado.

In your eyes - Boku no Hero Academia (EraserMic)Onde histórias criam vida. Descubra agora