In your eyes - Boku no Hero Academia (EraserMic)

Capítulo XIV

Shouta Aizawa Point of View – 20 anos atrás.

Acordei com um beijo molhado na nuca. Hizashi acariciava meu cabelo gentilmente, sem fazer movimentos bruscos. Eu estava deitado sobre si, tão confortável... o calor de seu corpo me aquecia e o som das batidas do seu coração me tranquilizavam.

Lembrar do que tinha acontecido durante a noite fez meu rosto avermelhar, eu não podia acreditar que nós... tínhamos... deuses!

Levantei em um solavanco, morto de vergonha, catando minhas roupas e correndo para o banheiro.

—Hey Shouta!

—B-banho! Eu preciso de um banho! – Declarei, travando a porta. Não queria encarar o rosto do loiro agora. Precisava de algum tempo para me acostumar com tudo isso.

—Esta bem. Vou preparar nosso café da manhã enquanto isso.

Enfiei-me embaixo do chuveiro quente tentando processar um pouco do que havia acontecido. Apesar de constrangido, lembrar de tudo me fazia sentir algo estranho. Uma felicidade completamente assustadora.

Eu sabia que gostava de Hizashi, demorei um pouco para me dar conta disso, mas eu realmente gostava dele. Só que eu sentia medo. Medo por sermos ambos garotos. Medo por saber que a maioria das pessoas não aceitaria isso, acharia errado e nojento. E, principalmente, medo dos meus pais descobrirem. O que eles pensariam de mim?!

E, mesmo assim, naquele momento eu estava feliz por estar com Hizashi. Feliz por nossos sentimentos serem mútuos e, feliz por ter perdido minha virgindade com ele. Eu não queria estar em outro lugar ou em outro momento que não fosse o aqui e o agora.

Suspirei, desligando o chuveiro e alcançando uma toalha. A toalha que Hizashi usava. Me senti um pervertido, mas não consegui resistir a vontade de cheirá-la, apenas para sentir o perfume do shampoo, que me era sempre tão marcante.

"Shouta... vamo morar junto?"

Sua voz ecoou novamente em minha cabeça. Aquela pergunta não saía de mim desde o momento em que o loiro a fez. Eu queria. Queria largar tudo e ir morar com ele, viver dessa felicidade simples e desse sentimento bom que só ele me trazia. Mas precisávamos encarar a realidade.

Deixei a toalha de lado e coloquei minhas roupas, saindo do banheiro. Deparei-me com a cama feita e arrumada e nem um sinal de Hizashi. Saí do quarto, seguindo para cozinha, de onde vinha um cheiro maravilhoso de café da manhã ocidental.

—Chegou bem na hora! Temos panquecas com calda e ovos fritos com bacon!

—Você gosta mesmo dessas comidas gordurosas a essa hora da manhã, né? – Resmunguei, sem de fato estar irritado. Minha barriga roncava e parecia tudo muito saboroso

—Era o que eu comia todos os dias nos States. O povo daqui é saudável de mais, uma vez na vida não vai matar ninguém. – Brincou, puxando uma cadeira para se sentar.

—Talvez mate. – Respondi, pegando meu prato e dando a volta na mesa, sentando em seu colo. Apesar de ostentar a expressão neutra de sempre, por dentro meu coração batia acelerado. Não conseguia pensar em ser tão ousado.

—O que está fazendo?! – Ele quase gritou no meu ouvido, surpreso com minha atitude, mas me mantive sério.

—Nada. – Continuei ali, como se estivesse sentado apenas na cadeira, comendo minhas panquecas e bebericando o suco de laranja. Demorou um tempo para que Hizashi finalmente percebesse que eu não sairia dali e começasse a comer sua comida.