Capítulo IV

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Os corredores estavam agitados como todos os dias, o barulho me incomodava, mas eu preferia não gastar energia com algo inútil. Mesmo se eu tentasse controlar aquela algazarra eu sabia que era só virar o corredor para tudo voltar ao caos, ainda mais por ser o horário do recreio.

—Aizawa-sensei! – Deparei-me com Midoriya assim que me virei para ver quem chamava. – Que bom, o senhor parece bem!

—E por que não estaria? – Indaguei, confuso, esse não era o tipo de comentário que Midoriya faria sem motivo.

—É que o Hitoshi-kun foi embora de casa ontem, ele disse que o senhor estava passando mal. Depois não respondeu minhas mensagens, fiquei preocupado que algo pudesse ter acontecido.

—Hm... entendo. Foi apenas um mal estar, já está tudo bem. – Respondi, com um pequeno sorriso. – O celular dele deve ter descarregado. Enfim, não precisa se preocupar.

—Certo! – O garoto acenou com a cabeça e se despediu. Foi então que algo me surgiu.

—Midoriya, espere! Tinha mais alguém com vocês dois ontem?

—Tinha sim, o Todoroki-kun.

—Ah, sim. Obrigado.

Fitei Midoriya sumir no corredor, minha cabeça analisando toda a situação. Talvez meu filho estivesse passando por algo ainda mais complicado do que eu gostaria de imaginar e não poderia contar com o Midoriya, que até onde me lembrava, era um dos poucos amigos que ele tinha. Respirei fundo, deixaria para pensar nisso em outro momento.

Segui a caminho da sala dos professores, mas algo parecia querer me impedir de chegar lá, pois, quando estava passando pelo corredor do clube de jardinagem ouvi um gemido baixo e agudo e eu reconheci aquele som de imediato. É, meu almoço ficaria para outro momento. Dei a volta no prédio e saí no jardim. Bem embaixo da janela, escondido em um dos canteiros, estava uma caixa de papelão, dentro dela um filhotinho de gato, todo preto, apenas com uma manchinha branca na orelha. Ele arranhava a caixa e miava, provavelmente com fome.

—Ei amiguinho, quem foi que te deixou aqui? – Abaixei-me, colocando a mão na caixa para fazer carinho, enquanto ele tentava morder meus dedos. Era tão pequeno e fofinho que me parecia impossível que alguém o abandonasse, ainda mais no colégio.

—Shouta? – Fiquei tão distraído com o gato que não percebi Hizashi se aproximar. Ele tinha em mãos uma sacola e um copo de água.

—Foi você quem deixou ele aqui?

—Sim.

—Tinha que ser! – Não podia acreditar, ele não tinha dó nem mesmo de um pequeno filhote?!

—Espera! Não é nada disso! – O loiro bagunçou o cabelo, nervoso e desatou a falar – Eu encontrei ele na rua ontem e até levei pra casa, mas a pessoa com quem divido o apartamento é extremamente alérgica. Não posso ficar com ele, então trouxe para a escola por enquanto, enquanto procuro alguém para ficar com ele.

—Ele não pode ficar aqui.

—Eu sei! Mas não tenho onde deixa-lo. – Ele se abaixou, colocando o copo ao lado do gatinho e depois um punhado de ração, para ele comer. – Gostaria de poder ficar com ele, mas não posso prejudicar a saúde de quem me acolheu.

Suspirei. Hizashi fazia carinho no filhote enquanto ele comia. A tristeza em seu olhar me parecia sincera, me lembrava de quando nos conhecemos, ele carregava o mesmo brilho triste no olhar apesar de estar sempre com um enorme sorriso estampado no rosto.

—Eu fico com o filhote.

—Sério?! Você pode mesmo?!

—Sim. No fim da aula eu venho pegá-lo. – Falei, afagando as orelha do bichinho antes de enfiar as mãos nos bolsos. – E sobre o que me pediu antes, eu irei escutá-lo. Mas eu decido onde e quando.

In your eyes - Boku no Hero Academia (EraserMic)Onde histórias criam vida. Descubra agora