And Then There Were None (Part 3)

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Vasculhando meio que de qualquer jeito o interior da imensa biblioteca, os gêmeos se separaram, cada um tomando conta de uma extremidade do amplo recinto, mais curiosos com velharias que pudessem encontrar do que com o próprio Steve, até porque, era óbvio que o garoto não estava lá. Edward folheava um livro velho de conteúdo erótico chamado "Mulheres" do autor Bukowski, enquanto Dylan metia o nariz nas prateleiras empoeiradas tentando encontrar algo, mas sem sucesso. Assim que o grito feminino estridente ecoou pelas paredes em um mal educado chamado de socorro, ambos ficaram quietos, imóveis ao reconhecer que autora do escândalo, era Claire. Se entre olharam à distância virando as cabeças um ao outro ao mesmo tempo. Deixaram que o silêncio mórbido se instalasse pelo cômodo, esperando alguns segundos para agir. Assim que nada mais se ouviu, Dylan perguntou baixinho em tom assustado:

- O que a gente faz?

- Shh!! -Levantou o indicador, exigindo silêncio.

Paralisados um de cada lado, mantiveram os ouvidos atentos.

- Devemos apagar a luz? - ornou Dylan.

- E ficar no escuro sem ver ele se aproximando? Nem pensar.

- Então ache uma solução!

- Fale mais baixo, cacete. Silêncio é sobrevivência. -Resmungou, passando os dedos nos lábios simulando um zíper. O irmão aquiesceu mordendo a boca. Em seguida, Edward apontou para ele de forma agitada. Não entendendo que se tratava de um chamado e pensando que o Ed tentava sinalizar algo atrás dele, o garoto se virou em pânico procurando pelo que quer que fosse, em estado de alerta. Não percebeu quando Ed revirou os olhos em desdenho, a falta de raciocínio dele no momento. Mas assim que Dylan não percebeu absolutamente nada de anormal, deu meia volta, se pondo a questionar:

- O que foi, louco? Está tentando me matar?

- Nada! Eu estava te chamando. Vamos ficar em silêncio ali no meio das estantes e sem dar um pio.

- Ok. -Concordou o menino, que passou a ir em sua direção pé ante pé, cruzando o recinto entre as prateleiras até alcançar Edward, que o observou sem tomar ação. Adentrou ao vão entre duas estantes ficando junto do irmão que espiava o restante do ambiente por entre as prateleiras vazias e sem fundo, essas que lhe davam toda a visão das estantes seguintes que eram perfeitamente enfileiradas. Não notou o quão rápido Dylan se aproximou, e por isso ainda o chamou:

- Vem logo! -Sussurrou, o chamando com a mão.

- Já tô aqui, inferno. -Resmungou. E assim, Ed notou seu semblante de desespero:

- Ah, foi mal. -Se curvou na tentativa inútil de se camuflar atrás da tal prateleira. Inútil pois da mesma forma em que eles conseguiam ver através delas, qualquer um também conseguiria. Mas ainda sim, se abaixou um pouco, deixando os olhos acima de uma das tábuas que um dia tiveram centenas de livros ocupando-as, olhando fixamente em direção à porta escancarada. - Devíamos ter apagado a luz...

- É, e agora? Apagamos ou deixamos?

- Eu não sei se consigo ter essa coragem pra ir até lá e deixar a gente no escuro. Vamos esperar por uma oportunidade e então, corremos se for preciso.

Dylan engoliu seco concordando com a cabeça, mesmo que obviamente sabendo que aquele esconderijo de fato não era nada útil, não ousaram se mexer. O medo de sair da sala e enfrentar o que pudesse estar à espreita no corredor os deixou estáticos, observando através das divisórias, completamente expostos, ainda que fossem capazes de verem com antecedência, qualquer presença ou vulto que passasse diante da porta ali no corredor. Já atrás deles, todo o restante de estantes, uma após a outra se estendiam até quase o fim da sala.

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