Scream - Survival

Unmasked

Ripley desistiu aos poucos de sua investida acelerada assim que notou o sangue ensopando a camisa de Dylan. A imagem do amigo deitado no gramado sem sinal de vida e Edward ajoelhado ao seu lado em estado de transe a fizeram parar de repente. Distante, por uns três metros apenas, uma única lágrima surgiu por entre os olhos escorrendo pelo rosto, talvez fosse a única que lhe restasse depois de ter encontrado Alissa. E que susto congelante! Sua expressão no momento não era exatamente de tristeza... Era de ódio.

Isso tinha que acabar. Percebendo como Edward se curvava diante do irmão, ainda de costas a ela sem notar sua presença, não queria se dar ao luxo de chegar perto e dizer alguma coisa clichê para confortá-lo, até porque nada a faria se sentir melhor, quanto mais dizer alguma coisa que ajudasse outra pessoa. O que podia fazer por ele? ao ver que o menino parecia querer morrer junto com Dylan. O Fantasma havia desaparecido novamente antes mesmo que ela e o casal chegassem a cena. Para onde teria ido? De volta a mansão, com certeza. Todas as mortes lhe arrancaram alguma coisa, mas Dylan... Se sentiu envergonhada, humilhada e culpada por todo aquele sangue. Pensou que se alguém mais devia morrer, que fosse ela. Não aceitaria mais nenhuma perda de um inocente em seu nome. Muda e em completo choque, deu as costas a situação sem conseguir processar direito os pensamentos sobre o que acabara de presenciar. Assim que deu um passo em frente em modo automático, captou o choro de Juliett alcançando-lhe os ouvidos. E que estranho, até o momento, o mundo parecia ter ficado mudo para ela, não escutou nem as próprias soluçadas e gemidos de tristeza.

Keaton e Marty, sem coragem nenhuma de se aproximar de Ed, acudiram a líder de torcida dando as mãos a ela, lhe acariciando as costas, chiando com aquelas frases de "Tudo bem", calando aos poucos sua agonia da qual não saíam palavras inteiras nem algo que não fosse choro. O Nerd então, procurou Claire, percorrendo o ambiente com os olhos até dar com a visão da mesma se dirigindo de volta à mansão, prestes a passar pela porta de vidro e em alerta, gritou:

- Hey!

A Diaba parou, virando-se ao encará-lo com fúria nos olhos vermelhos e molhados, não respondendo. Provavelmente, ele deduziu que ela estava para fazer uma besteira. Apertou gentilmente o ombro de Juliett e se levantou em seguida, fitando a garota:

- O que está fazendo?

- Fiquem aqui. -Respondeu ela, ríspida.

- Onde você vai?

- Dar um fim nisso.

- Nós vamos com você.

- Não! -Berrou exageradamente, mostrando-lhe a palma da mão. - Vocês vão ficar bem longe de mim. Vão lá para frente e esperem por Amelie.

- Mas e o Edward?

- Edward não vai deixar o Dylan e eu não vou deixar o assassino escapar. Isso acaba aqui.

- Claire...

- Fica quieto!... -Tremeu os lábios ao segurar uma crise de choro. Aos poucos, sua voz se desintegrou ao se entregar ao profundo sofrimento: - Você não entende nada, não é?... Que se danem vocês! Esse sangue está em mim! -Respirou fundo apertando a blusa. - Eu fui grossa com esse desgraçado no telefone e ele acabou com a raça da Juliette. Minhas amigas foram massacradas! Fui eu quem pus o Edward e o Dylan nisso e agora, olha pra eles! Ele não vai parar até que eu decida morrer, essa é a jogada dele. Ele podia ter me matado várias vezes se realmente quisesse. Mas agora eu entendi... O que ele quer mesmo, é que eu deseje minha própria morte, pra que ele venha me dar um fim misericordioso. Fiquem aqui, eu vou dar o final pra essa droga de filme de terror. -Deu as costas completamente acabada e melancólica, dirigindo-se à escuridão, pronta para encarar seu destino..