Unmasked (Part 3)

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Não dava para ver nada. Marty só sabia que seu amado estava vivo e respirando por conta do jeito que o tórax do menino subia e descia embaixo de si, e também pelo som do ar entrando e saindo de suas narinas, tentando acobertar os gemidos de dor. Ele não sabia para onde ir e de certa forma, aquela escuridão os escondia. Ficaram deitados ali por um tempo, pensando que enquanto ficassem quietos, seria como se não estivessem lá. Impossível de serem encontrados. Até que:

- Vamos tentar sair daqui? -Marty sussurrou.

- E pra onde vamos?

- Lá pra fora. Temos que sair da mansão.

- Mas eu não consigo ver nada.

- Eu te levo.

- Tudo bem...

- Mas espere.. -Se retirou de cima de Keaton, se apoiado no chão para se levantar e o fez, desnorteado. Sua própria respiração era evidente ao ambiente. Tentou se lembrar da geografia do lugar, para ir em busca de uma parede que lhe fornecesse o botão para acender a luz, se é que a luz naquele saguão funcionava e se isso era uma boa ideia, dado ao fato de haver uma, possivelmente dois loucos à solta pelo casarão.

- Cadê você? -Sussurrou no chão.

- Estou aqui. Estou bem aqui. Espera só um segundo.

- Tá bem...

Esticou os braços para frente como um cego, tentando sentir algo. Deu um passo à frente naquele vazio querendo tocar alguma coisa. Uma parede de preferência.

- O que você está fazendo?

- Shh!...

Buscou por uma lembrança do saguão aceso. Onde estava a luz? Onde estava? Memórias não muito úteis lhe diziam para continuar na direção que estava indo. Não conseguia enxergar nem suas próprias mãos que faziam uma busca desesperada no escuro, quando sentiu finalmente uma parede, apalpando-a ligeiramente aliviado, se aproximando mais depressa. Diante dela, Marty deslizou suas palmas para cima, baixo, lados, qualquer direção que lhe levasse a um botão. Sua mão esquerda de repente não sentiu mais nada, a parede havia acabado bem ali do seu lado. A colocou de volta onde estava, quando percebeu que o botão estava ali na altura de sua cabeça. Apertou, a luz se acendeu mas não a luz do saguão, e sim a da sala da lareira pouco mais ao fundo passando as escadarias em sua frente, mesmo assim, já dava pra ver. Com o acender, o susto foi inevitável, ao ter Steve parado apoiado com o ombro na parede bem ao seu lado, todo torto devido a perna machucada. Assim que o jovem o avistou frente a frente, foi nítida sua mudança de expressão. De dolorosa e forçada, a um sorrisinho cínico de dentes avermelhados:

- Ai, droga! -Afastou-se ele com o susto, sendo calado imediatamente com um golpe de dor aguda que o atingiu próximo a cintura quando o rapaz impulsionou seu pulso para frente. Perfurado com a faca de caça de modo repentino, Marty soltou um gemido de dor rouco parecido com uma tosse arregalando os olhos, descendo-os até sua cintura para olhar sua própria tragédia. No lado esquerdo, na altura de sua cintura, ele pôde ver apenas o cabo da faca para fora de sua camiseta, sendo segurado pela mão de Steve, com um pouquinho de sangue que já começara a manchar o tecido branco. Não conseguiu falar, mas Steve, com os olhos lacrimejando de dor e ódio, sim:

- Saia da minha frente! -Vociferou o garoto, empurrando Marty para trás fazendo-o sair da faca. O menino caiu boquiaberto se estabacando com as costas no chão. A lâmina, semi banhada em sangue que pingou pelo assoalho, partiu com o psicopata, que não demonstrou interesse em avançar nos dois, tratando-os como mero obstáculos em seu caminho, passando direto por eles, mancando em dor extrema e com respiração pesada em passos mancos, enquanto o magrinho se revirava no chão em expressão de agonia cobrindo o ferimento com a mão inutilmente, deixando escapar sangue entre os dedos.

Scream - SurvivalOnde histórias criam vida. Descubra agora