Scream - Survival

Mourning

O Caixão descia lentamente para o fundo enfeitado com flores, alamandas roxas, as preferidas de Stacy. Claire segurava um punhado delas junto ao peito e suas lágrimas escorriam por baixo dos óculos escuros. Era incrível como o enterro estava lotado. Quase o colégio inteiro estava lá, era tanta gente que muitos não conseguiam nem ver o caixão em meio a tantos ombros e cabeças na frente. Claire olhava para todas aquelas pessoas pensando se quando morresse, seu enterro também estaria cheio assim. Ou se desceria para as profundezas sem ninguém para se lembrar dela. Nem mesmo Jill ou Juliette receberam tanta atenção. O clima estava mudando. Aquele calor que arrebatara a cidade das montanhas durante toda essa semana, estava sendo lentamente trocado por um clima nublado e ainda que sem chuva, o céu começava a dar indício das trevas que pairavam sobre Ashville. O Fantasma ainda está por aí. E matará de novo. Irá derrubar um a um como peões num jogo de xadrez, todos os treze jovens restantes daquele círculo, querendo eles ou não estarem nele. Ao lado de Claire, Alissa e Marty pareciam sofrer ainda mais com tudo aquilo, carregando um peso enorme no semblante de olhares fixos ao caixão, quase sem perceber que estavam um ao lado do outro. Anna se encontrava do outro lado da cova, de frente a eles. Ainda resistindo a ficar perto das meninas, pensando em seu próprio bem. Não falou com ninguém o dia todo. Expressava sua imensa tristeza fazendo seus olhos fugirem o tempo todo de Claire e suas fitadas pontudas. A loira, após perceber as constantes rejeições de Anna, estendeu o braço jogando as alamandas sobre o caixão, quando este já estava na mesma altura do gramado, descendo lentamente. Foi a primeira no ato. Assim que as flores atingiram o eterno local de descanso de Stacy, todos os outros buquês foram atirados em seguida por terceiros, repetindo a ação. Conforme o caixão descia, a multidão se dissipava. Claire não tinha coragem de olhar para a mãe e o pai da garota, nem se importando ainda de localizá-los, muito menos Marty, que se afastou dando passos para trás até dar meia volta e desaparecer na multidão, não conseguindo ficar para ver o buraco por onde a amiga desaparecia, esbarrando sem querer em estranhos posicionados atrás de seus ombros.

Entre os últimos que se aglomeraram para se despedir de Stacy, estava Edward. Bem lá trás, tentando levantar a cabeça entre os ombros que se remexiam na multidão afim de ver alguma coisa, quando percebeu que todos estavam se virando em sua direção... Indo embora. Desistiu de se aproximar ao não ver mais o caixão sobre a superfície do gramado e decidiu se afastar também, ainda que mais lento e indo numa direção diferente, saindo da frente daquele monte de pessoas que ameaçavam trombá-lo e levá-lo como numa enxurrada. Se afastando de todo aquele aglomerado vestido de preto que seguia na mesma direção, encostou numa árvore próxima, tentando ver se achava Dylan no meio de tantos ternos e vestidos fúnebres praticamente idênticos.

- Sinto muito por sua perda. -Uma mulher surgiu ao seu lado fazendo-o se virar automaticamente para tal. Se deparou com uma morena, uma mulher mais velha e séria de trajes pretos que segurava um sobretudo enrolado nos braços.

- Ah... Obrigado.

- Sou Evelyn. -Ela lhe estendeu a mão.

- Ahm... Prazer, sou Edward. -A cumprimentou um pouco sem graça. Não esperava que uma estranha viesse puxar papo.

- Eu sei.

- Sabe? -Ficou surpreso diante da afirmação.

- Eu sei que você é Edward Graim.

- Tá. O que exatamente você quer? -A encarou um tanto desconfiado.

A mulher tirou uma das mãos debaixo do sobretudo que carregava entre os braços, levantando-a ao exibir seu distintivo do FBI.

- Estou trabalhando com o Xerife.

Ele a fitou com medo. Achando que estava sendo considerado um suspeito, bufou desviando o olhar, fingindo estar apressadamente procurando alguém na multidão como se não se importasse com a moça.