DESVENTURA EM FÉRIAS PARTE 2

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Olá Diario estão todos ainda no café da manhã, todos menos eu pois preferi dormir um pouco mais e que na verdade desejaria dormir até acordar na minha cama macia e cheirosa junto à meus pertences tão pertencentes a mim.

Após a triste constatação de isolamento percebemos que estávamos longe de qualquer alojamento ou um comércio ou algo parecido. A estrada era longa e nada parecida com os dos filmes, retas e asfaltadas.

Ao olhar a trilha que teríamos que percorrer com lama, pedras e cobertura de mais lama percebi que se havia alguém perfeito pra se estatelar naquela maravilha marrom seria eu.

Não havia algum sinal de celular nas redondezas e o próximo ônibus nem imaginávamos quando passaria.

A propósito sabíamos que em dois dias passaria pois tínhamos as passagens marcando a hora, mas de resto estávamos mais perdidos que homem procurando manteiga na geladeira.
Como o temido a maioria resolveu caminhar.

Me senti em seriado zumbi onde o único suplemento que ainda possuíamos diante do calor quase latiu que era o cachorro quente do meu irmão que ele comprou na rodoviária e não deu tempo de comer.

Alguns quilômetros andados percebemos uma movimentação absurda entre uns arbustros que conferia uma certa grandiosidade na criatura que o balançava selvagemente.

Meu pai sob protestos foi, movido pela curiosidade, descobrir contra o quê deveríamos lutar e pimpão foi encarar a criatura.

A reação foi sincrônica. Boca aberta, olhar de peixe morto e ar de incredulidade ao perceber dois pares de nádegas correndo pela mata enquanto proferiam belos nomes ao meu querido pai.

Sem jeito coçou a cabeça e o insólito acontecimento lhe conferiu o apelido de empata amasso porque o outro nome minha mãe não deixou que meu irmão empregasse por conta de minha irmã que fingiu inocência dizendo que viu dois porquinhos rosas correrem pelo mato.

Não era sensato rir pois o sol estava de rachar e qualquer esforço nos faria desmaiar de sede e fome.

Descobrimos um pequeno riacho pelo caminho e nos refrescamos e descansamos embaixo da árvore frondosa.

Minha irmã chegou a cochilar e minha tia fez a vez de reclamar e iniciou o pragatório como meu tio denominava seus resmungos.

O sol, meu primo jogando água em mim, mesmo mediante protesto, minha mãe querendo chorar, meu pai sem jeito me fez ver que novamente marquei meu próprio destino de forma asquerosa.

O caminho se tornou a tal ponto estafante que tivemos que começar a deixar pertences pelo caminho como um João e Maria do sertão.

Meu pai deixou uma jaqueta grossa e pesada a qual ele não gostava e que deixou minha mãe indignada.

Chateada deixou alguns itens de cozinha que presentearia a tia de meu pai. Meus tios deixaram alguns calçados.

Meus primos tinham uns brinquedos, eu e minha irmã alguns gibis e revistas e meu irmão um fone de ouvido quebrado, uma valiosíssima contribuição.

Muitos quilômetros mais encontramos algo que parecia alguma coisa pra se enfiar dentro e visitamos rapidamente, aliviados.

Meu pai de branco ficou amarelo ao ouvir os preços pelo maravilhoso abrigo de menores infratores (como parecia!) e um serviço de quarto que não existia visto que o local só contava com o homem que nos recepcionou e uma mulher esquisita de franja no rosto.

A franja não cobria a feiúra da mulher que além de protótipo de cruz credo era mal humorada.

Minha mãe retirou o pouco dinheiro que tinha no bolso para o sinal que nos possibilitaria ficar no incrível hotel dos horrores.

A maçaneta grudou na minha mão, a água era fria, o chão dava nojo, eu vi um rato e fedia mofo.

Cheguei a conclusão que o casal estava correto em futricar no matagal ao invés de se acomodar naquele chiqueiro com teto.

Meu pai pediu pizza para alegria geral e o que recebemos foi algo estrupiado com molho azedo.

Separamos meninas de meninos em dois quartos e pra completar a alegria de pobre mas feliz a janela não fechava e um furão entrou debaixo da minha coberta e só não me mordeu
porque dancei feito uma garota em cima do colchão cheirando xixi de criança.

Meu irmão e primo gravaram. Acredito que já tenha um canal de micos na internet. Consegui pegar o bicho pelo fucinho e dançamos unidos pelo desespero de ambos.

Após esse momentos incríveis todos foram para suas camas e eu permaneci em alerta para não ser mordido pelo tal furão e por isso dormi até mais tarde e perdi o café para minha alegria. Meu pai conseguiu alugar uma charrete, vamos passear pelos arredores.

Amanhã voltaremos para a casa. Até as próximas novidades Diário.

Deixo claro que estou apreensivo por esse dia que se inicia. Espero que ao menos o passeio de charrete traga um frescor diferente à viagem da família buscapé.

TEDDY O COITADINHOOnde histórias criam vida. Descubra agora