Hoje certamente não é um bom dia para Teddy. Às quartas o curso pré vestibular é no centro da cidade e entre vozes e empurrões, adolescentes amostrados de risos esganiçados e atrevimento aviltante circundam sua existência.
Quem dera insignificante existência! O engraçado da vida é ser notado quando se repudia tal ação. Existir já é vergonhoso demais!
A desgraça sempre tem um par para o baile e o acompanhante da vez são os adoráveis vendedores de doces, batatas, artigos de última geração do século passado, os chamados marreteiros.
Ted já estava amassado e passado na goma de mascar. Em brasas tentava se esquivar de algumas axilas trabalhadas em fedor e grude.
Não parecia moralmente correto alguém se atrever a esmagá-lo ainda mais na tentativa de vender seus baratos e jurados de pé junto honestos artigos.
A batata gritava por salvação enquanto se espatifafa no bumbum de Teddy. Já era atordoante ao extremo ouvir os berros dos vendedores e ainda a mínima distância que procurava manter dos senhores suvacos estava comprometida por essas insistentes gralhas ambulantes.
Não o bastante a desgraça convidou a prima abestada da família e uma criança chora com vontade enquanto a mãe abduzida pela má vontade não se comove.
Teddy tenta se convencer que seu futuro depende dessas idas e vindas ao centro, mas seu pensamento de ser advogado se contrasta com a vontade de matar um ser naquele inferno disfarçado de coletivo.
Em momento de desespero tenta mover uma mão e esta acaba se enganchando a sacola retorcida cheia de pururucas mal cheirosas do marreteiro com cara de trepeça.
Com a esperteza advinda de sua natureza marreteiristica ao avistar o guarda que abre caminho sem esforço entre os passageiros deixa o garoto com cara de cachorro que perdeu o felino.
Teddy é convidado a se retirar e sem notar e perplexo permanece com a sacola em sua companhia juvenil e pasmada por natureza.
-Alguém aqui está fazendo o que não devia...
- Sim: Vocês.
A resposta saiu tão natural por ser verdade que Teddy não conseguiu se lembrar que nesse exato momento para aqueles guardas ele é um ambulante legítimo.
- Gosta de piadinhas hein?
- Seu guarda eu sou estudante e estou indo pro centro estudar para o vestibular.
- E eu sou o vestibular. Acho que você não passou.
- Eu tenho como provar.
A desgraça convidou o tio bebum e incoveniente e por raios que o parta Teddy esqueceu a carteirinha.
Conseguiria entrar no curso, mas nesse vestibular especifico de jeito nenhum.
- Me dê a mercadoria. Não posso te prender, porque não tenho nada que te incrimine, mas não quero voltar a te ver garoto insolente.
Assim tão simples? Não espera, insolente? Que guarda indecorosamente bem instruído.
Teddy em um momento confuso e ainda um pouco assustado por estar diante de alguém tão incomum para seu currículo de adolescente correto e covarde, começa a considerar o motivo dos ambulantes se verem envoltos a tanta ousadia e tranquilidade em conformidade com algo que não paga impostos ou mesmo contribui para o meio social.
Tudo bem que é melhor comprar uma batata de um real ao invés de três, mas a procedência não é algo límpido e proveniente de glória.
Pensou nas inversões, mas não pôde deixar de pensar no quanto somos assaltados em taxas indecentes que se destinam a ladrões profissionais: Políticos.
Se lembrou de quando ganhou a viagem dos sonhos pra Disney da tia solteirona e como achou tudo muito em conta.
Quando voltou pensou o quanto seu país é desonesto e chegou a sentir náuseas de tanta corrupção. Mas também pensou no Paraíso disfarçado em superioridade de alguns americanos e o mal estar não foi diferente.
Quando quase chegou a conclusão que talvez o trabalho ilegal não fosse tão ilegal em conformidade com o roubo sem arma que sofremos diariamente viu o marreteiro levando uma prensa dos outros "colegas de profissão" e sua expressão denotava certa tristeza e medo.
Não! Nada é fácil! Talvez a lei não esteja em lugares habituais, e sim no mais forte. Prosseguiu seu caminho e deixou que os pensamentos se desprendessem pouco a pouco de sua mente.
Não poderia ser de outra forma! Teddy já fora picado pelo medo de ser algo diferente de honesto, mesmo que isso signifique sentir-se paradoxalmente sem dignidade.
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TEDDY O COITADINHO
MizahTEODORIO É UM GAROTO DE DEZESSETE ANOS COM DIFICULDADES TÍPICAS DA ADOLESCÊNCIA. ROMÂNTICO É SEMPRE ALVO DE PIADINHAS DO AMIGO JOE E NÃO AMIGOS. ENTRE UM CAPÍTULO E OUTRO AVENTURA, DIVERSÃO E UMA DOSE DE PIEDADE. BOA LEITURA. . . . . . Obra com dir...