Olá Diário! Porque ainda tenho um diário? Sei lá. Acho mesmo que precisaria de um livro, pois o que acontece comigo só pode ser coisa de livro do tipo adolescente desajeitado. Uma autobiografia, um livro dos dias ao avesso.
Nesse exato momento acredito que tenho um ex novo amigo.
Não! Não pode ser possível que aquela família perfeita ainda me acolha após o incidente.
Pois bem. Preciso contar, então que seja rápido. Sempre acreditei que escrever alivia a vergonha, dor, perda, mas nesse momento queria ser qualquer coisa menos eu.
Já passei pela vergonha de um pum involuntário, um barulho de porquinho após um longo riso, tropeçar e cair de cara no chão, no poste, na placa e isso obviamente aos olhares das meninas que eu gostava ou admirava, nunca em um momento solo.
Ah! Já caí de bumbum na poça de lama após uma bela escorregada no lamaçal e ainda caí novamente tentando me reerguer. Meu sorvete de massa também já cedeu à lei da gravidade após a primeira lambida e o besta ainda tentou pegar no chão sob risos e coros de risos - risos bem "risosos" - e olha que essa palavra nem existe.
Sim, foram vergonhosos. Pensei que nada de pior poderia ocorrer após cada um desses incidentes, mas ocorreu e eu estou apavorado. Sim. Já sei que está curioso. Vou contar.
Pela manhã atrasado - pois a nova escola fica à três quarteirões à frente da antiga e para fugir dos antigos amigos ainda pego um ônibus que passa de meia em meia hora - fui eu correndo feito um louco para colocar algo na barriga virgem ao amanhecer.
Encontrei o vazio da existência, pois minha mãe começa a aprontar o café um pouco mais tarde.
A única salvação reluzia na geladeira absoluto: um lindo mamãozinho cortado pela metade. O devorei com as bolinhas pretas e tudo. Estava muito atrasado.
Corri para não perder o ônibus. Até a primeira aula tudo tranquilo. Lá pela terceira aula conversando com o meu mais recente amigo Luís Paulo senti uma reviravolta digna de final de novela das oito na minha barriga.
Pensei ser fome, mas um pouco mais concentrado percebi que ia além de uma simples vontade de rechear meu famigerado estômago.
Um fio de suor fez uma trilha fria em minha testa quando percebi que uma vontade voraz de ir ao banheiro me tomou de assalto.
Como? Talvez se fosse rápido poderia disfarçar um xixi rápido e pela proporção do caos que sambava na minha pobre barriguinha seria mesmo rápido.
A vergonha de erguer a mão e atrapalhar a aula do professor mais rabugento da escola se desfez rapidamente e cheio de coragem e necessidade levei o dedo à riste e solicitei uma saída rápida, mas a pergunta do maldito professor me fez retroceder.
- É urgente?
Cara! Se digo que sim um cocozão gigante ia se formar em minha testa justificando meu desespero, então apenas respondi que queria beber água e fui impelido.
Eu tentei me concentrar naquelas fórmulas extensas de física, mas não podia mais e para minha desgraça ganhar um brilho intenso a primeira questão veio como um torpedo em minha direção.
- Desculpa professor eu não estou muito bem. Estou com muita dor de cabeça - Como é bom ter raciocínio rápido.
- Se soubesse disso antes teria deixado você sair. Vá tomar um ar.
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TEDDY O COITADINHO
HumorTEODORIO É UM GAROTO DE DEZESSETE ANOS COM DIFICULDADES TÍPICAS DA ADOLESCÊNCIA. ROMÂNTICO É SEMPRE ALVO DE PIADINHAS DO AMIGO JOE E NÃO AMIGOS. ENTRE UM CAPÍTULO E OUTRO AVENTURA, DIVERSÃO E UMA DOSE DE PIEDADE. BOA LEITURA. . . . . . Obra com dir...