Capitulo 14

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Erick

Estava me divertindo vendo-a gritar do outro lado na chuva, toda ensopada, surpresa e desesperada. A coisa ficou feia, ela estava esmurrando a porta forte, parecia uma louca então resolvo abrir a porta dos fundos. 

Ela entra aí dá gritando e claramente histérica.

- VOCÊ ME DEIXOU TOMAR CHUVA SEU ESTUPIDO. - ainda desacreditada. Se ela soubesse...

-Não pode?  é feita de açúcar agora? por algum acaso você vai derreter? - me divirto a sua custa.

- Não idiota, só vou pegar um baita resfriado. Vou ficar doente. Sua culpa. - já não grita mas também não está calma.

- Que nada. Não ficou nem 10 minutos lá fora. Deixa de frescura.

Nesse momento ela começa a ter um ataque de espirros. Espirra, espirra sem parar. Será mesmo? Ninguém é tão frágil assim..

O seu nariz empinadinho começa a ficar todo vermelho e percebo que realmente ela pegou um resfriado. Como isso é possível?

- Vai trocar de roupa logo. Parece que você é muito sensível a chuva. - estou um pouco preocupado, confesso.

- Cadê os empregados dessa casa? -olha de forma ameaçadora.

- É .. eu meio.. meio que.. dispensei eles.

-VOCÊ O QUE? - bruxa má está de volta.

- Sabe como é né eles trabalham muito então resolvi dar uma folga a todos essa tarde. - seguro o riso.

- Quem você pensa que é para fazer isso? - Enfia o dedo na minha cara.

- Também sou autoridade nessa casa Laura. Não esqueça isso. - Me olha com cara de raiva, se acha a dona do mundo.

- Vou te dizer o que você é. A MERDA DO CONVIDADO MAIS INCONVENIENTE QUE EXISTE NO PLANETA.

Ela grita comigo e depois começa a bater o queixo de frio. Tremendo. Aquilo me deixa novamente preocupado então tiro meu blazer e enrolo nela.

- Toma, está frio. vem trocar essa roupa.- Falo calmamente.

Fita meus olhos de novo só que dessa vez não protesta, aceitando o blazer .

- Não precisa me seguir - diz tremula e segue para o quarto dela sozinha.

Merda se essa cobra ficar doente a culpa vai ser minha. Não podia imaginar que uma chuvinha e vento faria mal assim. Melhor fazer algo bem quente pra ela tomar.

Vou para cozinha e começo a fazer uma sopa de macarrão com legumes bem quentinha. Acredito que fará melhor.
Arrumo a mesa colocando o prato da Laura. Em seguida ela aparece toda enrolada no hobbe me olhando surpresa.

- Espero que você goste de sopa. - término de colocar a mesa.                                                        
- Aan euu... Eu gosto sim. - senta na mesa e fica de frente para mim, parece surpresa.

- Ótimo, tomara que você não adoeça.

- A culpa será sua se eu ficar doente.

- Eu sei. Agir sem pensar deixando você na chuva e com todas outras coisas, foi uma besteira. Me desculpe Laura.

Ela me encara, não diz nada e continua tomando sua sopa. Acho que isso é bom.

Acabamos de comer e coloco os pratos na pia.

- O que você vai fazer agora - escuto sua voz baixa ao perguntar.

- É sexta e o tempo está bom para assistir um filme. Quer assistir comigo? – talvez esteja surtando agora ou apenas tendo compaixão. A verdade que não quero ficar sozinho aqui e estou culpado.

- Me diga que não é de terror. – esperava um não, um insulto ou um grito, mas pelo visto não sou eu apenas que me sinto só. Por hoje podemos ter paz.

- Você escolhe. - ela sorri, tem um sorriso bonito.

- Então ta. Trégua até o final do filme pelo menos? - soa engraçada.

- Até subir as letrinhas? - digo e ela não aguenta, cai na risada.

- Até a tela escurecer.

- Combinado. - eu não percebo que estou sorrindo.

Caminhamos até a sala em silêncio, cada um com seus pensamentos. Eu sento no sofá enquanto ela procura um filme.

- Já que estou no poder de escolher . vamos ver  " Um amor para recordar". - seu rosto indecifrável.

- Que filme de mulherzinha. - não consigo lidar com esse clima, brinco para melhorar o ambiente.

- Aah para. Eu adoro esse filme e aposto que você vai gostar.- aquele olhar que faz o Jonas aceitar as coisas.

- Só porque ja tinha deixado você escolher.  - fui vencido.

Ela coloca o filme e senta na outra ponta do sofá bem longe de mim.  olhando somente para Tv. Bem, já é de longe muito diferente do que eu esperava dessa noite. Totalmente diferente.

- Isso ai . Acho bom você ficar bem afastada mesmo.

- Estou me protegendo das suas garras. - ela em senso de humor.

- É bom. elas estão afiadas hoje. - Se ela soubesse, rimos.

O filme começa e o silêncio reina de novo até o final.

Vejo uma outra Laura em alguns momentos, ela faz várias caras, presto atenção em todas, sem perceber como estava mais focado nisso do que na tela.

Ela se emociona com o filme e chega a chorar. Não posso negar que aquilo me balança e então só por um momento me sinto culpado por hoje. Por um breve momento eu acredito que não conheço a verdadeira Laura, talvez ela seja uma mulher boa.

‘’ Os grandes amores são assim mesmo, eles nos dão o caminho da emoção, mas os sentimentos de verdade são apenas nossos, ninguém copia, ninguém leva, ninguém divide..."

- Tati Bernardi

O EscolhidoOnde histórias criam vida. Descubra agora