Adaga de Sangue

1.

VAMPIROS EXISTEM. Eles são criaturas malignas e perversas que vagam pela terra tirando a vida de inocentes para sua sobrevivência. E eram eles que eu via em todos os meus pesadelos desde pequena. Eram seus olhos vítreos e sua pele pálida acompanhada de suas presas afiadas que tiravam meu sono a noite e inspiravam meus maiores pesadelos.

Essa noite não foi diferente. Acordei com um salto assim que as presas tocaram a pele fina de meu pescoço e automaticamente levei minha mão direita em direção ao local. Estava normal, minha pele inviolada. Um suspiro sôfrego saiu de meus pulmões pouco depois e logo recapitulei o pesadelo, era o mesmo de todas as noites. Eu estava sendo perseguida por ruas estreitas e de pedra escura, uma risada maligna ecoava pelas paredes enquanto eu corria sem rumo a procura de abrigo. Todas as portas que batia estavam trancadas e no fim acabei em um beco escuro e sujo. Pude escutar os passos de meu perseguidor junto a sua risada cada vez mais próximos enquanto me encolhia contra a parede fria atrás de mim. Assim que o mesmo apareceu em meu campo de visão, perdi os sentidos de direção e me vi congelada no lugar sem ao menos conseguir respirar. Seus olhos avermelhados chamavam minha atenção tanto quanto o fio fino de sangue que escorria no canto de seus lábios. Eu não era a primeira vítima da noite. Não tive tempo de pensar em mais nada além disso, pois em um movimento rápido, fui levantada do chão por suas mãos fortes que me esticaram contra a parede.

- Ah Selene... - Seus lábios falaram baixo meu nome em um tom divertido enquanto seus olhos focavam em meu pescoço. - Tão bom te encontrar...

Assim como se aproximou rápido, suas presas apareceram e vieram em direção a meu pescoço, e com um grito alto, fechei meus olhos para o pesadelo e logo os abri na vida real.

O quarto ao meu redor estava iluminado apenas pela pouca luz do sol que nascia por trás das cortinas finas. Deixei que minha respiração se nivelasse e logo pus meus pés para fora da cama a procura de minhas pantufas. Na cama ao lado da minha, minha melhor amiga, Ani, dormia tranquilamente com a respiração calma e o cabelo castanho claro com mechas loiras emaranhado pelo conjunto de 2 travesseiros que utilizava para dormir.

Me aproximei de sua cama e a cutuquei de leve para que acordasse e chegasse para o lado.

- Ani... - minha voz baixa foi respondida por um resmungo bravo similar a um esquilo raivoso, o que me fez rir. - Deixa eu deitar com você...

Meu pedido foi respondido alguns segundos depois quando seu corpo se arrastou para o lado na cama e levantou as cobertas para que me deitasse ao seu lado. Retirei minha pantufa novamente e logo me deitei me aconchegando ao lado de seu corpo com a cabeça apoiada em um dos travesseiros.

- Pesadelo de novo? - sua voz rouca e baixa chamou minha atenção enquanto seu corpo se deitava de lado para me encarar.

- Sim... o mesmo de sempre... - virei meu corpo na direção do seu e encontrei seus olhos fechados mas que ainda assim, sabia que estavam acordados. - você... não acha que seja um sinal né?

- Sinal de quê, Sel? - seu tom debochado deixou claro que não acreditava em sinais e logo seus olhos se abriram para encontrar os meus. - De como você vai morrer?

Meus olhos se arregalaram com a possibilidade e logo neguei rapidamente com a cabeça como se aquela fosse a ideia mais absurda que poderiam sugerir, mesmo eu sabendo que não era mais do que a pura realidade.

Acontece que vampiros são realmente reais, não só em sonhos. Eles são reais e assim como eles, existem mais duas raças mitológicas, os caçadores, descendentes de deuses gregos com humanos que caçam os vampiros com a ajuda de habilidades especiais dadas a partir de sua descendência, e as bruxas, mulheres em sua maioria que fazem feitiços com ervas e palavras em latim e russo capazes de qualquer coisa. Como eu, Ani é uma bruxa, mas seus poderes são maiores por ser uma bruxa tanto com mãe, quanto com pai bruxo. Já eu, sou filha de uma bruxa poderosa chamada Svetlana, Lana para os conhecidos. Eu não sei sobre meu pai, ela nunca me contou, sempre foi apenas nós duas, e isso nunca me incomodou.