O corpo nu de uma jovem fugitiva foi encontrado preso no gelo superficial de um lago naquele inverno. Pele azulada e sem sangue, que escorreu pelo pulso cortado por uma lâmina que não fora localizada.
Ninguém nunca soube quem a matou, nem o motivo. Alguns acreditavam que ela se matou, contudo outros contavam que a viam sempre conversando com um mendigo que se dizia um grande sábio. Esse homem, todavia, nunca mais foi visto.
O caso lembrou outro, ocorrido no inverno anterior.
Uma garota fora achada também com o pulso cortado. Estava no bosque há pelo menos três dias, sentada e congelada. Naquela época, como bem se lembrou um morador, aquele caso lembrava outro, que aconteceu no ano anterior.
Há quem se pergunte sobre as três mortes estranhas daquelas moças, que sempre desejaram fugir de casa. Um grande mistério, nunca solucionado, infelizmente.
Anamélia jamais voltará para dizer o que viu ao fechar os olhos. Nunca será revelado se conseguiu realizar seu sonho de vida ou se a Morte a levou para seu jardim, tornando-a uma flor de pétalas bicolores.
Tampouco a pedra fora outra vez ouvida.
É um conto enigmático este que viveu a bela garota de olhos heterocromáticos. E assim deve para sempre permanecer.
