A C A S O

Capítulo 1

Miranda voltava para casa depois de mais uma noite de trabalho, seu primo é dono do hotel Starish e a chamou para abrir a noite de shows, é claro que ela não pode recusar. Depois de conhecer Solano ela se esqueceu do resto, a forma como ele a elogiou, no pé do ouvido lhe provocou arrepios que ela nunca sentira. Ele era muito atraente, olhos castanhos brilhantes e a pele naturalmente bronzeada. Os cabelos bem pretos na altura dos ombros lembravam o cigano Carlo que sua mãe sempre falava em suas histórias. Quanto mais perto de casa mais ansiosa ela ficava, sua irmã e sua filha estavam a sua espera. Ela mal pudera acreditar que já se passara um ano. Manuella completaria um ano dali a um mês. Sua garotinha já aprendera chamá-la de mãe. Era o xodó de Talia. Já no portão que fora aberto com o controle, ela adentrou o terreno e estacionou na grande garagem.

Fazia quatro anos que saíra do Japão onde morou por longos 12 meses. Era necessário. Sua marca de roupas, Angel Pinups, era um novo investimento naquele país. Agora ela já tinha fábricas e lojas por todo o oriente. Talia era sua irmã gêmea, porém muito diferente, seus cabelos eram castanho claro e seus olhos eram castanhos. Talia se formara em medicina veterinária e trabalhava para o governo, no centro de pesquisas do exercito americano. As duas eram ciganas, Miranda saiu de casa com 15 anos, para não se casar. Ela sempre almejara muito mais do que um marido e muitos filhos. Assim ela acabou por conhecer o pai, que morava na Itália.

Sua mãe criou as gêmeas sozinha, pois não era aceito um não-cigano na roda. Aos 15 anos, Miranda conheceu o pai e deu um jeito de acontecer o mesmo com Talia. A relação com o pai é maravilhosa, o Sr. Grigori adora a neta e as filhas. Elas eram felizes. A única tristeza era que a mãe não podia vê-las agora. Ela morrera quando Miranda completara treze anos, deixando as filhas órfãs serem criadas por uma tia malvada. Um gritinho de alegria irrompeu da porta de entrada, Talia segurava uma Manu alegre e saltitante em seus braços.

– Mama! Ela gritou sorrindo. Miranda sorriu de volta e a beijou nas faces rosadas, tomando a filha nos braços.

– Oi mana. Disse Miranda beijando a face da irmã.

– Oi, papai ligou... Disse Talia se dirigindo para a sala de estar.

– O que ele queria?

– Ele pediu para irmos para casa no final de semana para o aniversário do Doug.

– É mesmo, o irmãozão vai fazer vinte e oito sábado né? Ainda lembrava do garoto alto e magricela que conheceu assim que chegou a casa do pai, seu irmão foi seu primeiro amigo naquele mundo novo. O amava muito.

– É... O tempo passa muito depressa. As duas rapidamente fizeram um jantar conversando animadamente sobre o fim de semana que teriam na casa do pai.

Terça feira, 05 de janeiro de 2012.

- Senhor, nós achamos a sua filha. Luke tinha uma expressão impassível e postura rígida perto do chefe.

– Onde ela está, onde está Emmeline? Solano estava impaciente, estava nesta busca a mais de seis meses e finalmente havia encontrado a fujona.

– Sinto muito senhor, a senhorita Emmeline morreu de câncer a mais de sete meses. Impactado pela noticia Solano se deixa cair em sua poltrona.

– O que? Como?

– Parece que ela fugiu para Verona e soube que estava com um tumor agressivo no cérebro, o médico lhe deu apenas cinco meses de vida, o suficiente para a criança nascer.

– O que aconteceu com a criança? Solano estava devastado, ele não amava Emmeline, mas não queria um fim tão trágico para ela. O que teria acontecido com a criança?

– Parece que a própria Emmeline a entregou aos cuidados de uma amiga, uma moça chamada Miranda Gregori que mora aqui mesmo. Ela adotou a criança, e foi a ultima a estar com Emmeline antes de sua morte.

– Meu deus. Onde esta mulher mora?

– O endereço está aqui senhor.

– Ótimo. Vou para lá agora mesmo. Está dispensado Luke.

– Ok senhor.

Solano saiu imediatamente movido por uma emoção que ele desconhecia. Finalmente encontraria sua filha. Será que essa mulher o deixaria conhecer seu filho ou filha? Ele faria de tudo para ter seu filho em seus braços.

Dirigiu pelas ruas mais pacatas até encontrar uma grande casa de dois andares com uma estrutura diferente. A casa era toda de madeira e vidro, possuía jardins floridos e muitas árvores diferentes. Ele desceu do carro e apertou o interfone que tinha no imenso portão negro. Uma voz feminina o atendeu e liberou sua entrada. Já na porta da casa foi recebido por uma mulher muito bela, com luminosos olhos castanhos.

– Bom-dia senhorita.

– Bom dia, o senhor é?

– Solano Stevano. Vim para falar com Miranda Grigori, é você?

– Não, Miranda é minha irmã gêmea, eu sou Talia. Pode entrar senhor, ela já está voltando da praça.

Ele a seguiu até uma sala de estar toda decorada com plantas verdes, tapetes coloridos e sofás brancos com decorações artesanais de madeira. Parecia ter uma influencia hippie.

– Você aceita um chá ou suco?

– Chá está bom.

– Tudo bem, já volto, fique a vontade. Talia saiu do aposento e Solano ficou a observar o ambiente. Tinha algumas fotos na mesa de centro, uma tinha um homem grisalho acompanhado de duas moças sendo uma delas Talia. Na outra uma criança de olhos verdes e cabelos negros... Uma linda menininha. Sua filha. Ela se parecia muito com ele. Muito mesmo, mas os olhos definitivamente eram de Emelline, tinha os mesmos olhos de esmeralda de sua mãe fujona, lembrou saudoso. Talia voltou no mesmo instante e o flagrou admirando a foto.

– Ela é linda não é? Ela sorriu docemente.

– Sim, sua filha?

– Não, sobrinha... A porta da sala foi aberta e ele pode ouvir risadinhas de uma criança e uma voz alegre de adulta.

– Mama! Ela ria.

– Mana? Miranda entrava na sala, usava um vestido florido estilo pinup. Seus cabelos vermelhos estavam soltos em cachos se emoldurando na face clara. Solano a olhou pasmo. Era a cantora misteriosa e ela tinha sua filha nos braços! A garotinha vestida num vestidinho com o nome da banda nirvana e um allstarzinho vermelho. Tão linda.

– Mana este senhor deseja falar com você. Disse Talia pegando a pequena Manu no colo. Miranda o olhou surpresa. Era o mesmo cara do bar, o que ele queria com ela?