3 da manhã

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Meus pés pisam cuidadosamente no chão e seguem em direção a saída de casa. Lentamente, abro a porta e vou para a fora do apartamento. Chamo o elevador e espero por ele.

Não sei porque me sinto como num filme de espionagem só por sair de fininho de casa às 3 horas da manhã.

Depois da pior conversa do mundo que tive com a minha mãe, passei o dia todo sem sair do meu quarto e só tive coragem agora. Às 3 horas da manhã.

O elevador chega e eu logo entro nele. Aperto o andar de Demi. Respiro fundo. As portas do elevador se fecham e ele desce. Fecho os olhos.

Que merda estou fazendo?

Eu não fazia a menor ideia de porque eu estava indo para a casa da Demi a essa hora. Não sabia o que falar. Nem sei se quero falar algo. Mas quando mandei mensagem pra ela - sim, às 3 da manhã - perguntando se ela queria conversar, ela me respondeu rapidamente "sim".

Quando as portas do elevador se abrem, Demi está parada na frente da porta do seu apartamento, me esperando. Ela me olha. Eu vou em sua direção.

- Oi. - ela diz.

- E aí? - falo sem jeito. Ela ri.

- Tá tudo bem?

- Tá. E com você?

- Tá.

- Demi, eu, ah, não sei. - digo soltando um suspiro.

- Vamos entrar? - ela pergunta e eu apenas aceno. Entramos e sentamos no sofá. - Minha mãe num tá, foi dormir na casa do boy.

- Ah. - digo, cruzando as pernas.

- Eu não vou te atacar, Gomez. - ela fala, sua voz soa um pouco triste.

- O que?

- Não é só porque que beijei uma garota no elevador que vou sair beijando todas as garotas que aparecem na minha frente. - agora sua voz soa nervosa e ela nem sequer olha pra mim.

- Mas eu não disse nada.

- Dá pra perceber pelo modo como você tá agindo.

- Como eu tô agindo?

- Sei lá.

- Demi, por favor. - eu me aproximo e coloco a mão no seu ombro. - Você sabe que pode contar comigo, né? Pelo amor, eu sou sua melhor amiga.

- Eu não sei. É estranho.

É a primeira vez que vejo Demi agir do modo tão frágil. Não consigo imaginar o que ela pensa. E nem sei o que dizer pra ela.

- Não quero que você se afaste de mim. - ela diz e finalmente seus olhos encontram o meu. Eu sorrio.

- Eu nunca conseguiria me afastar de você.

A abraço e ela se desmancha em meus braços. Afago seu cabelo e sinto seus braços passarem por minhas costas e me apertarem.

- Obrigada. - ela sussurra.

Me afasto dela e passo seu cabelo por trás da orelha.

- Mas então... Garotas, né? - pergunto, sem graça. Definitivamente não sei como conduzir essa conversa. Ela ri e revira os olhos.

- É, não sei. Sei lá, Gomez.

- Você podia ter me contado, sabe? Eu achei que a gente contava tudo uma pra outra.

- Isso é um pouco complicado de contar.

- Não é. - respondo. - Hoje mesmo você me falou que não guardava segredo de mim.

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