— BOM DIA! — Pedro grita no meu ouvido assim que entro na sua bela caminhonete em plenas dez horas da manhã. Quem consegue ter animação às dez da manhã? É impossível. Nessa hora eu ainda estou no meu primeiro turno do sono da beleza.
— Não grita! Eu acabei de acordar.
Esfrego o rosto com as duas mãos sentindo o sono me dominar. Prendo meu cabelo curtinho em um rabo de cavalo feio, logo depois bocejo. Com toda certeza eu devo estar a cara da derrota.
— Hoje está um lindo dia, né? Olha esses pássaros voando, e esse céu aberto e azul. — Pedro não para de falar no meu ouvido enquanto dá partida no carro. — Nós dois vamos arrebentar nessa festa junina! Tenho certeza.
— Tenho certeza que não. — Abro um sorriso fraco, e depois bocejo de novo.
— Ah, Maria! Seja otimista. Hoje é o melhor dia de nossas vidas.
Tudo bem, eu até aceito um pouco de otimismo e positivismo, mas o Pedro parece que acabou de sair de um tipo de desenho animado para crianças do Discovery Kids onde tudo é perfeito e os animais falam. O fato é: ANIMAIS NÃO FALAM e todos nós estamos no mundo real. E é claro que no mundo real ninguém é tão otimista assim às dez da manhã.
— Pedro, por favor, não me faça te mandar tomar no... — Ele arregala os seus olhos antes de eu dizer a última palavra. — Orifício anal. — Completo para não parecer tão errado. Pedro parece satisfeito.
— Sério, hoje está um dia muito belo mesmo né? Levei a minha mãezinha para o aeroporto às cinco da manhã e foi ótimo assistir o nascer do sol.
Dou uma risada, ele não entende.
— Você está de brincadeira né?
— Como assim?
— Você está me zoando. Tenho a certeza que está fingindo toda essa felicidade. É impossível uma pessoa acordar às cinco da manhã feliz, ainda mais para se despedir da própria mãe que sempre cuidou de você, te deu carinho e comida... — Começo, mas sinto lágrimas brotarem. Minha mãe foi embora há dois dias e eu já estou morrendo de saudades dela. Eu não consigo ficar muito tempo sem ela.
— Ah! Não fica assim não. — Pedro tenta me acalmar. — Hoje será o melhor dia de nossas vidas.
Minhas lágrimas secam e dão espaço para a irritação. Eu definitivamente odeio o Pedro Carlos versão otimista. Ele consegue acabar até com o meu momento de tristeza.
Ele liga o rádio e começa a cantar a música Happy mais alto do que os meus tímpanos conseguem aguentar. Juro que algum dia eu mato o Pedro Carlos Henrique!
Depois de ouvir a mesma música durante o caminho inteiro nós dois finalmente chegamos no destino. Eu realmente não faço a mínima dá onde estamos, já que passei tanto tempo pensando na irritação que o Pedro estava causando em mim que até esqueci de perguntar para onde estávamos indo.
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365 dias para se apaixonar
Teen FictionDatas comemorativas são feitas para serem comemoradas, certo? Ou quem sabe, encontrar algum novo, ou velho, amor? Segure firme, e, acompanhe um Carnaval eletrizante, uma doçura de Festa de Junina, um Halloween maluco, e um sonho de Natal, juntamen...