Chapitre Dix-Neuf

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"Me chamarão de liberdade, como uma bandeira ao vento"

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"Me chamarão de liberdade, como uma bandeira ao vento"

K' naan.

— Vocês vão entrar sob as táticas que conversamos

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— Vocês vão entrar sob as táticas que conversamos. O entrosamento é fundamental - Tite dizia, tendo todo o time ao seu redor no vestiário. — Nós treinamos para que os passes sejam precisos e as finalizações eficientes. Deem o melhor de vocês em campo e saibam que, se estão aqui, é sinal de que o melhor de vocês é realmente bom. Confiem em si, mas, principalmente, confiem nos seus colegas. Joguem como um time. Joguem como um só. Joguem como o Brasil. Capitão.

Thiago foi até o centro, carregando a faixa azul.

— O professor já disse tudo. Só queria complementar com uma coisa. Em 2018, eu disse para vários de vocês que todo o ponto de vestir essa camisa é honrá-la. Joguem como se fosse o último jogo. Deixem a vida de vocês em campo. Façam o que for necessário para que, independentemente do resultado, vocês possam deixar o campo orgulhosos do trabalho que fizeram. E, Marquinhos, essa belezinha aqui é sua.

O zagueiro posicionou a faixa no braço, prendendo-a e respirando profundamente ao começar a ouvir os gritos da torcida ao som da já conhecida canção: Wavin' Flag.

— Eu amo essa música - Marcelo assumiu, olhando para o teto. — Parece que ela cresce dentro de você.

— Então, usem isso - Thiago completou. — E entrem para jogar como a Seleção gigante que vocês são.

Os jogadores se pocionaram no túnel, dando pulinhos para controlar a própria ansiedade e manter o corpo aquecido para o jogo.
As seleções de Honduras e Brasil foram anunciadas pelos auto-falantes e a torcida foi à loucura imediatamente. Os jogadores caminharam até o centro do campo e se alinharam para cantar seus respectivos hinos nacionais.
Posicionaram-se em suas respectivas áreas do campo, preparados para dar início à partida.
Mariana tinha fotografado a entrada deles sob aquela música que lhe dava vontade de pular feito pipoca no próprio lugar. Também havia capturado o momento do hino e o posicionamento antes do apito. Agora, precisava acompanhar a partida e conseguir imagens relevantes e boas o suficiente. Entre um clique e outro, tirou alguns breves instantes para fazer uma rápida prece para que tudo corresse bem. Independentemente do que "bem" realmente significasse.
O apito estridente anunciou o início do jogo e motivou a torcida a começar a cantar cada vez mais alto músicas e gritos de guerra em incentivo à Seleção Brasileira. Ela ainda se surpreendia toda vez com o quanto o embalo que a torcida fornecia era capaz de fazer com que ela própria estufasse o peito e se sentisse motivada, confiante. Mal conseguia imaginar o que aquilo era capaz de provocar nos atletas para quem os gritos eram dirigidos.

O jogo começou com domínio brasileiro sobre a posse de bola. Raramente as jogadas aconteciam próximas ao gol de Alisson. Aos sete minutos, Richarlison pegou mal na bola do passe de Marcelo e perdeu a chance de dar início à nova temporada de dança do pombo. Aquela tinha sido a chance mais clara de gol até aquele instante.
Aos dezoito, um contra-ataque inesperado fez com que toda a torcida murchasse.

O altamente improvável acabava de acontecer:

Honduras abria o placar com uma cabeçada indefensável para o goleiro.

A fotógrafa capturou o momento da comemoração hondurenha e da decepção nos olhares verde-amarelos com um peso no próprio coração. Não conseguia acreditar no que tinha acontecido. Aparentemente, nem a seleção adversária podia acreditar. Mas a camisa amarela representava um mote óbvio.

Eles eram brasileiros e não desistiam nunca.

Após alguns instantes mornos para que o time conseguisse se recuperar do baque sofrido, Neymar sofreu uma falta perto da área. Quando o árbitro apitou, liberando a cobrança, todo o estádio ficou em silêncio, de forma que cada um ouvisse apenas a própria respiração pesada e as batidas ansiosas de corações fanáticos. Mas os gritos que vieram em seguida foram ensurdecedores. Em uma cobrança espetacular, o camisa 10 acabava de colocar a bola no ângulo e empatar o jogo.
Mariana segurou a própria vontade de gritar e sair correndo quando os jogadores retornaram ao vestiário para o papo com o técnico sobre as mudanças para o segundo tempo. Esse era um "problema" de ter se apegado tanto a eles. Nunca tinha percebido o auto-controle que poderia ter até ser obrigada a usá-lo.
A equipe de filmagem e fotografia em campo aproveitou o intervalo para um rápido lanche - que incluía alguns biscoitos e muita água -, aproveitando que o intervalo era dos narradores de cada canal e de longas discussões e comentários sobre a partida. Só de pensar em alguém criticando o primeiro tempo pelo gol tomado, ela já se sentia como uma mãe coruja querendo tirar satisfação. Mas sabia do potencial do time e tinha certeza de que viria um segundo tempo com mais objetividade.

E ela estava certa. Aos cinco minutos, os jogadores já estavam fazendo a dança do pombo perto da torcida brasileira que se colocava atrás do gol. Richarlison tinha finalizado com maestria de fora da área e ainda tinha recebido uma ajudinha das costas do zagueiro hondurenho que acabaram por desviar a bola e atrapalhar ainda mais o goleiro adversário.
Honduras veio com fome de bola, decidida a retornar ao empate, mas Marquinhos foi certeiro ao roubar a bola de Lozano, arrancando um "Olé" da torcida pelo drible subsequente. O Brasil tinha finalmente pegado gosto pelo jogo e não havia mais como pará-los.
O terceiro gol partiu de uma assistência de Marcelo para o pé principal de Coutinho.

Naquele momento, Brandt mal conseguiu se aguentar.

Nos acréscimos, Neymar fechou sua participação no jogo com uma assistência certeira para Douglas Costa decidir o resultado.

4 a 1 para o Brasil e a certeza de que eles ainda seriam capazes de fazer muito mais como time.

Os repórteres correram até a saída do campo, entrevistando alguns jogadores esbaforidos que tentavam formar algumas frases coerentes após todo o cansaço do jogo. Marcelo logo atraiu várias câmeras e estava tão feliz que passou longos minutos respondendo às perguntas naqueles microfones esquisitos.
Mariana estava prestes a guardar o seu material quando o telão do estádio anunciou a escolha de melhor jogador da partida. Suas lentes realizaram, então, o último trabalho daquela manhã ao capturar o semblante surpreso e maravilhado de Júnior ao ver a si mesmo na grande tela. O brilho em seus olhos estava entre as coisas mais lindas que a fotógrafa já tinha visto. Era verdadeiro, sincero de uma ponta a outra dos lábios. Honesto até quando os olhinhos se fechavam em descrença acerca da conquista.

Aquele, definitivamente, tinha sido um grande jogo.

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Fora da escuridão, eu vim mais longe

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K' naan - Wavin' Flag

Bad Dream ❈ Neymar jrOnde histórias criam vida. Descubra agora