"Ela nunca foi chegada em despedidas"
Eu me chamo antônio.
N/a: opa kk quanto tempo em galera kk
Entre leves provocações, altas risadas e várias danças coletivas com uma Seleção de animação bem brasileira, passaram o resto da festa. Pularam até que os pés realmente doessem ao ponto de cogitarem encontrar uma poltrona para adotar e chamar de sua até o dia seguinte. Estavam verdadeiramente aproveitando como se não houvesse amanhã.
Mas havia.
Havia não só o amanhã, como também um embarque pela noite. Alguns estavam brutalmente nervosos; outros, ansiosos por participarem de sua primeira Copa carregando a camisa amarela e o brasão brasileiro no peito. Uns já entoavam os gritos de guerra da torcida, adaptando-se à sensação das próximas semanas: a sensação de carregar consigo uma nação e uma paixão fervorosa pela bola.
Alguns sentiam um misto de emoções que jamais poderia ser explicado, não fosse a situação atual. Afinal, como era possível que um dos mais importantes jogadores da Era Tite embarcasse com a euforia do campeonato mascarada e misturada àquela dura sensação de que seu coração estava pequeno, trancafiado em seu peito? Estava indo até o Qatar buscar um troféu que já quase parecia deles por direito - pelo menos, era exatamente assim na mente de vários torcedores -, mas deixava para trás o que descobrira ser sua parte favorita de si mesmo. E aquilo já doía em antecipação, mesmo com a esperança do reencontro no casamento dos amigos.
O aeroporto era uma confusão de gritos, músicas, risadas e lágrimas ansiosas ou saudosas por aqueles que ficavam para trás, fossem família, amigos ou amores. Neymar não soltou a mão de Mariana por um passo sequer, desde o ônibus que os levara, até o portão de embarque. Não queria soltá-la, nem quando anunciaram que os jogadores deveriam começar o processo de entrada no avião.
As despedidas tomaram seu tempo esperado. Foram longas, cheias de abraço e umedecidas por aquelas lágrimas insistentes que se negavam a entender que algumas semanas de trabalho duro acabavam passando mais rápido do que eles sequer poderiam imaginar naquele momento - mesmo que já tivessem passado por situações como aquela dezenas de vezes desde suas respectivas categorias de bases. Deveriam estar calejados e facilmente acostumados, mas não.
Não se tornava mais fácil, apenas menos doloroso.
Mariana recebeu abraços de sua nova amiga, da comissão técnica, de Tite e de cada um dos jogadores. Alguns a rodavam no ar, outros beliscavam suas bochechas ou a apertavam com um pouco de força demais. Cada contato era como se ela perdesse um pedacinho de seu coração, quebrado e dividido em pequenas porções para que cada um daqueles caras levasse consigo para o outro lado do mundo. Ainda não conseguia acreditar no extremo apego que tinha acabado desenvolvendo tão rápido por cada um deles.
Com o horário de embarque já apertado, chegou o momento da última despedida; aquele que levava consigo o pedaço maior de todo o carinho e orgulho que ela sentia. Só de olhar para aquele sorriso maravilhoso - que agora se mostrava entristecido -, ela já sentia os olhos arderem, buscando esboçar mais emoções do que ela julgava necessário.
— Eu prometi para mim mesma que eu não ia chorar.
— Eu também - ele confessou. — Mas não está sendo nada fácil.
Mariana balançou a cabeça em concordância, aproximando-se dele antes de apertá-lo em seus braços como se jamais fosse soltá-lo. Foi a gota d'água necessária para que ela transbordasse. O contato do corpo dele contra o seu e a mão que subiu a fim de afagar os seus cabelos carinhosamente acabaram permitindo que uma lágrima teimosa escorresse rapidamente, quase como se estivesse arrependida pela fuga repentina e indesejada.
Júnior se afastou minimamente dela, apenas o suficiente para erguer o polegar e acariciar sua bochecha na direção do rastro molhado que havia sido deixado para trás. Mariana pôde ver de relance as lágrimas que o rapaz tinha nos próprios olhos antes que levasse sua boca à dela em um beijo que dizia todas as palavras que eles eram incapazes de esboçar e conectar coerentemente naquele momento.
— Eu volto para você - ele murmurou, olhos profundamente ligados aos dela.
— O casamento é antes disso - ela brincou, recebendo uma concordância que demonstrava que, de fato, por um instante, ele havia se esquecido daquele pequeno detalhe.
— Então, eu volto com você - concluiu, por fim, antes de beijá-la mais uma vez e, finalmente, ter de aceitar que já era hora de ir.
Pegou sua mochila e caminhou até o portão. Antes de entrar, olhou para trás uma última vez, sorrindo ternamente para a mulher, que acenou fracamente, enquanto comprimia os lábios, tentando não desabar na sua frente.
Com poucos passos, Neymar sumiu de seu campo visual e as portas foram fechadas atrás dele. Mariana finalmente permitiu que as lágrimas caíssem livremente, sentada em uma das poltronas relativamente desconfortáveis do aeroporto.Júnior, por sua vez, encontrou seu assento em meio aos colegas com um sorriso triste e recebeu tapinhas nas costas e ombros, relembrando-o de que logo estariam de volta.
— Dá para desligar essa porcaria de celular? Precisamos decolar - Marcelo reclamou com Thiago, que ainda tinha o aparelho ligado entre as mãos, digitando algumas mensagens apressadamente.
— Só precisava confirmar uma coisa. - Thiago sorriu. — Está tudo certo. Podemos ir.
Mariana, do lado de fora, fungava com força, preparando-se para atender a ligação em seu próprio telefone.
— O que é?
— Que voz fanha é essa? Ficou resfriada? Porque choro não pode ser, já que você não tem coração - Patrick caçoou do outro lado da linha.
— Maldito - murmurou. — Fala logo. Para onde vai me mandar? Aproveito que estou no aeroporto e já compro a passagem.
Patrick soltou uma risada abafada do outro lado da linha.
— Ah, você vai adorar.
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Bad Dream ❈ Neymar jr
RomanceADAPTAÇÃO. HIATOS O sonho estava bem longe de seu fim, e era isso que eles provariam a toda a torcida quando chegasse a próxima chance. 2018 FIFA World Cup Russia. Essa é apenas uma adaptação. Todos os direitos autorais são da autora de "Not Over"