Capítulo 2

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Aqueles números não saíram do meu pensamento, a proposta que me ofereceu é boa demais. Aquele dinheiro pode resolver muitos dos problemas que minha família está enfrentando, podemos até guardar e fazermos alguns passeios.

Estou sentindo uma quentura aqui... — Ai! — exclamei. Tinha que ser a Antalana para ficar confabulando consigo mesma e esquece que está cozinhando.

Sim, eu faço isso de vez em quando.

Cheguei em casa há algum tempo e estou esperando meu pai e meu irmão para termos uma conversa, somos muito francos uns com os outros e isso faz com que nossa convivência seja ótima. Espero que meu pai não embace com a minha decisão, quero aceitar o emprego pelo menos por um tempo, para juntar uma boa quantia e podermos respirar em paz até as coisas se ajeitarem.

Senhor Daniel, vulgo meu pai é um homem extremamente carinhoso, um tanto orgulhoso e nunca deixou faltar nada em casa. Nunca entendemos o porquê de mamãe ter nos deixado, acho que mesmo ter tudo nunca foi o suficiente para ela.

Já meu irmão caçula Noah é um menino muito estudioso, mas de vez em quando se perde quando uma mosca passa na sua frente.

Alguns minutos depois, com uma bolha na mão e uma mesa posta, sentamos os três para jantar. Depois de darmos as Graças, resolvo soltar a bomba.

¾ Recebi uma proposta de emprego melhor do que a entrevista que fiz hoje, papai. ¾ O silêncio predomina, então continuo ¾ São cinco dias por semana, com moradia, para ser uma espécie de enfermeira-babá para o filho mais velho do Dr. Felício Akaris. Ele sofreu um acidente e precisa de acompanhamento em seus exercícios fisioterápicos. Eu ganharei o suficiente para que o senhor não precise mais trabalhar tanto. Isso não é bom?

—  Filha, nós vamos dar um jeito. Você não precisa começar a trabalhar agora. Se preocupe em apenas terminar seus estudos, falta pouco. — Ele abaixa a cabeça e seus ombros começam a tremer, corro e o abraço. — Que tipo de pai sou eu que ao menos consigo por um prato de comida decente nessa mesa? — disse com os olhos cheios de lágrimas.

—  Oh, papai, fique calmo que tudo vai melhorar. Deixe-me aceitar essa proposta, assim fico no teste por pelo menos três meses. Se eu aguentar e quiser continuar, você diminui sua carga no seu emprego e ficaremos bem juntos. Se não, eu procuro outro ramo. Tudo ficará bem! — garanti.

Ele beija meus cabelos e me abraça com carinho. — Eu amo vocês dois — olhou para o meu irmão —, com todo o meu coração! Perdoem-me por fazer vocês passarem por isso.

—  Você já fez demais por nós, papai. Está na hora de retribuirmos — disse Noah com carinho.

É, o senhor quietinho também fala, galera!

— Vou arranjar um emprego meio período para ajudar, também. Já falei com o Juca lá da escola e ele disse que o tio dele precisa de um ajudante para manutenção dos computadores.

— Claro que não! — exclamou papai. — Se preocupe em terminar seus estudos do ensino médio e conseguir uma bolsa para o curso universitário que quer fazer.

— Pai, eu não estou pedindo. — reclamou Noah.

Noah é o irmão caçula mais quieto, ao mesmo tempo bagunceiro e amoroso que eu poderia pedir a Deus. Ele está terminando seu terceiro ano do Ensino Médio e mesmo tendo idade para arranjar um emprego, estamos o guiando para começar uma boa faculdade e conseguir um bom emprego a partir dela. Admiro muito as pessoas que trabalham e estudam ao mesmo tempo, tenho vários colegas assim e os respeito muito, mas quero que meu irmão se empenhe apenas nos estudos.

— Ok! Chega de mimimi e chororô. Limpem essas lágrimas e vamos terminar nosso jantar! — Bastou falar isso e meu pai já engaja em outro assunto.

— Aposto três à zero no placar de hoje...

— — —

Mau acordo e já vejo pela janela o céu nublado. Só mais cinco minutinhos...

Acordo novamente e TCHARÃ, Alanna está atrasada. Acho que pensei que o despertador misteriosamente iria religar, se posicionar no horário que imaginei e tocar novamente.

Depois de levantar e fazer minha higiene me troco, colocando uma calça jeans e uma blusa azul social e as mesmas sapatilhas que usei na entrevista e saio rumo a Empresa Akaris.

Entro no imponente e super clean prédio e vou em direção à recepcionista que me encaminha ao décimo oitavo andar. Sou recepcionada por uma senhora diferente do dia anterior, esta possui cabelos cobres e confortáveis olhos azuis. Sou encaminhada mais uma vez e enfim para a sala do Sr. Akaris.

—  Bom dia, minha jovem! — disse ele com um sorriso simpático. — Vejo que aceitou minha proposta ou não estaria em meus aposentos. Por favor, sente-se.

— Bom dia, doutor! Gostaria de dizer que pensei muito na sua proposta e aceito o desafio. Confesso que tenho um pouco de receio a tudo isto, sua oferta foi generosa demais e gostaria de trabalhar a altura do que você me propôs, para não sentir como se eu estivesse o extorquindo. Por isso, eu gostaria de apresentar uma contraproposta.

— Pois bem, diga-me. — E faz aquela velha posição de segurar o queixo entre os dedos.

— Trabalharei durante o primeiro mês do meu jeito e no final do mês, o senhor me paga o quanto achar que valeu meu serviço. Fique à vontade para me supervisionar durante este tempo, por isso não aceitarei o cheque que fez ontem.

Seus olhos viraram duas linhas finas e um sorriso apareceu em seus lábios.

— Tire o resto da semana para se acostumar. Segunda-feira as dez, terá um carro em sua porta para levar algumas de suas coisas e você até a casa de Frederico.

Agradeço e saio de seu escritório e empresa para aproveitar o restinho de liberdade que terei e agradecendo a Deus por mais uma conquista e alegria.

Estou confiante de que darei o melhor de mim para este trabalho, sempre fui dedicada em tudo que fiz então não será este emprego que fará com que as coisas sejam diferentes.

Segunda-feira e Frederico que me aguarde, furacão Alanna vai chegar com tudo!

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