CAPÍTULO 3 - PROPOSTA

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A festa na mansão Holloway foi o escândalo do ano, considerada a noite mais surpreendente e aterrorizante, não cairia em esquecimento tão cedo, jovens bêbados, boa parte deles sem saber o que aconteceu, todos com depoimentos confusos. No fim da noite Jared estava dentro da Jacuzzi, Carolaine na piscina, Valerie, Lara e Neto dentro de um quarto, Charlotte na banheira e Jade na escada do salão principal, outros convidados espalhados pela casa. Emma sumira da festa, dentre todos listados, três deles estão mortos!

20 horas antes...

Jade e seus amigos saíram na sexta-feira depois da aula para fazer compras para festa na mansão Holloway, as três foram até o centro da cidade onde tem muitas lojas de roupas famosas. Jade estava dirigindo o carro, Lara no banco do passageiro, Emma atrás com George, no som a música Watermelon Sugar com volume mediano, Jade cantarolava enquanto olhava no retrovisor esperando o sinal abrir.
– Quais lojas nós vamos? Quero algo confortável e bonito. – Emma disse.
– Então compra um sofá queridinha. – George disse e gargalhou.
– Vamos até a loja nova da Antonella, mas só daqui uma semana que essa notícia pode ser divulgada, ou eu sou uma pessoa morta, na loja vocês vão perceber as roupas de Milão que ela mandou no mês passado. – Jade disse contente em dividir o segredo com as amigas.
– Estou morrendo de saudades dela, pena que não fica aqui por muito tempo. – Emma falou triste.
– A irmã que a gente ama mora do outro lado do oceano e o que todos detestam não sai da mesma casa. – Lara disse e riu batendo na boca pelo que disse.
– Chegamos. – Jade disse empolgada estacionando o carro no estacionamento da loja ao lado de um Grand Vitara branco que ela reconhecera e deu um sorriso, mas manteve segredo.
– Em algumas semanas Antonella virá para mostrar esse maravilhoso trabalho aqui, e ela me pediu para que arrumasse as modelos e a decoração, todos vocês estão aqui porque nós vamos desfilar com as roupas desse lugar incrível. – Jade falava cada vez mais empolgada enquanto todos caminhavam para o interior da loja, dois andares de vidro, roupas finas e famosas, manequins bem distribuídos ocupando as vitrines com acessórios e bolsas.
– Parece que estou em Milão fazendo compras. – Lara disse feliz abraçando um casaco de pele.
– Em Milão não tem esses modelos tão legais quanto a gente. – Théo disse descendo as escadas de vidro do segundo andar da loja.
– O Holloway também vai desfilar? Vai ser sucesso. – Emma perguntou arqueando a sobrancelha e George que não simpatizou com Théo demostrando irritação pelo novato.
– Eu o convidei, precisava de alguns modelos homens e eu preciso levá-lo ao banco em 1 hora, achei perfeito. – Jade se explicou.
– Ata, o senhor falsificado. – George resmungou.
– O que você disse George? – Emma perguntou para que ele repetisse alto e todos o olharam.
– Qual é, essa família sempre foram uns falsos manipuladores, não sei o que está fazendo aqui? E que Holloway não tem o cabelo branco? – George disse escolhendo uma bermuda jeans em uma bancada de madeira nervoso.
– Me desculpa Théo. – Jade se desculpou pela atitude de George, Lara e Emma concordaram com ela.
– Desculpa George eu não concordo com muitas atitudes da minha família, eu conheço o histórico deles, pintar o cabelo foi uma tentativa de não chamar atenção. – Théo respondeu educadamente a George, mais do que ele merecia e sanou a dúvidas das meninas se ele tinha ou não tingido os cabelos brancos.
– Eu acho que deveríamos experimentar esses vestidos Valentino, e meninos separei esses ternos William Fioravanti Bespoke, vocês poderiam experimentar e observem se é necessário algum ajuste. – Jade disse tentando acabar com o clima pesado.
– Cada um de vocês vão selecionar dois modelos da loja, um deles vocês iram na festa de hoje e não esqueçam de postar a foto no Instagram, o outro vocês iram usar no dia do desfile. – Jade completou, todos foram para os provadores e escolher outras peças.
– Ei, Théo. – Jade quase sussurrou se aproximando.
– Oi. – Ele disse sorrindo chegando mais perto.
– Acho que seu cabelo está incrível, mas não precisa se esconder, vamos gostar de você da mesma forma. – Jade disse tímido sabendo que jamais ele poderia ser excluído de algo, mas naquela cidade ter um nome fundador era como um alvo, e ela notou o quanto ele ficou incomodado em ser ele mesmo com medo das opiniões.
– Você gosta de mim? – Théo disse sorrindo.
– Eu quis dizer, você é legal, você é simpático. – Jade disse com um sorriso amarelo com muita vergonha tropeçando em todas as palavras.
– Vai usar essa roupa na festa? A cor vai ficar linda em você. – Théo disse apontando para as peças na mão de Jade mudando de assunto para ela não ficar constrangida.
– Obrigada, sim será essas peças, vou escolher um sapato. – Jade sorriu agradecida, experimentou depressa uma saia de cintura alta escura com uma jaqueta Prada por cima de uma t-shirt., logo trocou de roupa e caminhou até o caixa da loja com as peças e um vestido curto casual, a vendedora colocou todas as peças na sacola com delicadeza.
– Está pronto Théo? – Jade perguntou puxando a sacola grande.
– Sim, débito por favor. – Théo entregou o cartão a moça do caixa junto com suas peças que usaria na festa.
– Você vai usar as roupas da loja na festa, não precisa pagar. – Jade reclamou.
– A loja é maravilhosa, essas roupas valem cada centavo.
– Então você poderia me fazer um favor. – Jade disse com um olhar maléfico o qual tinha algum plano.
– Ele não vai pagar essas peças, busque o vestido preto por favor, e aquele modelo novo masculino, Théo vai pagar somente eles, e não esqueça de encher de cartões da loja. – Jade disse sorrindo e Théo ficou sem entender.
– O que você tá fazendo? na verdade o que eu estou fazendo? –  Ele perguntou rindo.
– Se as três pessoas com mais holofotes da noite, usarem as roupas daqui a loja irá dar um grande salto nas vendas. – Jade disse lembrando de como Carolaine e Anthony são influenciadores na pequena cidade.
Dentro do carro Jade estava na posse do volante e Théo olhando o celular com vergonha no banco do passageiro, estava um clima de timidez no ar, o caminho da loja até no banco era de 10 minutos, mas parece um caminho com 10 horas de silêncio, Jade sentiu uma corrente elétrica no corpo seguido de uma sensação de borboletas no estômago, ela desviava o olhar da pista para Théo e analisava seu rosto corado.
– Boa tarde Ludmila. – Jade passou pela secretária do seu pai que estava atrás de uma grande mesa em formato L com muitos papéis organizados e um computador.
– Olá Jade. – Ela sorriu receptiva e andaram até a sala de Rory, Théo seguiu seus passos em silêncio, o único barulho era os saltos de Ludmilla no piso de granito ecoando.
– Senhor Hughes. – Ludmilla abriu uma parte da porta e voltou para a sua mesa depois de sinalizar para Théo e Jade entrarem.
– Pai, com licença. – Jade entrou depois de Théo e fechou a porta, Rory estava à espera deles.
– Senhor Hughes muito prazer, Sou Théo Holloway. – Se cumprimentam com um aperto de mão educado.
– O prazer é todo meu em te receber aqui senhor Holloway, lembro de você um bebezinho, aceita algo? – Rory sempre muito gentil.
– Não obrigada, bom eu vim com uma ótima intenção de proposta, pedi a Jade que fizesse parte dessa reunião pois creio que ela é sua herdeira, e como sua filha imagino que vocês estariam interessados em uma sociedade entre fundadores. – Théo com seu sotaque britânico conversando sobre finanças deixou Jade boquiaberta novamente e uma leve tontura.
– Prossiga por favor. – Rory disse empolgando se sentando na cadeira feita de couro de diretor.
– Eu estive olhando com um reitor de uma boa universidade da Inglaterra, ele está interessado em abrir um campus da mesma aqui nos Estados Unidos, e onde seria melhor uma obra como essa do que na floresta de Hooverville? Minha tia me disse para falar com você que me ajudaria. – Théo arrancou um turbilhão de pensamentos de Jade sobre o futuro.
– É uma obra grande e de extrema importância, precisamos de excelentes profissionais pois a burocracia com o governo para usar uma boa parte da floresta para a construção é muito grande, jamais permitiriam, com risco de prejuízo inclusive, além das obras, gastos, etc. – Rory o respondeu mostrando os pontos que poderiam arruinar o projeto.
– Sim claro, esse projeto esperar o apoio do governo é uma ideia tola, mas um lugar grande e particular, no qual poderíamos ceder, um lugar como o Valle por exemplo. – Théo perguntou seguro de que era um lugar apropriado, Rory não ouvia esse nome há muito tempo, Jade ficou confusa.
– O que é o Valle? – Jade perguntou tentando se lembrar.
– Se você sabe do Valle, sabe que é impossível vender, alugar ou construir lá, ninguém tem autorização para usar dessa forma. – Rory disse severo.
– Eu sei, mas se encontrarmos o baú, saberemos quem é o novo proprietário. – Théo disse com todo o plano premeditado para a reação de Rory.
– Onde é o Valle? – Jade perguntou nervosa de pé.
– Querida, o Valle é a maior casa de Hooverville, ela fica na floresta, na propriedade tem até um lago de tão grande, é um verdadeiro castelo. – Rory explicou Jade.
– Como eu nunca ouvi falar? Isso fica aqui em Hooverville? – Jade estava mais confusa.
– Sim fica, no coração da floresta, pouca gente conhece porque tem árvores gigantes ao redor, chegar lá por aqui é quase impossível de achar, teríamos que pegar o caminho da floresta que é praticamente secreto de tão antigo. – Théo explicou.
– Precisaríamos achar a pista, como vamos encontrar algo que está sumido por quase 100 anos? E se por acaso nem estiver deixando aquela propriedade para alguém? Ou se for da família Leroux? São muitas variáveis sem nem possibilidade de solução. – Rory reclamou e citou o baú enterrado.
– Confie em mim senhor Rory, eu e minha tia estamos estudando diversas tentativas, além de que eu trouxe um investigador da Inglaterra essa semana para procurar pelo baú, e seja com quem for, nossas famílias unidas vão conseguir ter aquele terreno, somos fortes juntos. – Théo o encorajou.
– O terreno é como o banco e o hospital? Não pode ser vendido por causa do sumiço dos testamentos? – Jade tirou a conclusão sozinha e se assustou, alguns terrenos na cidade não pode ter um proprietário ou ser usado por alguém sem sobrenome fundador, depois que um dos fundadores escondeu os testamentos pouco tempo depois ele se suicidou, o testamento deles necessitava da assinatura dos cinco, sem um deles, os únicos testamentos válidos estão perdidos.
– Traga o investigador, faremos o possível para conseguir o terreno, mas não será fácil, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance. – Rory disse fechando negócio com Théo que sorriu feliz. Jade não sabia como reagir, bebeu um copo de água em apenas um gole, arregalou os olhos e depois sorriu sem entender o que estava sentindo.

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