CAPÍTULO 7 - FUNERAL

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– Théo Hughes e eu contratamos um investigador para descobrir onde o baú com os testamentos dos fundadores estão enterrados. – Rory disse empolgando cerrando os punhos.
– Rory francamente você já é bem adulto, ainda pensa nesses contos de fada? Théo querido você realmente é uma graça é um prazer te conhecer, mas ceder as loucuras do Rory? – Meghan disse com suas mínimas rugas desapontada enquanto cruzava os braços deixando o casaco azul com as mangas mais curtas.
– Hoje pela madrugada resolvi passar pelo apartamento do Jared, e descobri que ele achou uma pista do baú na noite que você foi sequestrada Jade. – Rory disse e absolutamente todos ficaram espantados e sem reação por ele ter ter encontrado algo.
– Como é possível? – Antonella perguntou assustada. 
– O notebook dele, encontrei em uma conversa com um investigador no e-mail, quando procurei tem centenas de conversas deles sobre o baú, mas eu acredito que no celular dele pode ter mais coisas. – Rory respondeu.
– Onde ele encontrou? E cadê a pista? – Théo perguntou mais nervoso do que empolgado.
– Em uma das conversas Jared disse que escondeu em um lugar bem seguro, então eu fui até o lugar mais seguro da cidade, no banco, mas não havia nada no cofre.
– Ele não esconderia tão óbvio, o lugar mais seguro que ele considerava era com a Charlotte. – Jade disse opinando sabendo que Charlotte era a pessoa que Jared mais confiaria para algo dessa forma.
– Olhar o cofre dela não seria quase crime? – Antonella perguntou.
–  Charlotte morreu, se você pegar antes que os pais dela abram o cofre, podemos descobrir o que o Jared estava planejando e se foi por isso que ele morreu. – Théo disse pensando em cada possibilidade.
– Vocês estão ficando malucos! – Meghan disse assustada, mas entendeu por que todos estavam tão obcecados para encontrar uma justificativa para a morte de Jared.
– Mas onde ele conseguiu a pista? Como? – Jade insistiu nessas perguntas, ela sabia que ele não conseguiria bem debaixo do nariz de tantos fundadores.
– Ainda não sabemos, mas essa semana terá muita gente aqui, apenas não deixem que esse assunto se espalhe mais do que o necessário.
– Ok cuidaremos disso, pai vá direto para o banco com a mamãe, Théo procure pelo celular do Jared que provavelmente está na sua casa, Antonella vai na frente para o enterro que eu vou pegar o notebook dele no apartamento, nos encontramos no funeral em 50 minutos. – Jade disse séria se esquecendo de um detalhe.
– Acho que minha casa ainda não está liberada. – Théo a lembrou que a polícia ainda estava na casa.
– Entre lá então. – Jade disse com tom sarcástico deixando claro que Théo deveria arrumar uma forma de entrar em casa, e ela não importava como fosse.
Théo entrou em casa temeroso por causa dos últimos acontecimentos, as portas da frente estavam abertas e uma faixa amarela, logo ele viu um policial andando em sua direção.
– Eu posso pegar uma roupa para o funeral? – Théo perguntou pro policial que já estava pronto para afastá-lo. – Ninguém pode entrar aqui, existe o risco de comprometer evidências da cena do crime.
– Eu estou dormindo em um hospital a dias, preciso de pelo menos um banho descente e usar minhas roupas, cinco minutos eu só vou pegar uma roupa preta. – O policial se sensibilizou depois de tudo que acontecera nos últimos dias na própria casa. Théo subiu as escadas em segundos, entrou no quarto de Carolaine depressa e começou olhar cada centímetro, nas gavetas e armários, caixas de sapatos, entrou no banheiro que ainda estava coberto de sangue e também não encontrou nada, Théo olhou pela porta de vidro da varanda e andou até a área da jacuzzi, olhou para os lados e na churrasqueira  junto da brasa percebeu algo incomum, considerando que ela não era usada a muito tempo pela família.
Rory e Meghan foram até o banco às pressas, entraram pela porta dos fundos para não chamar atenção pois estava fechado, cuidadosamente Rory digitou a senha no teclado da porta para o interior do cofre.
– No computador, busca por Leroux no banco de dados. – Rory disse para Meghan que foi imediatamente.
– Charlotte Leroux, número 2753. – Meghan disse alguns minutos depois, Rory percorreu todas as gavetas na parede com os olhos em segundos, ele conhecia aquele cofre como a palma da mão.
– Encontrei. – Rory puxou a caixa da parede com uma chave mestra e Meghan se aproximou curiosa.
– Que maravilhoso. – Meghan disse boquiaberta com um colar de pérolas em uma caixa preta de veludo.
– Ela guardou barras de ouro etiquetadas. – Rory espantou. – Faculdade e Casa. – Rory leu as etiquetas enquanto lutava com a dificuldade de tirar a barra do lugar por causa do peso.
– Bisneta de investidor faz sentido ter isso. – Meghan riu.
– Não tem nenhuma pista. – Rory resmungou.
– Rory meu amor, sempre serei mais esperta que você? – Meghan disse sorrindo e pegando a caixa do colar.
– Mulheres milionárias que guardam dinheiro em barras de ouro não precisam esconder colar classe média em cofres no banco. – Meghan retirou a parte superior da caixa do colar revelando um fundo falso com um mínimo espaço onde estava um papel dobrado.
– São coordenadas. – Rory e Meghan se entreolharam e guardaram tudo depressa, fecharam as portas e saíram em disparada ao funeral.

Jade entrou no apartamento às pressas, pegou o notebook em segundos que estava em cima da mesa, ao sair pela porta notou o telefone na mesa alta encostada na parede sinalizando que tinha mensagem na caixa postal.
– Jared desculpa por ter contado para ela, sei que você está nervoso, mas vai ficar tudo bem, enchi o seu celular de mensagens também, amanhã vou pegar o exame para sabermos o sexo do bebê na clínica perto daquele restaurante japonês que você gosta, espero que venha comigo e nós podemos almoçar lá, eu te amo.
Jade ficou triste de ouvir a voz de Charlotte com tanta esperança, mas também essa mensagem deixou nela uma curiosidade a qual precisara ser cessada, e ao invés de ir diretamente para o enterro de seu irmão, ela foi a clínica onde estava o resultado do teste para saber o sexo do bebê.

– Onde você está? Eu e seu pai já estamos aqui. – Meghan disse ansiosa por mensagem.
– Chego em um minuto.
– As pessoas estão começando a perguntar, precisa se apressar.

– Encontrei, estou chegando no Funeral. – Théo mandou a mensagem e Jade olhou de relance.
– Ok, estou a caminho. – Ela respondeu com uma mão enquanto a outra estava no volante com o olhar preso na rua.

Jade guardou o celular no bolso de trás do jeans preto e entrou num consultório médico de dois andares com uma porta de vidro adesivada em verde.
– Boa tarde, vim pegar o resultado de uma ultrassonografia de Charlotte Leroux. – Jade disse para a recepcionista com um uniforme padronizado com lenço no pescoço.
– Boa tarde senhora, você deve ser a madrinha do bebê. – A recepcionista disse olhando a tela do computador.
– Sou eu, Carolaine. – Jade sorriu simpática, mas no fundo estava nervosa por se passar por outra pessoa.
– Aqui está Carolaine, a outra cópia foi enviada para o Pai como Charlotte pediu. – Ela conferiu o nome no exame e entregou.
– Obrigada. – Jade saiu confusa de não ter visto exame no apartamento do Jared, virou-se para o elevador e o celular vibrou, nova publicação no Instagram. As fotos dos exames com a legenda “O pequeno Hughes Leroux não sobreviveu, ainda não foi dessa vez que surgiu o Híbrido fundador, lamentamos muito.” ela revirou os olhos irritada.
Chegando no velório a maioria das pessoas já sabiam sobre o filho de Charlotte e Jared, Jade chegou e seus pais disseram algumas palavras durante o funeral, antes dele ser enterrado toda a família Hughes jogou uma pá de terra em sua cova, todos fiLaram muito emocionados apesar de não aparecer muitas lágrimas e quase ninguém ter uma relação boa com o falecido, ele era novo demais para morrer daquela forma trágica.
– Ele não prestava, espero que se arrependa. – Antonella disse baixinho para que somente Jade ouvisse.
– Ele era nosso irmão, mas eu concordo, espero pelo bem dele também. – Jade disse no mesmo tom de voz.
– Ele nos odiava. – Antonella respondeu fria, enquanto Jade olhava fixamente o caixão ser completamente coberto por terra.
– É errado se sentir aliviada? – Jade perguntou triste.
– Por que demorou tanto? – Rory já começara a dar uma bronca e assustou Jade.
– Fui pegar os exames, ia ser um menino. – Jade disse escorrendo algumas lágrimas, e no rosto de seu pai também surgiu lágrimas.
– Que demora Jade. – Meghan chegou perto.
– Desculpe. – Jade disse.
– Ia ser um garoto, nosso neto era um menino. – Rory disse para Meghan, que se comoveu com a situação e se abraçaram.
– Oi tudo bem? – Théo se aproximou.
– Oi, está sim. – Ela respondeu triste e Antonella saiu para dar privacidade aos dois, assim como Rory e Meghan.
– Você que postou aquilo no Instagram? – Théo perguntou mais alto que deveria.
– Não, alguém pegou a cópia que foi enviada para o Jared. – Jade se explicou irritada.
Todos ouviram o sino terminado de enterrar Jared, e em um túmulo próximo Charlotte ia ser enterrada em breve, o capitão Andrew achou melhor fazer em horários diferentes pois a principal suspeita da morte de ambos era uma briga entre eles, Liza Leroux chorava muito, mas permanecia com toda a elegância, Neto Leroux irmão de Charlotte estava entre soluços. Charlie estava de óculos escuro e nenhuma lágrima foi vista em seu rosto quadrado com poucas rugas, logo se encerrou o segundo enterro da mesma forma que o de Jared havia muitos familiares, Rory achou prudente permanecer para o funeral de seu neto por respeito.
– Vamos para casa. – Rory disse perto de sua família sem muito alarde, em minutos três carros saíram a caminho da mansão Hughes as pressas, Théo saiu do Gran vitara branco estacionando na porta, em outro carro saiu Jade e Antonella com o Notebook, no último carro Maghan e Rory com as chaves na mão para abrir a casa. 
– Jade, você não está respondendo mensagens, está tudo bem? – Disse George se aproximando da casa, ele estava com roupa de exercício, uma garrada de água e fones de ouvido.
– George o que faz aqui? – Jade perguntou assustada e Théo e Antonella observou.
– Eu estava passando como sempre, você está bem estranha. – Ele respondeu encarando o notebook nas mãos de Antonella.
– Vamos entrar Jade. – Théo disse educadamente, mas não tirava os olhos de George.
– Ei Lara você acha que é quem? – George empurrou Théo pelos ombros aos berros que o olhou com raiva, mas ele não teve nenhuma resposta.
– Para com isso agora George, vá embora, quando eu puder te respondo. – Jade gritou o espantando para longe do Théo.
– Entrem agora. – Antonella disse séria, Jade e Théo passaram pela porta sem olhar para trás.
– Já é a segunda vez que ele surta comigo. – Théo comentou sobre George.
– Ele era bem gentil da última vez que eu vim, mas ele surtou mesmoj ali. – Antonella respondeu concordando.
– Ele brigou com o Théo na loja também, não faço ideia o que está acontecendo com ele. – Jade disse apreensiva enquanto prendia o cabelo longo.
– O notebook, e alguém roubou uma cópia do exame de gravidez da Charlotte que a clínica mandou pra casa do Jared e a outra está comigo, só que foi postado em um Instagram estranho essa cópia. – Jade disse para todos na casa colocando o notebook sobre a mesa.
– Ela fez o exame em uma clínica ao invés do hospital dos pais dela? - Antonella perguntou.
– Parece que eles queriam segredo absoluto sobre a criança.
– Jared queria, a Charlotte estava empolgada com a gravidez, ele tinha algum plano. – Jade completou a afirmação de Théo.
– Bom eu encontrei o celular ele estava na churrasqueira. – Théo disse feliz colocando o celular carbonizado dentro de um saco plástico na mesa. 
– Encontramos coordenadas, vou pesquisar onde pode ser e começamos a cavar. – Rory disse empolgado e Jade se sentou na mesa e começou olhar o notebook, entrou nas redes sociais que estavam logadas com todas as senhas salvas.
– Jared estava procurando uma garota igual loco. – Jade disse curiosa apertando os olhos pelas lentes bifocais.
– Como sabe? – Théo se aproximou.
– Ele pesquisou o nome um milhão de vezes, Chloe. – Jade leu em voz alta.
– Não conheço nenhuma Chloe em Hooverville. – Rory respondeu convicto.
– Provavelmente era alguma garota que ele saiu que não era da cidade. – Antonella disse nervosa.
– É claro, ele saia muito para festas de faculdades nos fins de semana. – Meghan concordou com a filha Antonella.
– Bom eu vou atrás das coordenadas, assim que desenterrar algo ligo para vocês. – Rory disse empolgado levando uma pá para o carro.
– Rory de onde você tirou essa pá?  – Meghan saiu gritando atrás dele e todos gargalharam.
– Vou na casa das meninas, volto antes do jantar, falando nisso o que vocês acham de ir em algum restaurante? – Jade perguntou esperando resposta de Théo e Antonella. 
– Acho melhor pedirmos, sair hoje pode dar entender outra coisa. – Théo disse se referindo a morte de Jared e Charlotte.
– Ele tem razão Jade, vamos pedir pizza e ver um filme. – Antonella disse sorrindo com a opção.
– Vou ver como a Carolaine está e posso jantar com vocês estou sem casa essa semana? – Ele riu envergonhado.
– Pode dormir aqui Théo, temos dois quartos de hóspedes. – Meghan disse carinhosa se lembrando que na casa havia os quartos dos três filhos, o do casal e mais um para visitas, mas depois que Jared ganhou o apartamento o quarto dele foi limpo e era usado para visita também, depois da separação ela pretendia passar a noite em um deles e ofereceu o outro para Théo.
– Obrigado, vejo vocês mais tarde. – Théo disse agradecido, olhou o celular e se aproximou de Jade, deu um beijo em sua testa e saiu pela porta.
– Senhora Hughes Holloway. – Antonella brincou.
– Papai me mata se ouvir isso. – Jade riu.
– Na verdade ele está bem diferente nos últimos tempos, mais calmo, está até aceitando você e Théo.
– Verdade, ele mudou bastante.

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