12- Daniel

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As lágrimas desciam queimando sobre seu rosto. Lembrou-se de quando o gato não passava de um filhotinho, das noites em que o gato dormia em sua cama. Nas noites em que o irmão já dormira e ele sem sono ficava ouvindo os choros da mãe, encontrava um pequeno conforto no gato. Mas o Ogro agora tirara isso dele, ele sempre tirava tudo que era de bom.

A mãe também estava chorando em silêncio ao seu lado, seu corpo tremia. A expressão dela estava diferente, encarava o chão, as mãos estavam cerradas. E ele ficou assustado quando viu sangue saindo por entre seus dedos. O Monstro estava parando de rir quando a mãe levantou lentamente o rosto e o encarou.

"O que foi mulher? Por que está me olhando assim?" Ele perguntou.

O que aconteceu a seguir deixou os dois meninos abismados; a mãe, que sempre fora submissa, que nunca partira para a agressão; pulou sobre aquela criatura nojenta dando lhe vários tapas e socos.

"Seu Monstro! Criatura Nojenta! Maldito Porco Bêbado!" Ela gritava enquanto cobria ele com seus golpes. Daniel viu Nicolas indo em direção ao pai também, mas antes que ele conseguisse chegar aos dois o Porco empurrou sua mãe e ela caiu batendo a cabeça na quina da cadeira de madeira. Ele ainda estava na fase dois, e parecia ficar mais forte nela.

Nicolas parou onde estava e assim como Daniel correu para onde a mamãecaíra. Daniel juntou o choro de ver a mãe ali, com o do gato, agora morto, e aslágrimas desceram em torrente. E dali em diante a torrente só aumentou, poissacudia a mamãe e ela não respondia... Chamava seu nome e ela não respondia.Passou a mão em seus cabelos e chorou ainda mais quando elas vieram sujas desangue. O irmão checava o pulso dela. Pela primeira vez Daniel o viu chorando.Nicolas também estava chamando pela mamãe. Mas ele percebeu no olhar do irmãoque ele não acreditava que ela pudesse responder, e isso só aumentou seudesespero. Ela sempre dizia que o bem vence no final. Ela sempre dizia que Deuscuidaria de tudo. Que os de bem seriam exaltados e os malvados castigados...Então porque o Porco se encontrava ali de pé enquanto ela jazia no chão? Eleabraçou-se com o corpo da mãe e em pensamentos pediu, orou, implorou para quetudo aquilo fosse um pesadelo...     

O tênue brilho da inocênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora