Eu não lhe podia contar o que realmente recebera, por isso teria que arranjar uma desculpa melhor. E, assim como de repente, surgiu-me uma ideia. Como não me lembrava de nada melhor tinha que usar aquela. Está bem que era um pouco maldosa pois iria preocupa-la, mas prefiro que seja assim do que lhe contar a verdade.
"Era uma mensagem do meu médico de familía..." - menti.
"Como assim? Está tudo bem? O que se passa?" - ela arregalou os olhos parecendo começar a ficar com eles chorosos. Esta rapariga não existe, se só com isto ficou preocupada então se disser que alguém está doente ela vai morrer! Tenho que aliviar a tensão.
"Não se passa nada, foi apenas o meu médico de familía a marcar a próxima consulta. A da semana passada foi cancelada então ele marcou outra"
"Marcar uma consulta para o quê?"
"Consulta de routina" - acho que já me lixei. Ela não vai acreditar.
"Hm... Ok..."
Eu nem acredito que ela acreditou! Ela não custuma acreditar nas coisas assim tão facilmente mas pronto, é melhor deixar para lá...
"Olha, que queres para o almoço?" - perguntei.
"Mas ainda agora acabamos o pequeno almoço! Ahahah se estás com fome comes uma fruta e daqui a duas horinhas eu arranjo-te o almoço" - ela riu. Conhece-me bem demais esta garota.
Peguei numa maçã que estava na fruteira e comecei a comê-la enquanto me dirigia ao sofá na sala. Eu conhecia tão bem aquela casa como se fosse minha e era tão bem vindo que a minha pequena e a mãe dela passavam a vida a dizer que a casa também era minha. E, para ser honesto, sentia-me mais em casa aqui do que na minha própria casa.
A minha casa não fica muito longe da da Madisson. Fica a cerca de 100 ou 200 metros. Fica no mesmo quarteirão o que foi excelente enquanto eramos miudos e eu ainda não tinha a carta. Bem, foi excelente até a Daisy falecer porque, a partir daí, ela passou a vida a destruir as bonecas dela, deitou para o lixo tudo o que era carrinhos e casas de bonecas e lançou para a lareira todo o tipo de comida de plástico e instrumentos de cozinha. A única coisa que resta é um vaso cor-de-rosa no seu quarto que ela tem desde pequena e que, de três em três meses, coloca lá margaridas (margarida=daisy). Sempre que entro no quarto dela e olho para o vaso com as margaridas parece que vejo o rosto da Daisy... Foi a única coisa que ela deixou em memória dela...
"RUUUUUUUUUUUUPPEEEEEEEEEEEEEEERT! CHEGA AQUI IMEDIATAMENTE! RUPPERT CHARLES NEWMAN VEM AQUI JÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!!!!" - ui, ela é como a minha mãe, quando diz o meu nome todo é porque algo esta mal, muito mal...
"VOU JÁ MANINHA QUE EU VENERO E QUE FICARÁ PARA SEMPRE NO MEU CORAÇÃO!" - acho que assim ela acalma-se um bocadinho porque depois começa a rir e os nervos causados, sabe-se lá pelo que eu fiz, diminuem para metade!
Corri para a casa-de-banho pois a sua voz vinha de lá e quando lá chego a porta estava trancada para que eu não a pudesse abrir e logo a seguir comecei a bater na porta enquanto lhe dizia para ela a abrir. Não ouvia nada, apenas um choro fraco e comecei a ficar preocupado, isto não poderia estar a acontecer outra vez ...
Madisson POV#
Isto não poderia estar a acontecer outra vez ... Encolhi-me num canto da casa-de-banho ainda agarrada à lâmina agora com gotas do meu sangue lá marcadas. Eu estava a tomar banho quando me deparei com uns pequenos pêlos nas pernas e quando peguei na gillette para os eliminar... Aconteceu! Já não sou eu que controlo o meu corpo, parece que ficou mecanizado para aquilo! Desdos meus 14 anos que o faço e não era agora que eu ia parar...
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The Time Change Right?
Genç Kurgu"O tempo muda certo?" - perguntou. "Sim pequena, o tempo muda..."