O Silêncio de Harry Potter

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Rony olhou esperançoso pela janela, aguçando a visão, esperando ver de longe a coruja branca trazer a resposta das dezenas de cartas que enviara naquele verão. Mas, bem longe, vinha uma coruja acinzentada voando com dificuldade, trazendo consigo uma resposta de outra carta. No fundo sabia que a tal coruja branca não iria trazer sua resposta. Ao entrar pela janela a velha coruja da família, Errol, caiu desmaiada. Rony bufou e deitou o pássaro na mesa, desamarrando o envelope de sua pata, deparando-se com uma inconfundível letra bonita e caprichada.

"Querido Rony,

Também não obtive resposta alguma. Enviei algumas cartas por correio trouxa, mas também foi em vão. Talvez o tio dele o tenha proibido de enviar cartas. Convenhamos que ele não é nada agradável e faria qualquer coisa para prejudicar o Harry. Mandei um presente de aniversário a ele, mas creio que ele também não recebeu.

Ah! Não posso ir a sua casa por hora, tenho estado um tanto ocupada, Mas agradeço sinceramente o convite.

Afetuosamente

Mione"

Rony suspirou desanimado, se jogando de costas em sua cama, a carta escorregando de sua mão. Ronald Weasley, um garoto alto, magro e ruivo, caçula de cinco irmãos (mais velho apenas que a única menina, Gina) e, como toda sua família, era um bruxo. Estudava na melhor escola de magia e bruxaria do mundo, Hogwarts, que era dividida em quatro casas: Lufa-Lufa, Corvinal, Sonserina e Grifinória, sua casa, onde no ano anterior cursou o primeiro ano junto a seus amigos Hermione Granger e Harry Potter. O trio ficou conhecido por lutar contra vários obstáculos para salvar a Pedra Filosofal das garras do Lorde das Trevas, Voldemort, um bruxo perverso que no passado fizera várias vítimas, e que fora derrotado por Harry quando ainda era um bebê, feito que fez com que seu melhor amigo se tornasse a pessoa mais famosa do mundo bruxo.

Por falar em Harry, algo estava errado. Tanto Rony quanto Hermione enviaram a ele diversas corujas durante todo o verão, mas não obtiveram resposta alguma. Talvez Hermione tivesse razão, o tio de Harry, que era trouxa – ou seja, não possuía magia dentro de si – não gostava dele e não aceitava o fato do garoto ser bruxo; talvez estivesse impedindo-o de responder as cartas. Ou poderia ter acontecido algo pior ainda, Você-Sabe-Quem não estava morto, e mesmo que estivesse em uma semi-vida ainda havia diversos seguidores que estariam dispostos a ceder seus corpos para ele, como no ano passado fez o professor Quirrel. Se ele tiver ido pessoalmente procurar Harry, tanto ele quanto seus tios nada poderiam fazer. Não, não iria pensar nessa possibilidade. Afinal, ele era Harry Potter, se Você-Sabe-Quem o tivesse apanhado, o mundo bruxo saberia.

Um clique da porta do quarto chamou sua atenção. Gina entrou com seu habitual ar maroto, segurando uma boneca de cabelos ruivos e compridos, como os dela.

— Mamãe quer que você desça logo para desguinomizar o jardim.

— Já vou descer, agora estou ocupado. Fecha a porta quando sair.

Mas Gina não fez menção de sair, pelo contrário, sentou-se na cama de Rony, balançando os pés no ar, displicente. Ele suspirou com impaciência.

— O que você quer?

Ela deu um risinho agudo.

— Você já conseguiu falar com Harry Potter?

Bufou, irritado. Gina passara o verão inteiro falando em Harry, como seus olhos verdes eram bonitos, de seus cabelos pretinhos e arrepiados, perguntando do que ele gostava de comer, se tinha alguma mania ou se gostava de alguma menina em Hogwarts. De tanto falar nele já começava a achar seu melhor amigo chato.

— De novo com essa história? Não consegui falar com ele, ele não respondeu minhas cartas e eu não sei se ele vai vir passar o restante das férias conosco. Agora quer sair do meu quarto?

Rony Weasley e a Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora