A Pichação na Parede

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A situação não podia ser pior. Draco estava parado na frente de todos os alunos, sorrindo vitorioso, sabendo que o tamanho da encrenca que Rony, Hermione e Harry estavam não poderia ser maior. Assim como Draco, todos as outras centenas de alunos os observavam e cochichavam, alguns olhavam feio comentando sobre crueldade com os animais. Rony tinha razão, eles tinham que ter corrido e se escondido o mais rápido possível antes que os pegassem na cena do crime. Aliás, por que eles sempre tinham que estar presente quando algo estranho acontecia?

— Que está acontecendo aqui? Que está acontecendo?

Como se não fosse o suficiente, Argo Filch apareceu correndo por conta do barulho que os alunos faziam. Ele abriu caminho entre os alunos e finalmente viu a cena. Ele levou as mãos à boca, horrorizado, vendo sua gata morta e pendurada. Dava até para sentir pena, se ele não fosse um velho tão nojento.

— Minha gata? Minha gata! Que aconteceu a Madame Norr-ra? — gritou ele.

E na mesma hora ele olhou para Rony, Hermione e, finalmente para Harry, onde ele soltou um rosnado.

— Você! — gritou apontando para o garoto, andando em direção a ele com o rosto contorcido. — Você! Você assassinou a minha gata? Você a matou! Vou matá-lo! Vou...

— Argo!

Para alívio dos três, Dumbledore chegara a tempo de salvar Harry das garras de Filch, seguido de vários professores.

Ele passou por Rony, Harry e Hermione e soltou gentilmente a gata do archote, analisando-a. Todos os professores, com exceção de Dumbledore, encaravam o trio com espanto.

— Venha comigo, Argo — disse o diretor a Filch. — Os senhores também, Sr. Potter, Sr. Weasley e Srta. Granger.

Estavam perdidos, era o fim da linha. Como explicariam suas inocências àquela altura?

O professor Lockhart abriu caminho pelos outros professores, apressado.

— A minha sala fica mais próxima, diretor, logo aqui em cima, por favor, fique à vontade...

— Muito obrigado, Gilderoy — disse Dumbledore.

Lockhart seguia na frente todo pomposo, sendo seguido de perto por Dumbledore, McGonagall e Snape. Rony, Harry e Hermione seguiam os professores um pouco mais afastados. Por que toda vez que acontecia algo de estranho na escola estamos envolvidos? Rony não cansava de se perguntar, e de alguma forma, sentia que aquela não seria a última vez.

A caminhada foi curta e em poucos minutos já adentravam a sala de Lockhart. A sala estava escura e quando entraram os vários Lockharts nos quadros nas paredes correram de um lado para o outro em suas molduras, com rolinhos nas cabeças, tentando se esconder dos visitantes. O Verdadeiro Lockhart acendeu as velas sobre a escrivaninha. Dumbledore afastou os papeis que estavam sobre a mesa e pôs Madame Nor-r-ra no lugar, começando a examiná-la.

A ponta do nariz comprido e curvo de Dumbledore estava quase encostando no pelo de Madame Nor-r-ra. Ele a examinou atentamente através dos óculos de meia-lua, apalpou-a e cutucou-a com os dedos longos. A Profª. McGonagall estava curvada quase tão próxima quanto o diretor, os olhos apertados. Snape esticava-se por trás deles, curioso, e parecendo. E Lockhart andava à volta do grupo, oferecendo sugestões.

— Decididamente foi um feitiço que a matou, provavelmente a Tortura Transmogrifiana. Já a usaram muitas vezes, que pena que eu não estava presente, conheço exatamente o contra feitiço que a teria salvado...

Pior que os comentários de Lockhart eram os soluços violentos de Filch. O zelador se afundara em uma cadeira ao lado da escrivaninha, com as mãos no rosto. Por pior que Filch fosse, e por mais que tivesse vontade de dar uns bons pontapés naquela gata, o desespero do homem dava pena. O grande problema era Dumbledore também se apiedar do zelador e acreditar que ele, Harry e Hermione tinham algo a ver com a morte da gata.

Rony Weasley e a Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora