O Resgate

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Quando Fred ligou o carro, Rony suou frio. O automóvel era barulhento, e no silêncio da madrugada parecia que as tossidas e os roncos que fazia ficavam cinco vezes mais altas. Se continuasse daquele jeito, certamente sua mãe acordaria. Os gêmeos estavam realmente empolgados com a expectativa de voar com o carro para longe e falavam sem parar, analisando o tempo e apertando os botões do painel. Fred posicionou o carro no meio do quintal, num espaço mais amplo para que pudesse pegar impulso.

— Então, para onde vamos?

— Harry mora em Little Whinging, na rua dos Alfeneiros número 4. — Rony informou.

Uma bússola situada no painel começou a girar o ponteiro rapidamente, parando apontada para o leste.

— Ela nos dirá para onde ir! — disse Fred.

— Então o que está esperando? — Rony perguntou impaciente.

Fred ajeitou-se no banco e apertou o botão, mas o carro não subiu.

— Não está funcionando.

— Como não? Estava funcionando hoje cedo! — Jorge exclamou apertando o botão também.

_ Nós não voamos hoje cedo. _ Rony pontuou

_ Você não voou hoje cedo, Roniquinho. Nós demos umas voltas por aí... _ Jorge comentou, sorrindo maroto.

Fred desligou o carro e tornou a ligar. O carro deu uma tossida alta e acendeu os faróis. Tentou apertar o botão mais uma vez, depois outra, depois mais uma.

_ Mas que droga! _ Bradou, e com raiva socou o botão com toda sua força. O carro levantou em um só impulso, subindo desgovernado pelo quintal acima. Fred tentava fazê-lo parar, mas o carro não gostou de ser agredido, e acelerou ainda mais. Os três garotos gritaram desesperados enquanto o automóvel batia nos galhos das árvores, arranhando a lataria. Em uma arrancada brusca, pôs-se a voar rapidamente em direção a Toca.

— Desvia, Fred!

Mas Fred estava imóvel, em estado de choque, com as mãos grudadas no volante e a boca aberta. O carro acelerou para onde seria a janela de Gina. Rony se encolheu no banco traseiro para se proteger da colisão, mas Jorge, tomando coragem, jogou-se em cima do irmão gêmeo, girando o volante à tempo de fazer o carro desviar.

Rony soltou a respiração aliviado e Jorge voltou para seu banco, tremendo. Fred voltou a si com o empurrão que levou de Jorge, reassumindo a direção, finalmente fazendo o carro seguir para o lugar certo, para o alto, longe da toca.

Os três permaneceram em silêncio por longos minutos, se recompondo. Somente quando o matagal abaixo deles ficou mais denso foi que Fred finalmente falou:

— Você pegou as coisas? — Perguntou à Jorge.

— Peguei, está no banco de trás. — Jorge virou-se para Rony — Pegue essa mochila para mim.

Só então Rony percebeu que estava sentado ao lado de uma mochila grande e preta. Pegou-a para entregar ao irmão e notou que estava bastante pesada.

— O que tem aí?

— Kit de sobrevivência. — respondeu chacoalhando a mochila — Grampos, cordas, ganchos, um machado... eu achei que havia trazido... ah! Aqui está.

Ele tirou um mapa enorme de Londres, esticando sobre seu colo.

— Estamos aqui — Ele apontou para um espaço verde no mapa — e teremos que ir para lá. — ele apontou para o outro lado do mapa. _ Nós estamos a cerca de meia hora da cidade, até onde Harry mora levaremos mais uma hora mais ou menos, se correr tudo bem. É quase uma da manhã, então voltaremos para casa antes de amanhecer. O que será ótimo, pois mamãe não vai notar que saímos.

Rony Weasley e a Câmara SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora