Capítulo 3

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Clara

Estou sentada na beira da minha cama a tentar não roer as unhas. Acho que nunca estive tão nervosa da minha vida. Primeiramente porque vou estar com ele e sempre que vou estar com ele um nervosismo corre-me pelas veias e depois porque depois de seis anos a vestir calças decidi vestir um vestido. Sempre preferi tenis a botas e sabrinas, calças a vestidos e polares a camisinhas com bordados. A minha mãe sempre implicou comigo por causa disso, ela dizia que eu me vestia que nem um rapaz e que por causa disso nunca ninguem iria olhar para mim. Nunca me importei muito com o que ela dizia, eu podia parecer um rapaz, mas a verdade é que eu me sentia segura a vestir calças e polares e, por outro lado, sentia-me vulneravel demais quando vestia vestidos, como se os materiais finos dos mesmos não me conseguissem proteger das coisas más que poderiam vir. Não tenho boas recordações da ultima vez que vesti um vestido por isso prefiro não usá-los para não relembrar o passado.
Mas hoje, uma coragem arrebatadora apoderou-se de mim. Eu iria usar um vestido, iria expor a minha pele exterior e talvez um pouco mais do meu interior. Escolhi um vestido que eu comprara na semana da morte do Papi, era azul escuro com pontos micoscrópicos brancos espalhados por toda a sua extenção, faziam lembrar-me das noites em que ele me levava a mim e á Matilde para o terraço para ver-mos estrelas e inventava historias malucas para cada uma delas. Como o vestido era aberto nas costas decidi vestir um casaco de cabedal preto por cima (tudo bem q estava com coragem mas não assim tanta) e calcei os ténis que eram a minha imagem de marca. Eram uns nike brancos que eu tinha personalizado com notas musicas em preto e que eu usava todo o santo dia.
Enquanto pensava na roupa que tinha escolhido ouvi um berro

Matilde: CLARA! O TEU AMORZINHO CHEGOU!

Suspirei, pegueu na carteira e segui em direção á porta de casa. A Matilde nunca gostou muito do Rubén então implicava muito com a nossa relação, daí ela chama-lo sempre de "amorzinho", mas eu tentava não ligar e ela tentava ficar feliz por mim.
Respirei fundo e saí de casa com o nervosismo a comer-me viva mas parei quando fechei o portão. Ele estava com a boca aberta e com os olhos a brilhar de espanto. Sorri e ele abriu o maior sorriso que já vi na vida.

Ruben: M E U D E U S diz-me que eu não estou a sonhar! Isto é real? Clara com um vestido!? Será que eu morri e isto é a visão do paraíso?

Rio-me para tentar afastar o nervosismo crescente em mim e dou uma voltinha.

Clara: Decidi inovar hoje, achei que merecias. Vamos?

Ruben: Nem precisas de dizer duas vezes!

Ele abre-me a porta para o lugar do pendura e eu entro com um sorriso babado na cara. Mal ele liga o carro ponho o radio a trabalhar e canto as musicas todas que aparecem durante a viajem. De vez em quando olhava para o Ruben e apanhava-o a olhar para mim com um sorriso largo na cara. Quando ele para o carro olho pela janela e vejo que estamos parados na frente de uma discoteca.
Estava prestes a revirar os olhos quando ele fala.

Ruben: Antes que revires o olhos e reclames comigo quero que saibas que reservei uma mesa no Lagost como te tinha dito mas seria um desperdicio estares tão linda hoje e n poder dançar contigo. - Ele para de falar e pega na minha mão, um arrepiu sobe-me pela espinha quando a mão fria dele toca na minha e retiro a mão com calma - por favor Clara... por mim?

Suspiro e abro a porta do carro.

Clara: Tudo bem mas vamos ser rápidos estou morta de fome.

Ele quase salta do banco para me dar a mão para me levar para dentro. A mão dele apertava a minha com força, tive vontade de pedir para ele me largar, n me estava a sentir bem com aquele contacto mas n disse nada. Namorados dão as mãos Clara calma vai correr tudo bem. A fila estava enorme e estava prestes a pedir para voltar para o carro quando ele passou toda a gente na fila e começou uma conversa amigavel com o porteiro que nos deixou passar sem sequer nos pedir os Cartões de Cidadão. Achei um pouco descuido afinal eu ainda era menor, e mesmo o Ruben já tendo 18 anos ele nem cara disso tinha, mas como ele pareceu ser tão proximo do segurança supus que ele devia de saber isso.
Saio dos meus pensamentos quando os meus ouvidos quase explodem com a altura da musica. Quis outra vez largar a mão do Ruben e correr dali para fora mas depois pensei na desfeita que lhe ia fazer. Tu consegues Clara é so uma dança e depois montes de camarões fritos estarão á tua espera no Lagost. Estava a tocar um Funk quanquer e eu só via uma data de gente a roçar uns contra os outros de maneira rude á medida que a musica tocava. Estava um calor insuportavel então despi o casaco e coloquei-o no ombro mas logo o Ruben pegou nele e pousou-o num banco.

Ruben: Anda linda vamos dançar.

Coro pelo elogio e deixo-o guiar-me até á pista de dança. Ele larga a minha mão e passa os dois braços pela minha cintura. Prendo o ar com dificuldade e deixo os meus braços cair sobre os seus ombros. A musica para mas ele continua os movimentos lentos, como se na cabeça dele estivesse a passar um slow só para nós.
Devia estar a apreciar o momento, mas n conseguia.
Não estava a conseguir lidar com os braços dele ao meu redor, com o corpo dele tão proximo ao meu, quase encostados um no outro. Queria sair do seu enlace, parar de sentir o aperto no peito q se inicio quando ele me deu a mão e que ainda n me tinha abandonado. Mas n queria q ele ficasse desiludido comigo, e eu tinha de superar este medo que tinha, n podia ficar para sempre com medo que as pessoas me tocassem. Tu consegues Clara.

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SORRYYYYY!! Eu sei, sou uma pessoa horrivel, disse que ia postar varios capitulos seguidos e só postei um. Me perdoemmmm. Agora não vou fazer promessas para depois não vos deixar com expectativas mas vou tentar postar com mais frequência. Se tiverem alguma duvida ou sugestão estou aqui para ouvir.
Espero que estejam a gostar e votem muito meus amores

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