Clara
Mal coloquei os pés no recinto arrependi-me de ter decidido voltar para a escola. Olhares curiosos vinham de todos os lados e sentia-me sufocada. O vestido leve que usava n ajudava o meu nervosismo crescente, mas n cabia em mais nenhuma calça, a minha barriga crescia rapidamente apesar de estar de tão pouco tempo. Felizmente ninguém teve a coragem de me dirigir a palavra, não estava com cabeça para inventar desculpas esfarrapadas para justificar os 2 meses que faltei ás aulas.
A Matilde é da minha turma então acompanhei a matéria de todas as disciplinas como se tivesses ido a todas as aulas. Dirigi-me á sala de professores para entregar a justificação das minhas faltas, a Matilde concordou comigo na decisão de contar á directora a situação toda, ela lamentou muito mas compreendeu perfeitamente e disse apenas que quando me sentisse capaz de voltar ás aulas estava á vontade. Diriji-me com pressa para a sala, tinha medo de a qualquer momento me cruzar com o Ruben em algum corredor então mal toca entro na sala e acomodo-me no fundo da sala, costumava ficar sempre na fila da frente mas estava disposta a abdicar do meu lugar, quanto mais escondido o lugar, melhor.
Olho ao redor e observo os meus colegas a sentar-se e a conversarem uns com os outros. Ninguém parece reparar em mim, o que me entristece mas de certo modo me alivia. Sorrio e acaricio a minha barriga. Não preciso de outros quando te tenho a ti não é bebe? Tenho de te arranjar um nome rapido, chamar-te bebe não tem piada nenhuma.???: Olá!
Retiro a mão da barriga calmamente e viro-me na direcção da voz.
Clara: Presta atenção á aula Mateus.
Ele sorri-me. Um daqueles sorrisos adoráveis á Mateus que ele me dava todos os dias sempre que lhe respondia torto. Desde pequenos que ele anda sempre ao meu redor para me chatear e dizer coisas parvas e eu respondia-lhe sempre á altura.
Eu gostava do Mateus, apesar de ser muito chatinho ele conseguia sempre alegrar os meus dias e era a única pessoa da escola com quem eu falava para alem da Matilde. No inicio achei que ele era so um rapazeco chato que gostava de chatear a menina introvertida que não fala com ninguem, no entando ele revelou-se uma excelente pessoa que curiosamente gostava das minhas piadas secas. Era a única pessoa fora da minha família que sabia a maluca eufórica que eu realmente era.
Não eramos melhores amigos, não contávamos os nossos segredos um ao outro nem falavamos sobre a nossa vida toda um ao outro, já foi o tempo em que eu queria e acreditava que isso seria possível, mas crescemos, ele tornou-se um rapaz lindo, amável e divertido com um corpo escultural por causa do basket, com os raparigas todas a babar por ele e com os rapazes a querem ser como ele e eu, bem eu continuei a mesma menina que não se dava com ninguem e que não conseguia dar uma volta ao campo sem precisar de usar a bombinha.
Ele nunca me tratou mal apesar disso, para ele isso não importava, para mim também não, mas sempre que ele tentava introduzir-me no mundinho dele eu travava e não corria lá muito bem, e eu nunca o tentei introduzir no meu mundinho porque tinha fortes crenças de que ele não se ia identificar lá muito com o meu modo de fazer as coisas. Não eramos o oposto um do outro mas também não eramos propriamente compatíveis. Funcionávamos como uma boa dupla nas orais e, para mim, acho que isso bastava e acho que para ele também.
Parte de mim, desde o primeiro dia que vi aquele menino perdido no corredor, gostava que fossemos mais do que apenas uma espécie estranha de amigos mas com o tempo percebi que tal coisa era um pouco impossível.
Volto-me para a frente e começo a apontar alguns nomes para o meu bebe. Passo o resto da aula entretida com os meus pensamentos e quando vejo que esta prestes a tocar arrumo as coisas com rapidez e mal toca saio apressada da sala. Sabia que ele ia fazer perguntas ás quais ainda não estava preparada para responder. Nunca lhe menti e não queria que hoje fosse a primeira vez.
Avisto a casa de banho ao fundo do corredor e acelero os passos. De repente sou parada por um puxão brusco no meu braço.???: Onde é que vais com tanta pressa?
Olho-o com raiva. O toque dele faz-me lembrar de tudo o que aconteceu naquela noite e tento soltar-me mas ele aperta mais a mão sobre o meu braço.
Clara: Eu disse para nunca mais me tocares seu porco do car…
Sinto um ardor na bochecha e esforço-me para não chorar. Ele não merece as minhas lágrimas.
Ruben: Eu faço o que eu quiser não mandas em mim sua vadia.
Olho ao meu redor. Um grupo considerável de pessoas começava a amontoar-se para ver o espectáculo. Se eles querem um espetáculo então é o que eles vão ter. A mão do Ruben continua a apertar o meu braço. Falo alto para todos ouvirem
Clara: Ui meu deus sou uma vadia agora, meu deus que ultraje estou tão ofendida! Diz-me só uma coisa… ainda te doi muito o Zezinho depois da joelhada que a vadia aqui te deu ou é tão pequeno que nem sentis-te?
Todos riem alto e sorrio vitoriosa. Olho-o e o meu sorriso desmancha-se. Se o olhar pudesse matar eu já estava sete palmos debaixo da terra. Não tenho tempo de pensar em mais nada pois ele empurra-me com força e caio de costas no chão. Uma dor aguda proveniente do meu ventre faz-me contorcer de dor. Não posso perdê-lo!
Clara: O meu bebe! Ah! Por favor, ajudem-me!
Não consigo controlar as lágrimas, a dor parece rasgar-me por dentro. Começo a ver tudo a rodar, ouço vozes altas mas não consigo distinguir o que dizem nem de quem são. Quero gritar mas já não consigo. Estou prestes a apagar mas antes ouço-o.
Mateus: Estou aqui, vai correr tudo bem.
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Me desculpemmm sou uma pessoa horrivel demorei anos para postar outro capitulo mas aqui estou, não morri e tenho muitas ideias para novos capitulos, os examea estão proximos então não garanto que vá postar muitos capitulos mas vou dar o meu melhor.
Obrigada por lerem espero que estejam a gostar 💕

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Ironias do destino
Roman d'amourClara é uma adolescente normal com uma vida não tão normal assim, mas que mantém sempre um sorriso na cara independentemente de tudo o que possa acontecer. Ela achava que ia acabar o 12° ano, ia entrar numa faculdade perto de casa e mais tarde ia...