Capítulo 5

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Clara

Sinto uma dor horrivel no meu ventre e abro os olhos com dificuldade. Vejo uma rua vazia com um caixote do lixo ao fundo. Foi real. Achei que tinha sido um sonho horrivel mas foi real. Choro com as memorias da noite anterior. Como pude ser tão fraca? Como pude ser tão burra? Devia ter sido mais forte. Devia ter gritado mais alto. Devia ter tentado soltar-me com mais força. Mas não, fui fraca. Deixei-me levar e agora não passava de uma nódoa, uma mancha negra no mundo. Tento levantar-me a custo e vejo que um casaco cobria o meu corpo praticamente despido. O meu vestido parecia um trapo velho. Quis tirar o vestido e deitá-lo no lixo do fundo da rua. Talves queima-lo. Estupida. Estava praticamente sem roupa deve ter achado que era uma prostituta. Nunca mais na vida eu iria usar um vestido. Nunca mais. Pego no casaco e uma repulsa imensa passa pelo meu corpo. Vomito e choro. Quando acabo visto o casaco e controlo-me para não vomitar outra vez. Provavelmente o dono do casaco seria quem me causou todo este mal mas eu não estava em condições para rejeitar um casaco quente. Toda a minha dignidade tinha ido com aquele monstro por isso o casaco ser dele era o que menos me preocupava. Começo a andar em frente. Não sei onde estou. Não sei para onde vou. Olho no pulso e vejo que tenho o relogio. Não fui roubada. Menos mal. Nove da manhã. A estas horas não está ninguém em casa, se conseguir chegar até lá é so usar a chave suplente que está debaixo do tapete. Paro para ver onde estou. Avisto um café no fundo da rua. Graças a Deus. Já sei onde estou. Enrosco-me mais no casaco para tentar que ninguem me reconheça e dirijo-me para casa. Quando entro pelo portão um flash de ontem passa pela minha cabeça. No mesmo sitio e há poucas horas eu era a pessoa mais feliz do mundo. Agora, era um resto de alguém. Um destroço de uma pessoa. Entro em casa silenciosamente e confirmo as minhas suspeitas. Estou sozinha em casa. Corro até ao meu quarto. Dispo o casaco e atiro-o para um canto do quarto. Arranco o resto de vestido de mim e coloco-o no cesto do lixo. Dirijo-me á casa se banho e entro no duche. Choro e peço a Deus que leve a minha dor pelo ralo com a agua suja que passa pelo meu corpo. Uma agua imunda. Esfrego-me com toda a força que tenho até a minha pele doer. Quero tirar toda e qualquer sujidade de mim, todas as impurezas. Choro ainda mais quando percebo que certas impurezas nunca vou conseguir limpar. Visto uma t-shirt qualquer e bebo o leite com chocolate que estava na minha secretaria. Deito-me na cama e choro mais. Cansada de tanto chorar adormeço abraçada ao meu próprio corpo.

(...)

Matilde: Claraaaaaa! CLARAAAAAAA!

Abro os olhos e vejo a minha irmã sentada na minha cama com um sorriso gigante. As lagrimas brotam no fundo dos meus olhos.

Matilde: Eu sei que eu disse que não gostava do Ruben mas se faltas-te ás aulas foi por.. - começo a chorar alto e abraço a minha irmã com todas as minhas forças - Clara?! O QUE É QUE O FILHO DA PUTA TE FEZ? EU VOU MATAR AQUELE CABRÃO! - só consigo chorar nos ombros dela sem dizer nada. Como é que lhe vou contar uma coisa destas?
Passado um bom tempo eu paro de chorar e olho nos olhos dela. Fito-a até ganhar coragem.

Clara: Ele... tentou abusar de mim. - Ela arrega-la os olhos e prepara-se para gritar mas eu impeço-a pegando nas suas mãos. Lágrimas voltam a escorrer pela minha face - Quando fugia dele... um homem..... eu..... eu fui violada. - Vejo lágrimas grossas sairem dos olhos dela e ela abraça-me com uma força incrivel.

Matilde: Des... Desculpa por não te poder tirar desta situação... Não mereces essa dor, nem tu nem ninguém.... Vou estar sempre aqui maneca para te suportar..... Não te vou deixar ir abaixo.... Vamos ultrapassar isto... Juntas.

Choramos uma nos braços da outra e ficamos assim até eu adormecer outra vez.

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Te amo maneca  por seres a melhor pessoa que eu conheço  (mesmo quando falas de kpop) ❤ 👭

Ironias do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora