Capítulo 1

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Clara

Ás segundas costumo acordar só no oitavo toque mas hoje sentia que seria um bom dia e, mesmo sendo uma segunda, decidi levantar-me no terceiro toque.
Pego na minha mala e vejo a Matilde a revirar-se na cama. Ela costuma acordar sempre mais cedo que eu, mesmo nas segundas. Decido não a acordar pois ela ficou acordada até tarde a acabar uma oral. Desço as escadas devagar para não acordar ninguém afinal, acordei uma hora antes do que era suposto.
Decido ir falar com o pai, já não falo com ele desde a semana passada... A escola está a comer-me viva. Entro na sala e vou até ao altar que temos com as cinzas dele. Ajoelho-me e começo a falar.

"Olá papi. Espero que esteja tudo bem contigo ou, pelo menos melhor que aqui... a mãe continua a mandar-nos abaixo sempre que pode. A Matilde está a mesma de sempre e quase nem tem parado para respirar por causa da pressão que a mãe lhe põe nos ombros. Tenho reparado que estamos cada vez mais diferentes. Decidi cortar o cabelo mais curto e ela deixou-o crecer. Acho q por esta altura já nos ias conseguir distinguir. Continuas a fazer-nos muita falta e continuamos a tentar ser aquilo que sempre nos pedias...nós mesmos."

Limpo a lágrima solitaria que insistiu em cair e levanto-me. Agora sim sinto que o dia vai correr bem. Mando mensagem ao Ruben a perguntar se ele quer fazer alguma cena hoje. Como faz cinco meses desde que começamos a falar acho que ele me vai pedir em namoro hoje. Acho q é por isso que estou tão bem disposta. O amor mexe com as pessoas.
Tomo o pequeno almoço e deixo torradas feitas para a Matilde comer quando descer. Lavo-me, visto-me e decido ir ver como estão as redes sociais enquanto ninguém acorda.

Ironias do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora