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O grave da música tremia o fundo do meu peito trazendo uma sensação boa. Eles são bons. Os gritos femininos enlouquecidos haviam diminuído de forma que eu conseguia prestar atenção nas letras que eles tocavam. Matty estava balançando a cabeça no ritmo e aquilo me fazia rir, já que ele parecia mais empolgado do que qualquer um outro ali.

"Vai lá dançar" eu gritei perto do seu ouvido, o fazendo parar de se mexer e virar pra mim.

Ele deixou um riso escapar da boca e balançou a cabeça. "Só se você vier comigo" e levantou uma das sobrancelhas me fazendo rir de vergonha.

Eu era péssima dançando, ainda mais um ritmo tão agitado quanto este. Matty podia ser uma pessoa bastante comunicativa, mas quando se tratava de dança ele não se garantia tanto. Voltei a atenção para a banda quando ouvi um som conhecido.

Arabella estava começando e quando o baixista começou, os gritos voltaram. Ele tinha o lábio inferior entre os dentes e me surpreendi ao vê-lo se inclinar para o microfone. Então ele iria cantar esta música. Sua voz soou e – como previsto – a platéia foi ao delírio total. Seu tom era rouco e grave, soando também um tanto empolgante. Eu balbuciava as letras balançando o corpo de um lado para o outro. Ele era bom.

"Parece que alguém se animou finalmente" Matty me tirou do transe da música, e eu sorri olhando em sua direção.

"Eu gosto dessa música e também, são apenas os covers que eu conheço" eu respondi rindo.

Suas músicas autorais era boas e bastante agitadas, apenas uma ou duas tinham um ritmo mais lento e uma letra mais triste ou apaixonada – e quando eu percebi isso, me esforcei como nunca para não lembrar de Jess. Os covers que eles faziam tinham mudanças mínimas na velocidade.

"Muito obrigada pela presença de todos" disse o vocalista, agarrando o microfone logo depois da música terminar. A platéia aplaudia, assobiava e gritava.

"E então, gostou do show?" Matty perguntou, rodando em direção ao balcão me lançando um olhar curioso.

O vocalista ainda dizia alguma coisa que eu não prestei atenção, respondendo um simples "Deu pro gasto" ao meu primo. Encolhi os ombros e ele riu balançando a cabeça.

"Você não dá mesmo o braço a torcer não é?" comentou, buscando o cardápio. "Vai querer alguma coisa?"

"Uma cerveja" respondi direto, sem nem ao menos pensar se realmente estava com vontade de tomar algo. Meu corpo ansiava pelo álcool e minha mente dizia que aquilo me faria bem no momento.

Olhei para trás em direção ao palco vendo apenas o baixista e o baterista conversando enquanto arrumavam os instrumentos. Havia um grupo de meninas ao lado provavelmente esperando a deixa para agarrem os dois. Quando o baixista terminou de guardar o instrumento, seus olhos passearam pelo lugar passando por mim por alguns segundos antes de lançar um sorriso – meio convencido – e então finalmente dar atenção às garotas.

Revirei os olhos e voltei para frente, pegando a nova e gelada garrafa de cerveja em cima de um porta-copos. Tomei um longo gole e balancei a cabeça no ritmo da nova música de fundo que tocava baixa e quase ninguém ligava.

"Só espero que não dê problemas com o tanto de cerveja que está tomando, Becca" Matty me tirou a atenção da música e eu não pude evitar um sorriso.

"Eu não bebo tanto assim" reclamei o empurrando com o cotovelo.

Matty havia pedido um drink que eu nunca havia tomado antes e nem sequer sabia o nome. Ele havia tirado a jaqueta preta e dobrado as mangas da sua camisa preta, deixando as tatuagens à mostra. Diferente de quando cheguei de tarde, seu cabelo estava mais arrumado e com alguns cachos notáveis, ele estava bonito para conseguir uma garota esta noite.

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