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Acordei com o som de uma porta batendo e instantaneamente me coloquei de pé. Eu estava sozinha no apartamento então peguei meu cofre de porco e andei devagar pelo corredor até a sala, sem emitir som algum. Estava de manhã, devia ser dez e meia ou um pouco mais cedo.

"Droga garoto!" eu gritei, colocando meu porquinho na mesa de canto ao ver Matty andando até a cozinha. "Eu quase quebrei meu cofre na sua cabeça"

A risada de Matty foi alta e então ele me olhou divertido. "Desculpa te assustar, prima." deu uma olhada na geladeira. "Tem algo pro café?"

"Não né" eu respondi de forma óbvia. "Você não faz compras do mês aí dá nisso" eu sorri pra ele e o vi revirar os olhos. "Eu vou ali na esquina comprar algumas coisas pra gente comer enquanto você toma um banho e tira essa cara de quem ficou a noite toda acordado" eu sorri maliciosa antes de correr até o quarto me trocar.

No pequeno mercadinho do outro lado da esquina, comprei algumas laranjas, geléia, queijo, torradas e waffles prontos. A mulher do caixa mal falou comigo e quando saí de lá arregalei os olhos pensando no quanto ela era mal educada. Com um pouco de dificuldade abri a porta da frente do prédio e parei na frente do elevador apertando o botão para subir.

Eu cantarolava uma musiquinha na cabeça quando a porta apitou e se abriu, apertei o número cinco e então ela se fechou novamente, subindo até o terceiro – onde havia entrado uma mulher bem arrumada e com um perfume enjoativo.

Quando finalmente cheguei no meu andar, a mulher saiu comigo e atravessou o corredor enquanto eu colocava as compras no chão e abria a bolsa para pegar a chave.

"Olha só quem está aí" a voz rouca de Harry me fez olhar pra trás e sorrir simpática.

Ele se colocou para fora do apartamento me fazendo notar a calça de moletom cinza surrada e o peitoral desnudo, exibindo a definição leve do tronco e dos braços, além das várias tatuagens ali. Voltei a buscar pela chave na bolsa quando reparei que ele se aproximava.

"Com muita ressaca?" perguntou já encostado ao lado da minha porta cruzando os braços.

"Não, não" eu ri, finalmente encontrando a chave e pondo na tranca.

"Você não vem?" uma voz feminina nos fez olhar para o outro lado do corredor, e então vi a mulher que estava comigo minutos antes dentro do elevador.

"Melhor você--" eu apontei e ele tirou o sorriso simpático do rosto e ajeitou a calça.

"Becky, o que acha da gente sair para comer uma pizza hoje à noite?" perguntou, dando passos lentos de costas aguardando minha resposta.

Eu olhei para a mulher na porta e para o seu rosto agora com um sorriso de lado já conhecido. Não podia ser o que parecia.

"Olha Harry... Eu não quero fazer parte disso" eu ri sem jeito olhando de relance para a sua porta agora vazia.

Ele entendeu o que quis dizer e riu pelo nariz. "Me entendeu errado, Becky" ele disse baixo, deixando a voz mais rouca. "Vamos apenas como amigos, eu não mordo" sei sorriso de lado aumentou e eu revirei os olhos.

"Se você levar mais um capacete pode ser que eu pense no assunto" eu respondi e ele concordou, rindo.

"Tudo bem, é só bater na minha porta" ele finalmente acenou e correu até sua porta, a fechando.

[...]

Eram quase sete da noite quando meu primo avisou que sairia para terminar o projeto na casa de um dos colegas. Hoje ele havia passado quase o dia todo no quarto em que trabalha, concentrado nas coisas que faltavam e saía apenas para comer. Eu estava assistindo à um programa na televisão de culinária japonesa.

Apt 505 | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora