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Harry

O bar do Moe's estava um tanto cheio para o horário. Ainda eram quatro e meia da tarde, e eu já conseguia ouvir as conversas altas dos grupos de homens já sob efeito das inúmeras quantidades de cervejas ingeridas em um curto período de tempo. A minha perna descia de forma ansiosa, enquanto eu segurava a minha garrafa de cerveja em uma das mãos, lendo cada palavra na parte traseira do rótulo, mas sem prestar atenção.

A tela do meu celular acendeu, indicando que uma nova mensagem havia sido recebida e eu peguei o aparelho como se fosse a coisa mais importante.

Matty: Estamos saindo agora, nos encontre em quinze minutos.

Assim que terminei de ler, guardei o celular no bolso e puxei a minha carteira na parte de trás da calça, largando uma nota alta o suficiente para pagar a cerveja e ainda sobrar uma gorjeta para o barista.

Montei na moto, colocando o capacete, mas sem deixar de pensar em como esse encontro terminaria.

Conforme eu dirigia, o céu ia escurecendo de pouco em pouco e a minha ansiedade gritava que o tempo estava correndo mais rápido que o normal, e que eu devia me apressar.

O local combinado era em um pequeno café na zona mais residencial do bairro. O típico lugar onde as crianças ian de bicicleta para a escola, jogavam algum esporte nas ruas e as casas continham belos jardins da frente e você automaticamente pensava: com certeza aqui vive uma família de comercial de margarina. O café ficava na esquina e assim que estacionei, eu olhei para a enorme vitrine, à procura deles.

Coloquei as mãos nos bolsos, sem saber muito bem o que fazer com elas, quando meu celular vibrou, notificando mais uma mensagem.

Gem: Boa sorte, otário. Não seja um imbecil, e que vocês se resolvam. x

Revirei os olhos, sem a menor vontade de respondê-la agora – mas agradeci mentalmente pelo apoio. Guardei o celular, e olhei para o interior do café mais uma vez, achando os dois e logo decidindo entrar.

O barulho do lado de dentro era mais alto do que eu esperava, fazendo o sino da porta soar despercebido enquanto eu entrava. De relance, notei Matty se curvar e logo se levantar, indo para um lado contrário da onde eu estava. Algo no meu peito mandava eu parar e dar meia volta, mas eu havia decidido que faria isso.

"Ei" eu murmurei, quando – depois do que pareceram horas – cheguei à mesa onde Becky estava sentada.

Ela virou o rosto devagar, com uma caneca de café na boca, erguendo os olhos na minha direção. De imediato, sua reação foi franzir o cenho.

"Harry, oi" ela respondeu um tanto sem jeito, e fez um sinal para que eu sentasse na cadeira onde Matty estava. "O quê você faz aqui?" ela sorriu fraco, ainda parecendo confusa.

Dessa vez, foi a minha vez de franzir o cenho. "Marcamos de nos encontrar aqui" respondi, apontando para a mesa e ela riu fraco. "Matty disse que--"

Ela riu mais uma vez, me interrompendo. Claro. Eu devia ter notado. "E eu fui feito de bobo" eu ri comigo mesmo, enquanto observava o sorriso aberto no riato de Becky.

"Você foi" ela concordou. "Agora eu entendo o porquê do Matty enxer tanto a minha paciência para sairmos hoje" ela rodou a caneca, pensativa.

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