Apt 505 | h.s

35

Becca

Quase duas semanas haviam se passado desde tudo o que aconteceu. Flashbacks daquela noite ainda passavam pela minha cabeça, e as horas no hospital faziam com que todo o tormento ainda não havia terminado. Harry ficou comigo em todos os momentos, exceto quando tinha algum compromisso importante com a banda.

Eu e Harry havíamos acabado de chegar no apartamento e Matty estava nos esperando no sofá ao lado de Anne, com um pequeno sorriso no rosto, finalmente eu havia saído daquele hospital.

"Oi" eu sorri para o casal, enquanto Harry fechava a porta e colocava a bolsa com algumas roupas no chão.

Matty foi o primeiro a se levantar e vir me dar um pequeno abraço, com medo de que eu me desmontasse ali mesmo. "Como você está?" ele perguntou, um pouco receoso.

"Bem, com um pouco de dor, mas o médico disse que com os remédios e repouso vou ficar melhor" eu respirei fundo, pronta para receber o abraço de Anne.

"Eu sinto muito pelo que você passou, Becca" ela murmurou no meio do abraço e eu disse apenas um tudo bem.

"Não sabíamos que horas vocês iriam chegar, ou se você ficaria com o Harry. Tem carne na geladeira e uma salada." Matty avisou. "Estão com fome?"

"Ainda não, mas com certeza eu vou fazer questão de comer, não aguentava mais comer comida de hospital." eu disse. "Vou só deitar um pouco." avisei.

Matty acenou com a cabeça e Harry se curvou, pegando a bolsa do chão, e me seguiu até meu quarto. 

Harry me ajudou a deitar, e logo depois deitou ao meu lado, passando o braço pelos meus ombros. Quando eu estava quase dormindo, vozes vindo do lado de fora me chamaram a atenção, conforme os tons aumentavam.

"Eu quero ver a Rebacca, Matthew!" a voz quase gritou, e foi quando reconheci quem era.

"O quê a minha mãe quer agora?" eu resmunguei, me ajeitando ao lado de Harry, enquanto ele buscava o celular em cima da cabeceira.

"Eu vou falar com ela, fique aqui" ele respondeu, indo se levantar.

Eu observei Harry sair do quarto e então as vozes tornaram-se baixas. Eu não sei se queria ver a minha mãe, ou melhor, não sei se eu queria que ela me visse nesse estado. Mesmo que quase duas semanas houvessem passado, eu ainda tinha marcas no meu rosto e pelo meu corpo.

A porta do meu quarto abriu mais uma vez e então pude ver a mulher parada diante de mim, com os olhos arregalados. Ela se apressou até mim e passou a mão pelo meu rosto.

"Rebecca, o que fizeram com você?" ela sussurrou. "Foi ele?" ela perguntou e eu franzi o cenho. " Foi ele quem fez isso com você?"

"Mãe, o que você--" ela me interrompeu.

"Não precisa ter medo de dizer, filha." ela se virou na direção da porta e então voltou a me olhar. 

"Você está insinuando que foi o Harry que fez isso comigo?" eu perguntei, o tom de voz baixo, enquanto conseguia sentir meu sangue ferver.

"Foi ele, não foi? Oh, minha filha--" eu levantei a mão, em um gesto pra que ela parasse ali mesmo.

"Você está brincando comigo?" eu rosnei. 

"Filha, ele não é alguém para você, vocês têm diferenças, vocês--"

"Cala a boca" eu disse, sentindo meu corpo se agitar, causando ainda mais dores e raiva. "Você não sabe de coisa alguma! Sabe quem fez isso comigo? Quer mesmo que eu fale?" o meu tom de voz aumentou e eu sabia que isso me traria problemas depois.