Capítulo 1

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Num sábado de manhã, lá estava eu, fazendo a coisa mais maravilhosa e show de bolice do mundo. A segunda coisa mais prazerosa que Deus poderia dar a nós seres humanos, e não, eu não estava comendo, eu estava dormindo.
Mas como a vida nunca é perfeita, o despertador em minha prateleira começa a gritar no quarto. Porque acredite, "tocar" é uma palavra muito formal e fraca pra expressar o pato em forma de relógio que eu possuía.

Me levanto como uma velha, com dor no corpo, tento manter uma postura confortável para meus ossos que estão me xingando nesse exato momento.

Depois de desligar o relógio, me dirijo a cozinha e ouso panela e comida sendo feita. O cheiro delicioso vem em seguida, preenchendo toda a minha alma.

...meu Deus, como é bom ter alguém pra cozinhar de manhã pra você...

Me sentando no banquinho da cozinha americana, eu observo Sônia mexendo com a agilidade nas panelas.

Sônia, minha prima, é filha de um grande cozinheiro, que é meu tio. E sem novidade ela herdou esse talento, mas se está pensando que não sou de lacrar na comida, querido e querida vocês estão enganados. Tem dias que paramos tudo, só para cozinhar as receitas que encontramos em sites.

Mas voltando ao meu tio, ele e o resto da nossa família mora no Brasil, nós duas viemos para Lisboa capital de Portugal, já faz dois anos para fazer faculdade. Nossos sonhos são psicologia e medicina. O meu particularmente é a psicologia. Eu amo a visão do trabalho e como ele é feito, além de ser uma ótima conselheira hoje em dia e nos tempos da escola, sem querer me gabar.

Moramos em um apartamento que é perto da nossa faculdade, e na real, me sinto com sorte, uma coisa que nunca tive na vida, porque olha... nunca vi outra pessoa ser tão azarada como a bixinha aqui, em!!!

- Bom dia! - anuncio.

- Bom dia. - murmura concentrada.

- O que temos para hoje? - pergunto animada.

- Panquecas de bananaa...

Ela se vira empolgada, colocando o prato de panquecas na minha frente e meu entusiasmo vai pra goela abaixo.
Panquecas de banana são a pior refeição para um café da manhã. Eu gosto de banana, mas não com outras coisas, e parece que ela viciou nessa panqueca, logo a que eu não gosto, viu... o azar já tá atacando.

- Por que está com essa cara? Pensei que você tinha gostado, tinha comido tudo no dia.

- Ei, Calma! Eu só estou... olhando para essa panqueca linda, ela está... perfeita...

- Para de enrolar e coma.

- Ta.

Respondo com uma cara de que prefiro morrer do que comer isso.

Estou cortando a "coisa" em minha frente, bem devagar, enquanto ela se vira pegando sua panqueca na mão e vai em direção a porta tentando equilíbrar a pasta e sua bolsa.

- Já vai?

- Sim, tenho que ir pra aula.

- Mas você já não tinha ido no sábado passado?

- Sim, mas o professor vai passar uma matéria importante, então eu preciso ir.

- Você sempre diz isso...

- Tchau!

- Tchau.

Eu respondo mas ela já tinha batido a porta.

A Sônia é uma pessoa esforçada, e bem inteligente, muito mais que eu, e só talvez, as vezes eu tenha um pouco de inveja, mas vejo isso como um motivo para me esforçar mais.

A Essência PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora