Nunca esperei compaixão ou algum sentimento do meu pai, mas dessa vez, ele passou dos limites.
Minhas costas doíam do tempo que passei preso a essa cadeira, meus pulsos estavam roxos e meu rosto arrebentado.
Me soltaram no dia seguinte, pela manhã, mas antes de sair daquele lugar, anotei mentalmente o rosto de cada um daqueles homens que me deixaram neste estado.
De volta ao lugar onde havia sido "sequestrado", fui jogado de uma van em frente ao meu carro. Poderia ir para casa e encontrar meu pai com aquele sorriso desprezível, ou ficar um tempo por ali.
Olhei para os lados e não havia ninguém no estacionamento, ajeitei a jaqueta e entrei no edifício.
-Oh meu Deus, o que aconteceu?- Alice falou com uma expressão de choque.
-Não se preocupe Alice.
-O sr. precisa de ajuda.
-Não, não preciso. Por favor não insista nisso.
-Está livre?-perguntei me referindo a cabine em que gostava de atirar.
-Não. Por acaso hoje está ocupada.
Sem esperar pelo nome da pessoa, passei pela enorme porta de vidro que separava a recepção do enorme galpão dividido em cabines.
-Olha quem esta aqui- encostei-me na beirada da cabine.
-Veio me atormentar?- perguntou e atirou, acertando perfeitamente o alvo.
-Você está na minha cabine.
-Não sabia que você era dono de alguma coisa- riu.
-Calma aí estressada-sentei-me em um banco um pouco atrás de sua cabine.
-Posso ao menos observar?-perguntei.
-Já que insiste- ela virou-se e ao ver meu estado ficou surpresa.
-O que aconteceu com você? Está péssimo- apoiou a arma no balcão, retirou os óculos e parou a minha frente.
-Nem todos tem uma boa família.
Ela ajoelhou-se à minha frente e passou a mão pelo meu rosto, avaliando os ferimentos. Seu toque era gentil e suave, e por um instante, minha respiração desacelerou um pouco, a medida que ela se aproximava mais.
-Espere aqui, já volto.
Apenas assenti e a vi partir. Quando ela voltou, trazia consigo uma pequena caixa de primeiros socorros, sentou-se ao meu lado e com uma certa relutância, começou a cuidar dos ferimentos.
-Sabe, você deveria ter mais cuidado- falou enquanto limpava um corte na sobrancelha.
Das vezes que a vi, ela nunca tinha estado assim tão calma, tão serena.
-Por incrível que pareça, dessa vez eu não tive culpa- um breve sorriso apareceu em seu rosto.
Ela fez mais um curativo e guardou as coisas em seu devido lugar na caixa.
-Pronto, agora você está aceitável para sair na rua-sorriu, ao que me pareceu um pouco tímida.
-Obrigado-falei e ela nada disse, apenas sorriu e foi em direção a saída.
-Não vai me falar o seu nome?-perguntei no momento em que ela havia alcançado a porta.
-Octavia!
E assim, saiu.
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The Murder-Z.M
Teen Fiction"Kill is surviver.Love is a privilege." A mente de um assassino pode ser mais complexa do que parece.