dezesseis.

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Eu sempre acho que as coisas que eu falo vão causar alguma surpresa em Patrick, mas eu sempre me engano

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Eu sempre acho que as coisas que eu falo vão causar alguma surpresa em Patrick, mas eu sempre me engano. Ele continua me olhando da mesma forma. É como se ele esperasse que eu fosse responder exatamente o que eu respondo. Ele já sabe as respostas de suas próprias perguntas, antecipadamente. Não sei se desconfio de que ele está por trás de toda essa confusão ou se isso só significa que ele realmente me conhece muito bem. 

Mas se eu não causei nenhuma comoção nele, eu com certeza causei em mim mesma. Admitir isso em voz alta muda muitos conceitos sobre quem eu sou. Desde pequena eu sempre achei que eu era uma garota que simplesmente não acreditava nas coisas. Minha irmã vivia procurando fantasmas, sereias, fadas e bruxos por ai, e eu sempre disse a ela que essas coisas eram bobagens e não existiam. Ela nunca achou e eu nunca vi, portanto não são verídicas. Eu nunca mudei esse pensamento. Portanto, sou uma hipocrita por achar que só porque não vejo, não existe.

Até porque, em um momento da minha vida, eu acreditei em Deus, mesmo sem nunca vê-lo. E agora faz sentido toda aquela história de não ver, e sim sentir. Me sinto mais louca ainda com esse pensamento.

"É possível existir algo maior do que você e está tudo bem acreditar nisso", era o que Liz sempre me dizia, e eu nunca dei ouvidos.

— Por que você acredita em Deus? O que te leva a acreditar em algo tão grande assim? — ele tenta me analisar.

— Eu acredito em Deus porque desacredito de outra coisa. Tudo no mundo é perfeito demais! E eu não sou ignorante, eu leio sobre as coisas, eu já li a bíblia, eu pesquiso, Patrick — me ajeito na cadeira me sentindo tão desconfortável em me expor dessa forma — Pra mim é impossível que uma explosão tenha causado tudo isso, toda essa perfeição. Mas ok, se foi mesmo uma explosão, então ela aconteceu com que propósito? Você tem toda razão quando diz que não da pra viver sem acreditar em algo extraordinário, e eu sou a prova viva disso, porque mesmo não acreditando em nada eu tento achar propósito em tudo. Não é estranho?

Patrick fica pensativo e eu também. Por que fiz um desejo tão bobo se no fundo ele, de certa forma, já era real? Eu já acredito em algo extraordinário, e agora o universo está me forçando em acreditar em mais coisas, porque de fato este foi o meu desejo.

— Acho melhor irmos no castelo tentar entender melhor o que aconteceu — ele se levanta — antes que você tenha um piripaque.

— É uma boa ideia.

Me levanto também, mantendo meu olhar em Patrick. Ele se aproxima de mim de forma delicada e toca minha bochecha, mas logo repensa sua ação e coloca as mãos nos bolsos. Eu queria que ele não tivesse colocado as mãos nos bolsos, pois a sensação que seu toque me causa é quase maravilhosa demais.

— Você até agora não desmentiu toda essa loucura, então estou sendo obrigado a acreditar em você — ele diz, com humor — Então você não sabia quem eu era quando me beijou...

Tusso na hora, talvez pra disfarçar a vergonha que estou, coloco as mãos nas bochechas pra ele não ver que estou corando, mas ele está com um sorriso convencido na boca que me diz que ele já sabe. Então me rendo, batendo os braços ao lado do corpo, e reviro os olhos.

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