Capítulo 1: Focas de crista

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Bergen. Noruega

Dia 14/08/2016

_Ann acorda.

Ouvi uma voz me chamar de longe, encolho meu corpo e escondo meu rosto embaixo das cobertas. Espio por uma brecha e vejo que mal entrava luz do sol pela janela. E no relógio que havia em cima na minha mesinha de cabeceira, mostravam 5:04 da manhã. 

Gemo em protesto, era tortura acordar tão cedo.

Ouço a porta se abrir e logo volto a me esconder enquanto ela se aproxima da cama e se senta aos meus pés.

Com uma velocidade inesperada ela puxa as cobertas expondo meu corpo ao frio que vinha da porta aberta.

_Anda Ana seu pai já esta lá em cima só faltam você e o David.

Ela da um tapinha nos meus pés e vai até meu armário, começa a apanhar agasalhos e meias quentes para mim. Relutante me senteo na beira da cama e fito o vazio com uma pregiça enorme de me levantar.

Minha mãe se aproxima novamente de mime vendo que eu vagava com o os olhos, a mesma decide então estalar seus dedos em frente ao meu rosto para chamar minha atenção.

_Sonhando acordada filha?

Olho para ela emburrada.

_Primeiro eu teria que acordar para sonhar acordada mãe, e não, não acordei ainda.

Usando minha fala como desculpa, ela me encara com sorriso gentil que nunca deixa seus lábios e apanha minhas mãos me dirigindo até o pequeno banheiro.

_Pois isso se resolve com um banho, vamos pare de ser tão preguiçosa.

Erguo os braços em derrota, de nada adiantaria discutir com ela.

_Pronto viu só? Acordada, agora se você me der um pouco de privacidade.....

Ela caminha até a porta, e antes de fechar diz.

_Não ha nada ai que eu já não tenha visto um milhão de vezes querida.

E sai caminhando sorrindo e resmungando sobre ter me dado banho por anos. Não que isso significasse que eu gostaria que ela me visse nua agora.

Como alguém sequer consegue sentir alegria tão cedo? Eu mal sentia meu proprio rosto.

Me olho no espelho, meu rosto estava inchado, olhos vermelhos, e meus cabelos pareciam um ninho de passarinho em cima da minha cabeça.

E eu precisava mesmo de um banho. Ligo o chuveiro e me demoro em baixo d'água quente. Depois de me vestir traveo uma batalha para desembaraçar meus cabelos, acabo optando por um coque mal feito, calço minhas botas e saio para encarar o vento gélido da manhã.

Encontro meu pai no meio das escadas a caminho da cabine principal.

_Bom dia raposinha, preparada para mais um dia?

O encaro do jeito mais desanimado que pude, o que o fez rir de mim.

_Bom, pois eu estou com um pressentimento ótimo, hoje nós vamos encontrá-las querida, estou sentindo.

Ele vem todo sorrisos e da um beijo em minha testa e vai para a cabine realizar a checagem dos equipamentos.

Na cabine haviam três cadeiras postas a frente de três monitores, um para cada um de nós.           
E em cima das mesas um bagunça imensa de papéis por todos os lados, afasto um bocado deles para longe do meu monitor, e me sento na cadeira já um tanto poída. No cantinho havia um prato coberto por um paninho bordado de algodão, renovo o delicado tecido e encontro uma caneca de chá fumegante e uma boa dúzia de pães de queijo, apanho dois pequenos pãezinhos coloco eles na boca de uma vez só, dou um bom gole no meu chá e me alongo para expulsar o restante de preguiça que havia se grudado em mim. 

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