Capítulo 4: Visita inexperada

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A movimentação era grande para sair, todos tínhamos coisas que queríamos fazer em terra firme, mas a ideia de um jantar em família animou meus pais muito mais do que o esperado. Enquanto todos iam se arrumando eu já pronta fui até o fosso da popa e observei a água, mas ainda não havia nada, eu estava frustrada mas reuni toda a loucura emocional em que eu estava e fui de encontro aos outros.

Exatamente as quatr horas, nossa lancha seguia em direção ao píer localizado em Bergen.
Lá conversamos com os responsáveis por todas as embarcações ancoradas, e fomos passear pela cidade.

Devo admitir que me diverti bastante, David nos acompanhou por todo o dia e fizemos compras, reabastecemos tudo, e no fim do dia jantamos em um restaurante pitoresco na orla. Comemos, bebemos, e conversamos, mas minha mente não parava de girar em torno da criatura que meu pai viu, e agora eu me sentia ansiosa sempre que o assunto era tocado, ja que agora eu era testemunha viva de que meu pai não era nada louco.

Eu só tinha um pensamento, precisava vê-lo de novo, o que faria quando o achasse? Não fazia ideia, mais precisava tentar.
Quando vooltamos para o barco já era madrugada e todos riam animados com o dia que tivemos, comentando sobre como a cozinheira do restaurante aparecia a cada poucos minutos para dar bronca no rapaz gordinho que anotava os pedidos, provavelmente seu filho, ela até o acertou com um pano uma vez, e todos rimos quando David nos lembrou da cena.

_Hoje foi tão bom, deveríamos fazer isso mais vezes, não é raposinha?

_Claro pai eu adoraria, a gente devia marcar dias específicos pra vir toda semana o que acham?

Minha mãe sorriu e acenou me dando um beijo.

_Eu acho um ótima ideia não é mesmo querido?

_Sim eu concordo, deveríamos mesmo.

Todos foram na frente preparando tudo e eu fiquei ali parada encarando a praia. Rezando a qualquer força divina que me ajudasse a encontra-lo.





Como já era tarde, todos foram dormir, aproveitei para me aprontar o máximo que pude.
Vesti roupas de mergulho e muitos agasalhos, por precaução levei um canivete, fui até a amura no exato lugar que entes me sentei e esperei.

Uma hora se passou e nada havia contecido, estava começando a achar que teria que entrar na água e meu corpo tremia só de pensar na ideia. Mais alguns minutos haviam se passado quando notei a água se mexendo a minha esquerda.

 Me levantei e fui seguindo a pequena elevação que se movia até a popa do barco, desci no fosso e me ajoelhei na beirada com a mão firme no canivete dentro do meu bolso.

Eu podia velo nadando para lá e para cá debaixo d'água e senti meu coração acelerar eu nao estava louca, ele era real e estava ali.
Depois de um tempo percebi que ele não iria subir, estava seguro lá em baixo, mas eu queria vê-lo de perto tirar algumas fotos e sei lá mais o que eu queria, mas queria que ele subisse até aqui.
Uma ideia surgiu em minha mente e muito relutante soltei o canivete e me preparei mentalmente para o que eu estava prestes a fazer, minhas pernas tremiam tanto que nem ao menos considerei ficar em pé, iria cair com certeza.

"Ele não me devorou da última vez, pelo amor de Deus que não faça isso agora."

Retirei minhas luvas e com muito medo mesmo, coloquei as duas mãos dentro d'água e comecei a chacoalha-las bem devagarzinho, o frio fazia com que meus dedos doecem, permaneci com os olhos fechados todo o tempo, pensando que seria melhor assim.

Até que mão frias e muito grandes tocaram as minhas, e nossos dedos se entrelaçaram, quando abri meus olhos ele estava lá, metade do corpo fora d'água e a calda imersa, aqueles olhos imensos me encarando sem piscar.

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