Capítulo 2: A descoberta

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O dia não começou tão cedo quanto o anterior, e para minha alegria não estava tão frio, preparei para mim mesma uma xícara de café e fui até o conves arrastando os pés pelo caminho.
Encontrei todos já de pé e meu pai se preparando para descer na Marilyn.

(Marilyn era o mini submarino do meu pai.)

_Bom dia querida.

Fui até eles e dei um beijo em cada um suas bochechas estavam tão quentinhas que queria ficar ali abraçadinha por mais tempo, mas logo nos desgrudamos e o frio voltou a me atingir.

_Espero que estejamos na pista certa, não vejo a hora de voltar para casa, até meus pensamentos congelam nesse lugar.

Meu pai ri e afaga minha cabeça bagunçando meu cabelos que ja não estavam tão em ordem assim.

_Mas querida, você nem entra na água, devia agradecer que não vai descer na Marilyn, lá embaixo sim é frio.

_Ainda bem que sabe nunca vou descer lá embaixo, com ou sem submarino.

Ele me olhou de canto de olho apontando para o mini submarino com um sorriso divertido nos lábios.

_Você não sabe o que esta perdendo.

Sempre que meu pai mencionava o mar seus olhos brilhavam e ele ficava com essa cara de bobo. E eu sabia, era um olhar de paixão, ele realmente amava o mar, toda vez que ele descia e via qualquer cardume de peixes ou o mais simples coral ele voltava assim, dependendo do que via até chorava e essas vezes eram hilárias e eu fazia questão de fotografar tudo para usar para provoca-lo hora ou outra.

Fiquei ali encostada no corrimão da escada olhando meus pais cuidadosamente descerem Marilyn até o nível da água e quando tudo estava pronto fui arrancada de meus devaneios por meu pai estalando os dedos para chamar minha atenção, sem perder a oportunidade falei.

_E a proposito sei bem o que estou perdendo, ser engolida por uma baleia igual ao Gêpeto. Muito obrigada mais eu prefiro viver.

Ele riu alto e se virou para mim desafiador.

_Em primeiro lugar o Gêpeto que entrou na boca da baleia a pobre não teve a menor culpa, e segundo você não tem cara de krill então está segura.

_Mesmo assim não quero correr o risco, vou subir para preparar tudo.

Minha mãe que ficara de fora da conversa até agora usou essa pausa na trocarão de farpas e falou alto.

_Querida, de um grito quando estiver tudo liberado para descermos.

Dei um ¨jóinha¨ enquanto subia até a cabine de controle, passei alguns minutos ajustando tudo para que não houvessem incidentes e depois de um tempinho minha mãe apareceu por lá.

_Ann querida, assim que seu pai descer você me envia légua por légua a posição dele pelo radio que eu vou acompanhar de cima com a lancha caso elas subam até a superfície.

Acenei e já deixei o radio ligado e preparado.

_David vai comigo para me ajudar com as EDIs (etiquetas de identificação), você acha que consegue se virar sozinha hoje?

_Claro mãe pode descer, se houver algum problema chamo no rádio.

Depois de mais ou menos meia hora todos já haviam saído e eu fiquei sozinha monitorando as imagens do sonar. Era um dia como os outros sem movimentação nenhuma, sem nada pra fazer, só um pacote de docinhos e os "bips" que todos os aparelhos faziam.
Logo o serviço monótono se tornou um tédio tão grande que me peguei vendo vídeos e jogando paciência, checando de meia em meia hora tudo que acontecia e passando de vez em quando a localização mais exata pelo radio para minha mãe..

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