_Como assim todo mundo?
Senti o peito se apertar, como se houvesse levado um soco.
_ A marinha, jornalistas, todo mundo, por isso eu demiti o David, ele mandou aquelas fotos para todo mundo, devem estar vindo para cá agora.
Minha cabeça começou a girar e precisei me sentar por um instante, meus país se juntaram a mim no chão, apertei minha cabeça com as maos e deitei sobre os joelhos, era tudo culpa minha, eu havia posto Crail e todos os outros em perigo, agora preciso fazer alguma coisa.
Então como uma luz, uma ideia me ocorreu. Comecei a descer até minha cabine.
Meus pais vieram atrás de mim me fazendo perguntas que eu não prestava a menor atenção, eu tinha que ser rápida agora.
Apanhei minha roupa isolante e fui para o banheiro me trocar. Quando sai os dois ainda estavam lá._Pai eu preciso de um tanque, preciso descer até lá, avisar a ele, que leve todos pra longe.
Seus olhos se arregalaram, devia achar que eu era louca.
_Mais você nunca mergulhou filha, é perigoso, você nem saberia como começar.
_Você me da uma aula rápida, o resto eu me viro.
Ele protestou por um tempo mais logo desistiu, olhei para minha mãe e com os olhos lhe disse que tinha que fazer aquilo, implorando para que me ajudasse.
Ela acenou com a cabeça e correu até o depósito, voltou alguns minutos depois com o equipamento de mergulho que na verdade era só uma mochila com um tanque de ar, que duraria aproximadamente 1 hora e o Snorkel.
Levei alguns minutos até me preparar e estava pronta para descer.
Me sentei na amura, no mesmo lugar daquela noite e encarei a água, eu estava com um frio na espinha terrível e um embrulho no estomago.
Colocar os pés e até as pernas era uma coisa, ainda mais com Crail de vigia, agora mergulhar, entrar mesmo na água, era aterrorizante.Mais eu precisava, e eu iria.
Me permiti apenas um segundo de medo, posicionei o regulador na boca e pulei.Meu pai me avisou para descer devagar, e assim eu o fiz, não sabia como encontrá-lo nem onde procurar e tudo estava escuro no fundo apesar da luz do dia. Por sorte havia uma lanterna de longo alcance em baixo do barco e meu pai a acendeu para me ajudar. Com o caminho iluminado comecei a nadar, ou ao menos tentar. Depois de pegar um ritmo minimamente aproveitável comecei a olhar em volta. E meu pai tinha razão, era lindo aqui em baixo, milhares de cores e diferentes peixes até estrelas do mar era visíveis em algumas elevações do solo. Eu poderia passar horas admirando tudo, mais não hoje, não agora.
Agora eu tinha que achar meu amigo.Eu não sabia como a ligação funcionava, mais bem dentro da minha mente, chamei por ele, na esperança que ele pudesse me ouvir. Continuei em frente por mais 20 minutos e nem um sinal dele, resolvi descer mais fundo, mesmo estando muito mais escuro lá embaixo, quando estava atingindo o fundo vi de relance sua calda, meio escondida entre alguns corais e rochas, meu coração quase explodiu de alivio, fui em direção a ele meio atrapalhada, mais quando me aproximei o bastante para vê-lo inteiro, no mesmo instante percebi que não era Crail, por mais impossível que pareça ele não era em nada parecido com Crail, seu corpo era muito maior e musculoso e seu rosto era rígido e fechado, não, com certeza era um dos irmãos de Crail, e quando me notou ali tão perto dele, se virou na minha direção e apontou uma grande lança de narval para mim.
"Merda."
Comecei a me debater na direção contraria o mais rápido que pude, eu já não havia nadado muito bem até agora, e fugindo então ficara ainda pior.
Senti uma dor terrível em minha coxa direita, logo depois vi o sangue, e uma lança atravessando a lateral da coxa, comecei a me desesperar e me sufocar com a mascara, me virei para encarar minha morte mais fui agarrada pela cintura e arrastada para longe a uma velocidade enorme.
Chegamos a superfície e me virei já sabendo quem havia me salvado, dei de cara com Crail, retirei o equipamento e deixei a mochila com o tanque afundar e o abracei com força.
Minha respiração estava irregular e meus pulmões ardiam. Depois de vários segundos abraçados me afastei dele e comecei a empurralo para o fundo._Crail você tem que ir...
_Ana.
Minha mãe estava gritando meu nome de longe, mais não tive tempo de responder.
Crail foi preso por um tipo de laço em seu pescoço e começou a ser puxado para cima, a menos de 2 metros havia um grande navio pesqueiro, com homens gritando e jogando redes.
Me segurei em seus ombros e lutei contra a corda, puxei com todas as forças mais era inútil era um cabo resistente.
Olhei para lança em minha perna e me permiti apenas um segundo de hesitação, arranquei a lança e um grito engasgado se formou em minha garganta, a dor era excruciante, minha visão começou a embaçar pela perda de sangue, mas agora não era hora para desmaios, apertei bem fime os olhos e comecei a cortar o fio, a dor pulsava como fogo em minha perna ja começava a me arrastar a cada minuto para mais próximo da inconsciência, começamos a ser içados para cima, não me restava muito tempo, e eu podia gritar para eles que não fizessem aquilo, que por favor o deixassem ir, mas ninguém me ouvia, quando faltava menos de um metro para entrarmos no navio senti apenas um fino fiozinho mantendo Crail preso, e quase gritei de alegria quando ouvi o barulho do fio rompendo, no mesmo instante, Crail me segurou pela cintura e batemos com forca na água. Ele estava cinza todas suas cores estavam sumindo seu ombro sangrava, e percebi que muito provavelmente eu o havia cortado._Crail me perdoa, nunca foi minha intenção te machucar...
Não havia tempo para se recompor ele me montou em suas costas entrelaçou minhas pernas em sua cintura e nadou para longe.
Eu havia perdido muito sangue e minha perna queimava.
O sal da água cortava meu rosto com a velocidade e minha consciência foi se esvaindo e tudo começou a ficar escuro.
Só tive tempo de chamar seu nome antes de desabar na água.

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Mermaids
FantasyA cada onda uma duvida. Conhecemos de verdade o que a escondido no mar?