SOL

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SOL

Abri os olhos encarando o teto e sentindo uma lágrima no canto do olho. Danilo poderia não saber, mas aquela noite mágica ― a melhor noite que já tive em toda minha vida ― estaria marcada para sempre na minha memória. Eu nunca esqueceria de quem tinha me mostrado como amar não dói tanto fisicamente como eu achei que doía. Infelizmente, doía psiquicamente.

Porque eu sabia que aquela noite era a nossa despedida. E sabia que era necessário deixar Danilo livre. Ele não merecia ter que escolher. Eu não podia fazer isso com ele. Coloquei o vestido da noite anterior enquanto saía de fininho do quarto. Danilo dormia calmamente na cama, a coberta tampando somente a cueca box e deixando o peito desvelado.

Eu não consegui desviar o olho, prestando atenção em seus detalhes tão tranquilos, na face calma que dormia. Os olhos fechados, o cabelo levemente despenteado, a beleza que não poderia mais por mim ser desejada. Eu sentiria falta daqueles braços que me protegiam. Mas sabia que tinha que ir embora. Antes que ficasse difícil demais para que nós dois conseguíssemos nos desviar de uma possível queda vertiginosa e sem volta. Eu deveria dar o primeiro passo.

Eu já tinha deixado minhas coisas arrumadas no escritório. Duas malas de rodinha que precisei levantar para colocar para fora do apartamento para não acordar Danilo. Eu era covarde, eu sei. Não queria olhá-lo e ter que explicar tudo que passava em minha mente. Era melhor que não houvesse palavras. Que voltássemos a relação cliente educador financeiro enquanto havia possibilidade.

Depois de duas viagens de elevador e um pedido de Uber, me vi em frente ao meu prédio. A tristeza estava nos meus olhos. Mas eu sabia que era necessário. Suspirei enquanto entrava no meu apartamento. Ele estava vazio, como esperado.

O cheiro de poeira parada era perceptível, mas a sensação de que faltava algo era ainda pior. Talvez porque eu estivesse acostumada ao apartamento pequeno de Danilo e agora teria que encarar aquele apartamento gigantesco. E que de alguma forma não me tocava, não me trazia alegria. Era só vazio.

Em algum momento da manhã enquanto eu lembrava da bela noite anterior, meu celular começou a tocar. Era Danilo. Era óbvio que era ele. Respirei fundo. Precisava ser uma artista naquele momento de dor, porque se mostrasse que sentia falta dele, certamente meus planos não dariam certo.

― Oi Dan! ― Disse fingindo falsa alegria. Eu me odiava ainda mais naquele momento.

― Oi Sol! Porque você não tá aqui? Aconteceu alguma coisa? ― Ele perguntou preocupado e eu voltei minha atenção para a mesa da sala cheia de pó.

― Você não acredita! Minha luz voltou! Eba! E como eu não queria que você ficasse de saco cheio de mim, eu voltei para o meu ap! Estou tão feliz em ter meus armários de volta! ― Disse e revirei os olhos. Eu estava me machucando ainda mais com a voz fingida de pura alegria.

― Ah... entendi. Mas você podia ficar aqui... ― Ele realmente parecia meio tímido ao dizer isso.

― Para você enjoar de mim? Não não. Aqui é melhor. Fora que tenho espaço. ― Disse fazendo Danilo rir. Talvez a minha frase tenha dado esperança para ele de achar que "enjoar de mim" era um modo de dizer que ainda poderíamos ficar juntos carnalmente. E eu sabia que não podia cortar as raízes tão rapidamente. Então permiti que ele pensasse o que fosse. Logo eu me estruturaria e poderia terminar com a educação financeira.

― Bem. Tudo bem. Tenho novidades. ― Danilo fez uma pausa. ― Eu entrei com um advogado na sua causa e ele pediu uma audiência com o juiz que foi marcada para amanhã. Provavelmente em questão de dois, três dias, vocês serão intimados e finalmente a questão da empresa será posta em pauta. ― Disse Danilo e eu sorri.

― Aaah! Fico muito feliz! ― Disse sorridente. De fato, tirar as asinhas de Caio me fazia ficar feliz. ― Então, eu vou desligar que vou encontrar com minha irmã e depois do almoço com a Lara. Bom almoço para vocês. ― Disse apenas para conseguir desligar o mais rápido possível.

― Tá bom. Até. ― Ele disse e eu desliguei.

Fiquei olhando para o celular e me sentindo destruída. Pior do que se sentir traída, era gostar da pessoa errada. Danilo era inatingível, disse para mim mesma. Eu não ia encontrar com minha irmã. Ela nem morava na mesma cidade que eu. Mas Danilo não precisava saber que ela continuava em Metiola. Era melhor para nós dois.

Decidi começar a traçar planos para quando eu tivesse a empresa novamente e fui atrás de livros para estudar. Era o melhor que eu podia fazer naquele momento que estava com o coração em retalhos. 

*~*~*

Oi povo! Sentiram minha falta???

Pois bem... Eu não tinha cabeça para postar enquanto o SISU estava aberto... Me desculpem! É que nunca fiquei tão perto... E isso me despedaçou de certa forma também, sabe? Porque justo o ano que eu consigo ir melhor... As notas parecem que aumentaram exponencialmente enquanto a minha anda em progressão aritmética hahahha....

Mas não vou desistir. Não sei se será suficiente para FIES, se for, eu vou fazer e é isso. Depois me preocupo com a dívida de meio milhão que vou contrair... Mas daí também tenho que esperar que o povo das notas altas não queira vir para o Sul de Minas... Enfim... Agora minha vida está uma montanha russa. Se nada disso der certo, estou preparada para voltar a estudar mais um ano. Mas mudando o assunto chato, só queria dar uma explicação se por acaso eu pareci - e talvez possa continuar parecendo - meio ausente. 

Mas vida que continua =) 

Agora vamos aproveitar as férias e postar mais capítulos hahaha

Muito obrigada a todos que me deram e continuam dando apoio! Meu, eu só tenho a agradecer. Pq quando a depressão meio que bate, eu lembro que tenho um dever com vocês e isso me faz me reerguer e sair do fundo do poço. Muito obrigada por tudo <3

Até amanhã que terá mais capítulos =)

Bjinhoos

Diana.


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