Capítulo 5

109 6 1
                                    

9 dias para o casamento.

No dia seguinte, Lucile e Benjamin se encontraram com René no restaurante do hotel, um pouco antes do café da manhã. Na esperança de ter um dia extremamente bem sucedido, René estava moderadamente mais arrumado e ouviu Lucile contar sobre sua conversa com Emma na noite anterior.

– Enviei uma mensagem para ela ontem, sabe? – informou, sentando-se em uma mesa perto da janela, o mais longe possível de todos que também aguardavam pela comida. Lucile usava um óculos de sol. Odiava manhãs, deprimiam-na pelo simples fato de quase sempre ter uma hora para acordar. – Fiz de acordo, chamei-a para dar um passeio comigo e, bem, você aparece, René.

– Espere – Benjamin a interrompeu, suas sobrancelhas agora estavam arqueadas e ele articulava com as mãos ligeiramente. – E em que parte eu entro?

– Do que você está falando? – Lucile adotou um tom que para Pavard soou como praticamente perguntar se ele estava enlouquecendo, o que o deixou um pouco irritado. – Nunca incluímos você no plano.

– Como não? – seu olhar vagou até achar os olhos envergonhados de René. – Falamos como atrairemos Emma, onde é o passeio, a paisagem, o possível beijo... – e, de acordo com a revisão do plano sendo dita, a voz dele foi sumindo para dar lugar a uma ligeira compreensão de que, realmente, seu nome não havia sido tocado em um minuto sequer. – Eu não acredito! Vocês me enganaram!

– Ora, Ben, vamos, está tudo bem, você já ajudou demais.

– Mas eu quero ajudar mais, Lucile.

– Querer não é poder.

– Você é implicante assim por prazer?

– Não, eu...

– Lá vem ela! – René praticamente gritou, agradecendo mentalmente que a garota chegara na perfeita hora de interromper uma briga entre Lucile e Benjamin. Ele reparou que Emma estava um pouco mais bronzeada agora que usava um vestido de ombro a ombro e a marca do biquíni era mais visível. Embora René fosse o primeiro em seu caminho, Emma contornou a mesa até chegar em Lucile.

– Luci! – ela abraçou Deschamps com um enorme sorriso no rosto. – Que surpresa sua mensagem de ontem! Mas estou ansiosa com nosso passeio – ela se afastou um pouco e olhou para Benjamin e René, lançando-os um sorriso e sentando na cadeira vaga ao lado de René e de frente para os outros. – Vocês também vão conosco?

– Sim.

– Não – Benjamin disse, mas Emma reparou que sua frase soou mais como um resmungo.

– Ah... mas por quê?

– Nossa, que fome – Lucile falou, antes que Pavard sequer emitisse qualquer resposta. – Ele vai sair com Anne, não é, Ben? – sua pergunta havia sido notoriamente retórica, o que deixou Benjamin ainda mais irritado e o pior: com ainda mais vontade de ir ao passeio. Os funcionários do restaurante começaram a pôr o café da manhã na mesa, o que demorou alguns minutos até que Benjamin puxasse Lucile para buscar sua comida. – Me puxou para quê?

– Como você é inocente, Lucile – ela rolou os olhos e mexeu a perna, trocando de posição e ainda encarando o jogador. – Para eles ficarem sozinhos um pouco, óbvio. Olhe, Emma não se sente confortável perto dele ainda.

– Óbvio, mal se falaram desde que chegaram aqui.

– Então dê espaço para isso agora – Benjamin começou a preencher seu prato, mas parou quando olhou de esguelha para a garota ao seu lado e ela sorria enquanto o observava. – O quê?

– Estou admirando seu momento romântico. Sério, que fofo, Ben. Foi uma ótima ideia! – Ela saiu com um sorriso enorme aberto em seu rosto, deixando Benjamin para trás, estático com as palavras que acabaram de sair de sua boca. Ela o achava fofo. Honestamente, ele não gostava muito desse adjetivo, costumava pensar que era como garotas que não estavam interessadas chamavam um garoto. Mas, caramba, o olhar dela enquanto ela pronunciava essas palavras. Lucile parecia uma criança admirando doce quando falava de algo com tanta admiração ou paixão, como fizera segundos atrás e era o que o deixava mais confuso: com qual dos dois sentimentos ela disse aquilo? Admiração ou paixão? Bem, o que quer que seja, ela teve aquele olhar cujo tanto admirava voltado e direcionado exclusivamente para ele. Benjamin sabia que seus pensamentos poderiam ser confundidos com um garoto de dez anos, mas acreditava que, de qualquer forma, era esse o pedaço de Lucile que mais gostava: a ingenuidade infantil dela. E era por isso que faria o que estava prestes a fazer.

Sponsored by AphroditeOnde histórias criam vida. Descubra agora